Mistérios Bíblicos: Como sei que Jesus me ama?




  • O amor de Jesus na Bíblia é descrito como profundo, pessoal, incondicional e demonstrado através de sacrifícios, parábolas e uma perseguição persistente de indivíduos.
  • Os crentes podem experimentar o amor de Jesus através da oração, meditação, gratidão, atos de serviço, receber sacramentos e reconhecê-lo nas bênçãos diárias.
  • O Espírito Santo desempenha um papel crucial para fazer sentir o amor de Jesus, atuando como guia, intercessor e capacitando os crentes para encarnarem e partilharem este amor.
  • Mesmo no sofrimento e na dúvida, o amor de Jesus permanece firme, proporcionando conforto e incentivando os crentes a manterem a fé, o apoio da comunidade e as práticas espirituais.

O que diz a Bíblia sobre o amor de Jesus pelas pessoas?

A Bíblia fala abundantemente do amor profundo e pessoal de Cristo por cada um de nós. Este amor não é abstracto ou distante, mas íntimo e transformador. No Evangelho de João, ouvimos Jesus dizer: «Assim como o Pai me amou, também eu vos amei a vós» (Jo 15, 9). Isto revela a natureza divina do amor de Cristo – que flui do próprio coração da Trindade.

O apóstolo Paulo expressa lindamente a natureza abrangente deste amor em sua carta aos Romanos: «Porque estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os demónios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra coisa em toda a criação, nos poderão separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor» (Romanos 8:38-39). Vemos aqui que o amor de Cristo é incondicional e inquebrável.

Nas parábolas, Jesus muitas vezes usa imagens ternas para transmitir seu amor. Ele é o Bom Pastor que deixa os 99 para encontrar a única ovelha perdida (Lucas 15:3-7). Ele é o Pai que corre para abraçar o filho pródigo (Lucas 15:11-32). Estas histórias revelam um Deus que nos persegue com afeto implacável.

A última demonstração do amor de Cristo, é claro, é a cruz. «Ninguém tem mais amor do que isto: dar a vida pelos amigos» (João 15:13). A morte sacrificial de Jesus mostra até onde vai o amor divino por nós. Este amor não é ganho, mas dado livremente: «Mas Deus demonstra o seu próprio amor por nós: Embora ainda fôssemos pecadores, Cristo morreu por nós» (Romanos 5:8).

A Bíblia nos assegura que somos individualmente conhecidos e acarinhados por nosso Salvador. Como o salmista escreve, Ele gravou-nos nas palmas das suas mãos (Isaías 49:16). Confortemo-nos neste amor poderoso e pessoal que nos procura e nos chama pelo nome.

Como posso experimentar pessoalmente o amor de Jesus na minha vida quotidiana?

A experiência do amor de Cristo não está reservada apenas aos místicos ou aos santos – é um direito de nascença de todos os crentes. No entanto, devemos abrir nossos corações para receber este amor, assim como abriríamos as cortinas para deixar entrar a luz do sol.

Cultive um hábito de oração e meditação nas Escrituras. Passe o tempo todos os dias em silenciosa comunhão com o Senhor. Ao lerdes a Sua Palavra, deixai-a falar ao vosso coração. Quanto mais mergulhamos na presença de Deus, mais sintonizados ficamos com a sua voz e o seu amor.

Pratique a gratidão e a atenção plena. Durante todo o dia, faça uma pausa para notar as pequenas bênçãos: um belo pôr do sol, uma palavra gentil de um amigo, um momento de paz. Estas são notas de amor de Jesus, se tivermos olhos para vê-las. Como ensina Santo Inácio, podemos encontrar Deus em todas as coisas.

Envolva-se em atos de serviço e compaixão. Quando amamos os outros, participamos no amor de Cristo. Como disse Madre Teresa: «Vejo Jesus em todos os seres humanos. Digo a mim mesmo: este é Jesus faminto, devo alimentá-lo. Este é Jesus doente. Este tem lepra ou gangrena. Tenho de o lavar e cuidar dele. Eu sirvo porque amo a Jesus.»

Buscai Cristo nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia. Aqui encontramos Jesus de uma forma poderosa e íntima. Permita-se ser preenchido com a sua presença e amor.

Por fim, seja paciente e gentil consigo mesmo. O amor de Deus não é conquistado pela nossa perfeição, mas livremente dado na nossa fraqueza. Quando tropeçardes, voltai-vos à Sua misericórdia. À medida que praticas a abertura do teu coração, podes descobrir que a consciência do amor de Cristo cresce gradualmente, como uma luz nascente.

Lembre-se de que experimentar o amor de Deus é simultaneamente um dom e uma prática. Seja fiel em procurá-lo, e confie que Ele está sempre à sua procura. "Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós" (Tiago 4:8).

Quais são os sinais ou manifestações do amor de Jesus na vida de um crente?

O amor de Jesus, quando se enraíza no nosso coração, não pode deixar de dar fruto na nossa vida. Como um grande rio, flui através de nós e nutre tudo o que toca. Consideremos algumas das formas como este amor divino se manifesta.

Vemos uma capacidade crescente para o próprio amor. Como escreve São João, «Amamos porque Ele primeiro nos amou» (1 João 4:19). Um crente tocado pelo amor de Cristo encontra o seu coração a expandir-se, capaz de amar mesmo aqueles que são difíceis ou diferentes. Este amor expressa-se na paciência, bondade e perdão.

Outro sinal é uma alegria profunda e permanente. Esta não é mera felicidade dependente das circunstâncias, mas uma fonte de alegria que persiste mesmo nas provações. Como Jesus prometeu: «Disse-vos isto para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa» (João 15:11).

Vemos também uma paz crescente – tanto a tranquilidade interior como o desejo de ser um pacificador no mundo. O amor de Cristo acalma as nossas ansiedades e dá-nos um fundamento seguro. «Deixo-vos a paz; a minha paz vos dou" (João 14:27).

O amor de Jesus manifesta-se muitas vezes como paixão pela justiça e compaixão pelos que sofrem. Aqueles que experimentaram o amor de Deus são levados a partilhá-lo com outros, especialmente os marginalizados e esquecidos.

Outro sinal é a crescente libertação da tirania do pecado e do egocentrismo. O amor de Cristo liberta-nos para vivermos mais plenamente para Deus e para os outros. "É pela liberdade que Cristo nos libertou" (Gálatas 5:1).

Podemos também notar um aprofundamento da vida de oração e a fome pela Palavra de Deus. O amor de Cristo leva-nos a uma comunhão mais íntima com Ele.

Finalmente, vemos o fruto do Espírito desenvolver-se: «o amor, a alegria, a paz, a tolerância, a bondade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio» (Gálatas 5:22-23). Estas qualidades surgem não apenas através do nosso próprio esforço, mas como um resultado natural do amor de Cristo que trabalha em nós.

Lembre-se de que estes sinais podem aparecer de forma gradual e imperfeita. Todos somos obras em andamento. A chave não é a perfeição, mas a direção – estamos a crescer, ainda que lentamente, no amor e na semelhança com Cristo?

Como Jesus demonstra o seu amor por nós através dos seus ensinos e parábolas?

Os ensinos e parábolas de Jesus não são meras instruções morais, mas janelas para o próprio coração de Deus. Através deles, vemos a profundidade e a amplitude do amor divino que se estende para abraçar a humanidade.

Considere a parábola do Filho Pródigo (Lucas 15:11-32). Aqui vemos um pai que não só perdoa seu filho rebelde, mas corre ao seu encontro, abraçando-o com alegria. Esta é uma imagem poderosa do amor ansioso e incondicional de Deus por nós, mesmo quando nos afastamos dEle.

Na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37), Jesus expande a nossa compreensão do amor ao próximo para além das fronteiras culturais e religiosas. Isto ensina-nos que o amor de Deus não conhece limites e chama-nos a uma compaixão radical e inclusiva.

As parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida (Lucas 15:1-10) revelam um Deus que procura ativamente os perdidos, regozijando-se quando são encontrados. Isto demonstra o amor pessoal e persecutório de Cristo por cada alma individual.

O ensinamento de Jesus sobre a oração encoraja-nos a aproximarmo-nos de Deus como um Pai amoroso. «Se vós, pois, embora sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas dádivas aos que lho pedirem!» (Mateus 7:11). Isto convida-nos a uma relação íntima e confiante com Deus.

No seu Sermão da Montanha, Jesus chama-nos a amar até os nossos inimigos (Mateus 5:43-48). Este ensinamento radical reflete a própria natureza do amor de Deus – gracioso, imerecido e estendido até àqueles que O rejeitam.

A imagem de Jesus como o Bom Pastor (João 10:11-18) retrata um amor terno e protetor que está disposto a sacrificar tudo pelo amado. «Sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.»

Ao longo do seu ministério, vemos Jesus aproximar-se constantemente dos marginalizados – os doentes, os pobres, os marginalizados. Isto demonstra a especial preocupação de Deus com os vulneráveis e desafia-nos a fazer o mesmo.

O que ensinaram os Padres da Igreja sobre a natureza e a garantia do amor de Jesus?

Santo Agostinho, nas suas Confissões, fala do amor de Deus como íntimo e vasto: «Mais tarde te amei, ó Beleza sempre antiga, sempre nova, mais tarde te amei! Tu estavas dentro de mim, mas eu estava fora, e foi lá que te procurei.» Isto lembra-nos que o amor de Cristo está sempre presente, à espera que nos voltemos para dentro e o reconheçamos.

São João Crisóstomo salienta o poder transformador do amor de Cristo: «Quando amamos a Cristo, seremos libertados dos nossos pecados, cheios de paz e alegria.» Ele ensina que a garantia do amor de Deus passa por viver esse amor nas nossas próprias vidas.

Clemente de Alexandria fala do amor de Deus como educativo e formativo: «Para o bem de cada um de nós, deu a sua vida – que vale nada menos do que o universo. Ele exige de nós, em troca, a nossa vida para o bem uns dos outros.» Isto mostra-nos que o amor de Cristo não é meramente reconfortante, mas nos chama ao crescimento e ao dom de si.

São Irineu disse famosamente: «A glória de Deus é o homem plenamente vivo». Isto sugere que podemos ter a certeza do amor de Cristo quando nos encontrarmos mais plenamente humanos, mais vivos para os propósitos de Deus para nós.

Santo Atanásio ensina que o amor de Cristo é deificante: «O Filho de Deus fez-se homem para que pudéssemos tornar-nos Deus.» Esta declaração poderosa recorda-nos que Jesus nos ama não só como somos, mas como nos devemos tornar.

Orígenes fala do amor de Deus como cura: «O próprio trabalho de Jesus foi a cura e a restauração dos que nele acreditavam.» Podemos ter a certeza do amor de Cristo à medida que experimentamos o seu toque curativo nas nossas vidas.

Os Padres da Igreja nos ensinam consistentemente que o amor de Cristo não é um conceito teológico distante, mas uma realidade viva a ser vivida e encarnada. Eles nos encorajam a buscar este amor através da oração, das Escrituras, dos sacramentos e do serviço amoroso aos outros. Ao fazermos isso, crescemos na certeza de que somos mantidos no abraço eterno de Cristo.

Como é que a oração e a meditação nos podem ajudar a sentir-nos mais ligados ao amor de Jesus?

A oração e a meditação são dons poderosos que nos permitem abrir nossos corações e mentes ao amor ilimitado de Cristo. Através destas práticas espirituais, criamos um espaço sagrado para encontrar Jesus intimamente e sermos transformados pela sua terna misericórdia.

Na oração, entramos em diálogo com o nosso Senhor, derramando as nossas esperanças, os nossos temores e os nossos anseios. Ao falarmos com Jesus das profundezas do nosso ser, também aprendemos a ouvir – a acalmar os nossos pensamentos acelerados e a sintonizar o nosso espírito com a sua voz suave. Quanto mais conversamos com Cristo na oração, mais chegamos a conhecer o seu coração e reconhecer as inúmeras formas como ele expressa o seu amor por nós a cada dia.

A meditação, por sua vez, convida-nos a deter-nos profundamente nas verdades da nossa fé – a ponderar os Evangelhos e a permitir que as palavras e as ações de Jesus penetrem nas nossas almas. Ao meditarmos no amor sacrificial de Cristo manifestado na cruz, na sua compaixão pelo sofrimento, no seu perdão dos pecadores, somos gradualmente conformados à sua imagem. As nossas mentes renovam-se e os nossos corações expandem-se para receber mais plenamente o amor que ele tanto deseja esbanjar sobre nós.(Péri-Nagy, 2017, pp. 105-119)

Tanto a oração como a meditação cultivam em nós aquilo a que os grandes mestres espirituais chamam «recolha» – uma consciência permanente da presença de Deus. À medida que nos envolvemos fielmente nestas práticas, desenvolvemos novos sentidos espirituais para perceber a proximidade e o afeto de Cristo ao longo da nossa vida quotidiana. Uma flor perfumada, uma palavra amável de um estranho, um momento de paz inesperada em meio a turbulências – tornam-se janelas através das quais vislumbramos o terno cuidado de Jesus.

A oração e a meditação não são meros esforços humanos, mas são dons da graça. O Espírito Santo intercede por nós e em nós, mesmo quando nos faltam as palavras para expressar os anseios do nosso coração (Romanos 8:26-27). À medida que perseveramos na oração e na meditação, cooperamos com a obra do Espírito de nos atrair cada vez mais para o abraço do amor divino (Dermawan, 2021).

Como se relaciona o conceito de graça com o amor de Jesus pelos pecadores?

O conceito de graça está no cerne do Evangelho e revela as profundezas surpreendentes do amor de Jesus pelos pecadores. A graça, em sua essência, é o favor gratuito, imerecido e o amor de Deus derramado sobre a humanidade. É através da graça que encontramos o amor radical e transformador de Cristo, que nos procura também nas nossas tribulações e no nosso pecado.

A graça de Jesus contrasta fortemente com os sistemas transacionais, baseados no mérito deste mundo. Embora o amor humano seja muitas vezes condicional, o amor de Cristo, manifestado através da graça, é incondicional e inesgotável. Como São Paulo belamente expressa, «Mas Deus demonstra o seu próprio amor por nós nisto: Embora ainda fôssemos pecadores, Cristo morreu por nós» (Romanos 5:8). Este é o escândalo e a glória da graça – que Jesus nos ama não por causa da nossa dignidade, mas apesar da nossa indignidade. (Schuller’s et al., 1991, pp. 294–294)

A graça revela que o amor de Jesus pelos pecadores não é apenas uma aceitação passiva, mas uma procura ativa. Como o bom pastor que deixa as noventa e nove para procurar a única ovelha perdida, a graça de Cristo alcança-nos na nossa perda, chamando-nos para casa. Este amor perseguidor é poderosamente ilustrado na parábola do filho pródigo, onde o pai corre para abraçar seu filho rebelde mesmo antes de quaisquer palavras de arrependimento serem ditas. Tal é a natureza ansiosa e antecipatória da graça.

A graça mostra-nos que o amor de Jesus não é apenas perdoador, mas também transformador. Não nos deixa em nosso pecado, mas capacita-nos a nos tornarmos novas criações. Como ensinou o grande teólogo Tomás de Aquino, a graça aperfeiçoa a natureza em vez de destruí-la. Através da graça, o amor de Cristo cura os nossos corações feridos, renova as nossas mentes e conforma-nos gradualmente à sua imagem (Morrissey, 2015, pp. 103-188).

O conceito de graça também ilumina a natureza gratuita do amor de Jesus. É um amor que não pode ser ganho ou merecido, apenas livremente recebido e celebrado. Isto liberta-nos do ciclo cansativo de tentar provar o nosso valor ou ganhar o favor de Deus. Em vez disso, somos convidados a descansar na certeza do amor imutável de Cristo e a deixar que esse amor flua através de nós para os outros.

Em nosso mundo moderno, atormentado pela ansiedade de desempenho e pela busca implacável da autojustificação, a mensagem da graça é um bálsamo curativo. Proclama que, em Jesus, somos amados além de qualquer medida – não pelo que fazemos, mas por quem somos como filhos de Deus. Este amor de Cristo cheio de graça tem o poder de transformar não só as vidas individuais, mas sociedades inteiras, uma vez que cultiva uma cultura de misericórdia, perdão e aceitação radical. (Miller, 2015, pp. 461-469)

Que papel desempenha o Espírito Santo para ajudar os crentes a experimentar o amor de Jesus?

O Espírito Santo desempenha um papel indispensável para ajudar os crentes a experimentar o poderoso amor de Jesus. Como a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito é o próprio vínculo de amor entre o Pai e o Filho, e é através do Espírito que este amor divino é derramado em nossos corações.

O Espírito Santo desperta-nos para a realidade do amor de Jesus. No nosso estado natural, muitas vezes somos cegos para a profundidade e a amplitude da afeição de Cristo por nós. Mas o Espírito, como um vento suave, dissipa a névoa dos nossos equívocos e abre os nossos olhos espirituais para contemplar a beleza do amor de Jesus. Como reza São Paulo em Efésios, é através do Espírito que podemos «ter poder... para compreender quão amplo, longo, alto e profundo é o amor de Cristo» (Efésios 3:18). (Averbeck, 2024, pp. 36-54)

O Espírito Santo actua como um testemunho interno, afirmando continuamente a nossa identidade de filhos amados de Deus. Em momentos de dúvida ou de secura espiritual, quando lutamos para sentir o amor de Jesus, o Espírito sussurra aos nossos corações: «Abba, Pai», tranquilizando-nos da nossa adoção e aceitação em Cristo (Romanos 8:15-16). Este testemunho interior do Espírito é uma poderosa fonte de conforto e segurança para os crentes (Averbeck, 2024, pp. 36-54).

O Espírito também desempenha um papel crucial ao fazer do amor de Jesus uma experiência vivida em nossa vida diária. Através do fruto do Espírito – amor, alegria, paz, paciência, bondade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23) – começamos a encarnar e a expressar o próprio caráter do amor de Cristo. À medida que nos rendemos à obra do Espírito, encontramo-nos a amar os outros com um amor que ultrapassa as nossas capacidades naturais – um amor que só pode ser explicado como o transbordamento do amor de Jesus dentro de nós. (Kim et al., 2023)

O Espírito Santo atua como nosso divino Ajudador e Intercessor, especialmente em momentos em que nos sentimos distantes do amor de Jesus. Quando nos faltam as palavras para orar ou a força para chegar a Deus, o Espírito intercede por nós com "gemidos demasiado profundos para palavras" (Romanos 8:26). Nestes momentos, o Espírito faz a ponte entre a nossa compreensão limitada e o amor infinito de Cristo, assegurando que permaneçamos ligados à fonte do amor divino, mesmo na nossa fraqueza.

É também através do Espírito Santo que podemos experimentar a presença viva de Jesus em nossas vidas. Enquanto Cristo está corporalmente no céu, o Espírito torna a sua presença uma realidade tangível para os crentes. Através da habitação do Espírito, desfrutamos de uma comunhão íntima com Jesus, vivendo o seu amor não como um conceito distante, mas como uma realidade pessoal próxima (Addo, 2021).

Por último, o Espírito Santo capacita-nos para responder e retribuir o amor de Jesus. Deixados para nossos próprios desígnios, nosso amor por Cristo seria fraco e inconsistente. Mas o Espírito inflama os nossos corações com o amor divino, permitindo-nos amar Jesus com um amor que se origina do próprio Deus. À medida que cooperamos com a obra do Espírito, encontramos a nossa capacidade de receber e devolver o amor de Cristo em constante expansão.

Como podemos manter um sentido do amor de Jesus em tempos de sofrimento e dúvida?

Manter um sentido do amor de Jesus em tempos de sofrimento e dúvida é um dos maiores desafios e oportunidades do nosso caminho espiritual. Estas noites escuras da alma, como São João da Cruz as chamava, podem parecer momentos de abandono, mas muitas vezes tornam-se momentos de encontro poderoso com o amor de Cristo.

Temos de reconhecer que o sofrimento e a dúvida não negam o amor de Jesus por nós. Pelo contrário, é muitas vezes nestes momentos cadinhos que o seu amor está mais poderosamente em ação, mesmo que não possamos percebê-lo. Como o salmista nos recorda: «Embora eu ande pelo vale mais escuro, não temerei mal algum, porque tu estás comigo» (Salmo 23:4). O amor de Cristo não é um companheiro de bom tempo, mas uma presença inabalável que nos acompanha em todas as provas (Os Últimos Anos de Santa Teresa: Dúvida e Escuridão, 1895-1897. Por Thomas R. Nevin. Nova Iorque: Oxford University Press, 2013. Xviii + 298 Pp. $35h00, n.d.)

Em tempos de sofrimento, somos convidados a unir nossas experiências com as de Jesus na cruz. Esta participação mística na paixão de Cristo pode transformar a nossa perceção do sofrimento de uma dor sem sentido numa poderosa expressão de amor. Ao contemplarmos as palavras de Jesus: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?» (Mateus 27:46), apercebemo-nos de que ele entrou nas profundezas da angústia e da dúvida humanas. Ao fazê-lo, santifica as nossas próprias experiências de escuridão, tornando-as potenciais vias para uma intimidade mais profunda com Ele. (Jovem, 2019, p. 6)

Em termos práticos, manter um sentido do amor de Jesus em tempos difíceis exige muitas vezes uma mudança do sentimento para a fé. Quando as nossas emoções nos falham, podemos optar por nos ancorar nas verdades imutáveis da Palavra de Deus. Meditar regularmente nas escrituras que falam do amor infalível de Cristo pode proporcionar uma base estável quando as nossas experiências subjetivas estão em turbulência. Como Santa Teresa de Lisieux expressou lindamente durante a sua noite escura, «Jesus não está a fazer muito para manter a conversa, mas sei muito bem que me ama mais do que nunca.» (Os Últimos Anos de Santa Teresa: Dúvida e Escuridão, 1895-1897. Por Thomas R. Nevin. Nova Iorque: Oxford University Press, 2013. Xviii + 298 Pp. $35h00, n.d.)

A comunidade também desempenha um papel crucial na manutenção da nossa consciência do amor de Jesus durante as provações. O corpo de Cristo pode tornar-se a expressão tangível de seu amor quando lutamos para percebê-lo nós mesmos. Ao partilharmos vulneravelmente as nossas dúvidas e sofrimentos com outros crentes de confiança, abrimo-nos a receber o amor de Cristo através das suas orações, encorajamento e apoio prático.

A manutenção de práticas espirituais como a oração, o culto e a receção dos sacramentos pode constituir uma tábua de salvação para o amor de Jesus, mesmo quando estes atos parecem secos ou sem sentido. A própria persistência nestas práticas durante os tempos difíceis é em si um ato de amor e fé que nos abre à graça.

É igualmente importante recordar que a dúvida, quando abordada de forma construtiva, pode realmente aprofundar a nossa experiência do amor de Jesus. Lutar honestamente com perguntas difíceis pode levar a uma fé mais madura e matizada. Ao levarmos nossas dúvidas a Cristo, podemos descobrir que Ele nos encontra não com condenação, mas com compreensão gentil e renovada revelação de seu amor.

Por último, cultivar a gratidão pode reorientar-nos poderosamente para o amor de Jesus no meio do sofrimento. Ao percebermos e agradecermos intencionalmente por pequenas misericórdias todos os dias, treinamos os nossos corações para perceber as inúmeras formas como o amor de Cristo continua a nos sustentar, mesmo nas nossas horas mais sombrias.

Como é que o amor de Jesus nos capacita a amar os outros?

O amor transformador de Jesus não só nos cura e renova individualmente, mas também nos capacita a tornar-nos canais desse mesmo amor aos outros. Esta capacitação está no cerne da nossa vocação cristã, pois, como o próprio Senhor ensinou, «Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (João 13:35).

O amor de Jesus capacita-nos, libertando-nos do egocentrismo. À medida que experimentamos a profundidade do amor incondicional de Cristo, encontramos a nossa identidade e o nosso valor firmemente alicerçados nele. Esta libertação da necessidade constante de auto-validação permite-nos voltar a nossa atenção para o exterior, ver e responder às necessidades dos outros com genuína compaixão. Adoramos não obter aprovação ou garantir a nossa posição, mas como um transbordamento natural do amor que recebemos.(Miller, 2015, pp. 461-469)

O amor de Jesus fornece-nos o modelo perfeito para amar os outros. O seu amor auto-sacrifício, que culmina na cruz, estabelece o padrão de como devemos amar: Não apenas na palavra ou no sentimento, mas em ações concretas que priorizam o bem do outro. Ao contemplarmos o amor de Cristo, somos gradualmente transformados à sua semelhança, desenvolvendo a capacidade de amar mesmo aqueles que são difíceis ou diferentes de nós. (Regassa & Fentie, 2020)

O amor de Jesus também nos capacita ao curar nossas próprias feridas e inseguranças, que muitas vezes impedem a nossa capacidade de amar os outros livremente. À medida que permitimos que o amor de Cristo penetre nas nossas feridas mais profundas, tornamo-nos menos reativos e mais reativos nas nossas relações. Esta cura interior permite-nos aproximar-nos dos outros com maior paciência, compreensão e perdão – qualidades que refletem o próprio coração de Jesus.

O amor de Cristo capacita-nos, expandindo a nossa visão de quem é o nosso «vizinho». Jesus desafiou consistentemente as fronteiras sociais e religiosas de seu tempo, demonstrando amor por aqueles considerados de fora ou indignos. Quando estamos cheios do seu amor, também nós encontramos o nosso coração dilatado, capaz de ver a dignidade inerente a cada pessoa como um filho amado de Deus. Esta visão expandida obriga-nos a chegar ao amor através das linhas divisórias de raça, classe, religião e ideologia. (Miller, 2015, pp. 461-469)

A capacitação do amor de Jesus não é um acontecimento único, mas um processo contínuo de transformação. Através da obra do Espírito Santo, estamos continuamente cheios de amor divino, que então flui através de nós para os outros. É por isso que manter uma ligação vibrante com Cristo através da oração, das Escrituras e da comunidade é essencial para sustentar nossa capacidade de amar bem os outros.

Amar os outros como Jesus nos ama nem sempre é fácil ou natural. Requer muitas vezes coragem, sacrifício e perseverança. No entanto, é precisamente nestes momentos difíceis que experimentamos mais profundamente a graça capacitadora do amor de Cristo. À medida que saímos na fé para amar o inamável ou perdoar o imperdoável, encontramo-nos apoiados e fortalecidos por um amor que não é nosso.

Por último, ao permitirmos que o amor de Jesus capacite as nossas relações, tornamo-nos participantes na obra de reconciliação e renovação de Deus no mundo. Os nossos gestos de amor, por pequenos que pareçam, tornam-se sementes do Reino, testemunhando a força transformadora do Evangelho. Desta forma, capacitados pelo amor de Cristo, tornamo-nos «pequenos Cristos» para aqueles que nos rodeiam, alargando a presença encarnacional de Jesus nas nossas famílias, comunidades e para além delas.

Portanto, abramo-nos continuamente ao amor empoderador de Jesus, permitindo-lhe moldar nossos corações, guiar nossas ações e fluir através de nós para um mundo em necessidade desesperada de amor divino tornado tangível. Pois é no amor aos outros que mais plenamente percebemos nossa identidade como filhos de Deus e discípulos de Cristo.

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