Cristianismo Ortodoxo Factos & Estatísticas




  • A Igreja Ortodoxa é a fé cristã original que enfatiza uma relação pessoal com o Deus vivo através de crenças centrais como a Santíssima Trindade e a Encarnação de Jesus Cristo.
  • Com cerca de 220 a 260 milhões de membros em todo o mundo, a Igreja Ortodoxa tem uma história rica e presença diversificada, especialmente na Europa Oriental e no Oriente Médio.
  • O culto ortodoxo centra-se em torno da Divina Liturgia, uma experiência holística que envolve todos os sentidos, e enfatiza a importância dos ícones e da comunhão com os santos.
  • A vida espiritual diária na Ortodoxia inclui práticas como as regras de oração, a Oração de Jesus, o jejum e a orientação de um pai espiritual, promovendo uma jornada contínua em direção à união com Deus (Theosis).

Um Coração para a Verdade: Um Guia Profundo do Cristianismo Ortodoxo para o Cristão Inquiridor

Introdução: Bem-vindos a uma fé antiga

Bem-vindo, querido amigo. Se veio aqui à procura de «factos e estatísticas» sobre o cristão ortodoxo, é provável que a sua pesquisa faça parte de uma viagem muito mais profunda. É um caminho do coração, um anseio pela verdade, pela beleza e por uma ligação tangível com a fé intemporal que nasceu à luz da Ressurreição de Cristo. Num mundo de valores mutáveis e divisões sem fim, a alma humana anseia por uma âncora, por uma fé que não é uma invenção moderna, mas um rio antigo, que flui diretamente do Senhor Jesus Cristo e dos seus Santos Apóstolos.

Este guia é oferecido como um convite caloroso para explorar esta fé. A Igreja Ortodoxa pode parecer desconhecida para muitos no mundo ocidental, talvez parecer estrangeira ou misteriosa. No entanto, no seu âmago, nada mais é do que o cristão original que manteve fielmente a plenitude da fé «uma vez por todas entregue aos santos».1 É uma herança partilhada por todos os que invocam o nome de Cristo.

Juntos, percorreremos as crenças centrais, a história vibrante e as práticas espirituais vivas do cristianismo ortodoxo. Este não é um exercício académico seco, mas uma viagem ao coração de uma fé que foi vivida, rezada e acarinhada por milhões de almas durante dois mil anos. Que esta exploração seja uma bênção para vós, e que ajude a iluminar o vosso próprio caminho para Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

I. Quais são as crenças fundamentais que unem os cristãos ortodoxos?

No coração do cristianismo ortodoxo não está um conjunto de regras abstratas ou proposições filosóficas, mas um encontro com o Deus vivo. As crenças fundamentais da Igreja não são simplesmente factos a serem memorizados; São portas para uma relação mais profunda com Deus, que é uma comunhão de amor. Estes ensinamentos, conservados fielmente desde os tempos dos Apóstolos, formam o fundamento de uma vida dedicada à transformação e à união com Ele.

A Santíssima Trindade: Uma Comunhão do Amor Divino

A verdade mais fundamental da fé ortodoxa é a revelação do Único Deus Verdadeiro como a Santíssima Trindade: O Pai, o Filho e o Espírito Santo.3 Estes não são três deuses, mas três Pessoas divinas distintas que compartilham uma única essência e vontade divinas.4 Este é o mistério que está no centro de tudo. Revela que Deus, na sua própria natureza, não é um ser solitário, mas uma comunhão eterna de amor-doação.

A Igreja Ortodoxa ensina que Deus Pai é a «fonte» ou fonte da Trindade. Do Pai, o Filho é «gerado eternamente» antes de todos os tempos, e o Espírito Santo «procede eternamente».4 O Filho e o Espírito não são seres criados; são co-eternos e co-iguais com o Pai, partilhando a Sua natureza divina.4 Porque Deus é inerentemente relacional, todos os aspectos da vida ortodoxa - cada oração, cada bênção, cada sacramento - baseiam-se nesta realidade trinitária.6 A vida cristã é um convite a participar nesta mesma vida de amor divino.

Jesus Cristo: O Deus-Homem que une o Céu e a Terra

Os cristãos ortodoxos confessam que Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o eterno Filho de Deus que se fez homem para a nossa salvação.5 Este acontecimento, a Encarnação, é a expressão última do imensurável amor de Deus pela humanidade.6 Na Pessoa de Jesus Cristo, a divindade e a humanidade estão unidas, inseparáveis, mas sem confusão. Ele é totalmente Deus e, ao mesmo tempo, totalmente homem.5

Esta convicção não é apenas uma nota de rodapé histórica; É a pedra angular da nossa salvação. Ao assumir a nossa natureza humana da Virgem Maria, o Filho de Deus curou-a e redimiu-a.5 Viveu uma vida humana, experimentou a fome, a sede e o cansaço e, por fim, aceitou a morte na cruz. Através da sua Ressurreição gloriosa, Ele destruiu o poder da morte e abriu-nos o caminho para nos reunirmos com Deus. Em Cristo, Deus tornou-se o que somos para que pudéssemos nos tornar o que Ele é pela graça.

O Espírito Santo: O Doador da Vida

O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade, o «Senhor e Doador da vida» que procede do Pai.4 Não é uma força impessoal, mas uma Pessoa divina, uma pessoa essencialmente com o Pai e o Filho. O Espírito Santo é a presença ativa e criadora de vida de Deus no mundo e em nossos corações. Ele inspirou os profetas, capacitou os apóstolos e continua a guiar a Igreja em toda a verdade.

Para o cristão ortodoxo, a relação com o Espírito Santo é profundamente pessoal. No batismo, somos ungidos com óleo santo no sacramento da Crisma, recebendo o «selo do dom do Espírito Santo».5 Este é o nosso Pentecostes pessoal. O Espírito habita em nós, transformando-nos, confortando-nos e capacitando-nos a crescer em fé, esperança e amor ao longo de nossas vidas.

A Igreja: O Corpo Vivo de Cristo

A Igreja Ortodoxa entende-se como sendo a Igreja original fundada por Jesus Cristo na Sua Grande Comissão, a mesma Igreja descrita no Novo Testamento.1 É a «única, santa, católica e apostólica» confessada no Credo Niceno.5 A palavra «católica» aqui é utilizada no seu sentido original, que significa «total» ou «plena», indicando que a Igreja contém a plenitude da fé.

A Igreja é muito mais do que uma organização humana ou um edifício. É uma comunhão divino-humana, o Corpo vivo de Cristo, com o próprio Cristo como sua cabeça.5 É a comunidade dos crentes, unida através do tempo e do espaço com os santos e anjos no céu. No interior, alimentamo-nos da Palavra de Deus e dos Santos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, e experimentamos uma antecipação do Reino eterno de Deus.5 Os bispos da Igreja são os sucessores diretos dos Apóstolos de Cristo, assegurando que a fé ensinada hoje seja a mesma fé que os Apóstolos receberam de Cristo.1

A Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição: Dois Pulmões de um Corpo

A Bíblia é venerada na Igreja Ortodoxa como a inspirada e infalível Palavra de Deus.6 Tem um lugar central na adoração e na devoção pessoal. O Antigo Testamento Ortodoxo baseia-se na Septuaginta, a antiga tradução grega das escrituras hebraicas usada pelos próprios Apóstolos, e inclui os livros que os protestantes chamam de "Apócrifos" e os católicos de "Deuterocanónicos".8

Mas a Igreja não vê a Bíblia como algo separado da Sagrada Tradição. Em vez disso, a Escritura é a jóia da coroa. no interior A Santa Tradição é toda a vida dos guiados pelo Espírito Santo através dos tempos. Inclui a Bíblia, o Credo Niceno, as doutrinas formuladas pelos sete Concílios Ecumênicos, os escritos dos Padres da Igreja, os serviços litúrgicos e sacramentos, e a vida dos santos.

Esta não é uma tradição feita pelo homem, mas a continuidade viva da fé apostólica. O próprio São Paulo exortou os primeiros cristãos a «manterem-se firmes e a guardarem as tradições que vos foram ensinadas, quer pela palavra quer pela nossa epístola» (2 Tessalonicenses 2:15), demonstrando que a fé foi transmitida através de meios escritos e orais desde o início.10 A Escritura e a Tradição trabalham em conjunto, como dois pulmões de um único corpo, para inalar a vida de Deus no mundo.

A compreensão ortodoxa destas crenças fundamentais não é meramente intelectual. É profundamente experiencial e holística. O objetivo de conhecer estas verdades não é simplesmente estar correto, mas ser transformado. As doutrinas da Trindade, da Encarnação e da Igreja não são conceitos abstratos, mas convites para uma vida de comunhão com o Deus vivo - um processo de cura e restauração que a Igreja chama de salvação.

II. Quantos cristãos ortodoxos existem e onde vivem no mundo?

Para compreender a Igreja Ortodoxa hoje, é útil ver o belo e diversificado mosaico de seu povo em todo o mundo. Os números contam uma história não apenas do tamanho da população, mas de profundas raízes históricas, uma incrível perseverança durante o julgamento e uma presença viva no mundo moderno.

Uma Família Global de Fé: Compreender os números

A Igreja Ortodoxa é a segunda maior comunhão cristã do mundo, a seguir à Igreja Católica Romana.12 Embora os números variem ligeiramente dependendo da fonte e do ano, a maioria das estimativas situa o número de membros batizados entre 220 milhões e 260 milhões em todo o mundo.1 Projeções para 2025 pelo Seminário Teológico Gordon-Conwell sugerem que o número pode estar mais próximo de 291 milhões de fiéis.14

É importante abordar estes números com um coração pastoral. Em muitos países com raízes ortodoxas profundas, como a Rússia ou a Grécia, uma grande parte da população identifica-se culturalmente como cristã ortodoxa. Este é um belo testemunho do papel da fé na formação da identidade nacional. Mas esta identificação cultural nem sempre se traduz em práticas religiosas ativas12. Por exemplo, a Rússia tem a maior população ortodoxa do mundo, com mais de 100 milhões de pessoas a identificarem-se como tal. No entanto, um estudo de 2017 do Pew Research Center descobriu que apenas cerca de 6% dos cristãos ortodoxos russos declararam frequentar a igreja pelo menos uma vez por semana13, o que contrasta fortemente com a fé vibrante num país como a Etiópia, que tem a segunda maior população ortodoxa do mundo, com 36 milhões de habitantes. Lá, um avassalador 78% dos fiéis ortodoxos freqüentam a igreja semanalmente, e 98% dizem que a religião é «muito importante» nas suas vidas.13 Estes números recordam-nos que a vida da Igreja não se mede apenas em números, mas no fogo da fé em cada coração humano.

Uma História de Crescimento e Mudança de Proporções

A história do cristianismo ortodoxo durante o século passado é de notável resiliência. O número de cristãos ortodoxos em todo o mundo mais do que duplicou desde 1910, passando de cerca de 125 milhões para mais de 260 milhões hoje.13 Este crescimento é um poderoso testemunho da força duradoura da fé, sobretudo tendo em conta os imensos desafios que enfrentou.

Ao mesmo tempo, a proporção de cristãos ortodoxos em relação à população cristã global total diminuiu. Em 1910, cerca de um em cada cinco cristãos no mundo (20%) era ortodoxo. Hoje, este número está mais próximo de um em cada oito (12%).13 Isto não se deve ao declínio da Ortodoxia, mas ao crescimento verdadeiramente explosivo das comunidades católica e protestante, particularmente no que é conhecido como o Sul Global — América Latina, África subsariana e região da Ásia-Pacífico.13 Durante grande parte do século XX, os corações tradicionais da Ortodoxia estiveram sob a sombra do comunismo ateísta, que brutalmente suprimiu a Igreja e tornou quase impossível a expansão missionária. O facto de a Igreja não só ter sobrevivido como ter crescido durante este período é um milagre em si mesmo, um testemunho da fidelidade de Deus e da coragem do seu povo.

Heartlands e a diáspora

A fé ortodoxa continua profundamente enraizada no solo da Europa, seu berço histórico. Um espantoso 77% de todos os cristãos ortodoxos do mundo ainda vivem na Europa.13 A fé é a religião majoritária em uma família de nações que se estende por toda a Europa Oriental e do Sudeste, incluindo a Rússia, Ucrânia, Roménia, Grécia, Sérvia, Bulgária, Bielorrússia, Geórgia, Chipre, Moldávia e Montenegro.1 Na verdade, cerca de metade de todos os cristãos ortodoxos vivem em países que já fizeram parte do antigo bloco soviético, com a Rússia tendo de longe a maior população individual.1

Além da Europa, a Igreja mantém uma presença vital em seu antigo local de nascimento, o Oriente Médio, com as principais comunidades no Líbano, na Síria, na Jordânia e na Terra Santa.1 E, como mencionado, a Igreja na Etiópia é uma comunidade vibrante e crescente de dezenas de milhões.16

Nas últimas décadas, através da imigração, da conversão e do trabalho missionário, as comunidades ortodoxas foram plantadas e cresceram em todo o mundo, incluindo na Europa Ocidental, na Austrália e nas Américas.% Um censo de 2020 contou pouco mais de 1,1 milhões de adeptos das Igrejas Ortodoxas Orientais e Orientais combinadas.19 Estas comunidades estão frequentemente concentradas em estados com grandes populações de imigrantes, como Califórnia, Nova Iorque, Illinois e Nova Jersey, refletindo a jornada da fé através dos oceanos para encontrar novas casas.19

Os 15 países por população ortodoxa

Esta tabela ajuda a visualizar a família global dos ortodoxos, mostrando onde vivem hoje os nossos irmãos e irmãs nesta antiga fé. Proporciona uma visão clara e digitalizável que torna os números abstratos tangíveis, mostrando as «cidades de origem» deste ramo da família cristã. Comunica imediatamente as raízes profundas da fé na Europa Oriental e no Próximo Oriente.

País Est. população ortodoxa
Rússia 101,5 milhões
Ucrânia 27,8 milhões
Roménia 16,3 milhões
Grécia 9,4 milhões
Bielorrússia 7,8 milhões
Sérvia 6,1 milhões
Bulgária 4,4 milhões
Cazaquistão 4,3 milhões
Geórgia 3,1 milhões
Moldávia 3,2 milhões
Alemanha 3,0 milhões
Espanha 1,5 milhões
Macedónia do Norte 1,6 milhões
Estados Unidos 1,1 milhões
Bósnia-Herzegovina 1,1 milhões

Fonte: Dados sintetizados a partir de múltiplos estudos demográficos e relatórios censitários.12

III. Qual é a história antiga da Igreja Ortodoxa?

Compreender a Igreja Ortodoxa é compreender uma história — uma história sagrada que começa não na Grécia ou na Rússia, mas em Jerusalém, com um pequeno grupo de discípulos reunidos em torno do Senhor Jesus Cristo ressuscitado. Não se trata apenas de «história ortodoxa»; É a história familiar comum de todos os cristãos, uma narrativa de fé, amor, provação e a presença duradoura do Espírito Santo.

As nossas raízes partilhadas: A Igreja dos Apóstolos

A Igreja Ortodoxa compreende-se a si mesma como a Igreja original e histórica fundada por Cristo e seus Apóstolos. É a continuação direta e ininterrupta da própria comunidade de crentes de que lemos no Novo Testamento.1 Durante o primeiro milénio da história cristã, não houve «Igreja Católica» nem «Igreja Ortodoxa» como as conhecemos hoje. Havia simplesmente aquele que confessou no Credo Niceno que era «Um, Santo, Católico e Apostólico».20

Esta Igreja primitiva e indivisa foi estruturada em torno de cinco grandes centros cristãos, conhecidos como a Pentarquia. Estes cinco Patriarcados, ou principais sés, estavam localizados nas cidades mais proeminentes do Império Romano: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém.21 Os bispos destas cidades eram os líderes mais respeitados do mundo cristão e, juntos, em concílio, guiaram a defesa da verdadeira fé contra as heresias e a preservação dos ensinamentos dos Apóstolos.

O grande cisma: Uma separação lenta e dolorosa de formas

A trágica divisão entre os cristãos do Oriente (que se tornaria a Igreja Ortodoxa) e o Ocidente (que se tornaria a Igreja Católica Romana) é conhecida como o Grande Cisma. Este não foi um único acontecimento que aconteceu em uma data específica, mas uma separação lenta, dolorosa e complexa de caminhos que se desenrolou ao longo de muitos séculos.22 Foi uma tragédia familiar, uma ferida no Corpo de Cristo que continua a entristecer aqueles que rezam pela unidade dos cristãos. As raízes desta separação eram profundas e variadas.

Uma causa primária foi o simples fato de que o Império Romano tinha efetivamente se dividido em duas metades. A parte ocidental, centrada em Roma, falava latim e foi moldada pela lei romana e modos de pensamento. A parte oriental, conhecida como Império Bizantino, com a sua capital em Constantinopla, falava grego e foi moldada pela filosofia e cultura gregas.25 Com o tempo, esta divisão linguística e cultural levou a diferentes formas de pensar e falar sobre a fé, criando mal-entendidos que eram difíceis de transpor.25 À medida que o Império Ocidental desmoronou sob invasões bárbaras, a autoridade do seu único Patriarca, o Papa de Roma, tornou-se mais forte e mais centralizada. Enquanto isso, o Império Oriental floresceu, e seus quatro antigos Patriarcados continuaram a governar a Igreja de uma forma colegial e conciliar.

Estas tensões culturais e políticas foram inflamadas por graves desentendimentos teológicos. Duas questões, acima de todas as outras, criaram uma cunha entre o Oriente e o Ocidente. A primeira e mais crítica foi a questão da autoridade papal. Os bispos de Roma começaram a afirmar um novo tipo de autoridade, alegando ser a suprema e universal cabeça de todo o conjunto com jurisdição imediata sobre cada cristão.24 Os quatro patriarcas orientais, juntamente com todos os bispos do Oriente, nunca aceitaram esta reivindicação. Eles sempre honraram o Papa de Roma como o "primeiro entre iguais", uma posição de especial respeito, mas mantiveram firmemente o antigo modelo da Igreja ser governado por todos os bispos juntos em concílio (um "sínodo"), não por um único homem.

O segundo grande ponto de discórdia foi a Filioque controvérsia. O Credo Niceno, uma declaração de fé fundamental afirmada por toda a Igreja indivisa nos Concílios Ecuménicos, afirma que o Espírito Santo «procede do Pai». No Ocidente, a Igreja de Roma acrescentou unilateralmente a frase latina Filioque ("e o Filho") a este artigo do Credo, sem o consentimento de um Conselho Ecumênico.24 O Oriente protestou contra esta ação por duas razões: que nenhuma igreja tinha autoridade para alterar um credo confessado por toda a Igreja; e que esta adição refletia uma compreensão defeituosa da Santíssima Trindade.24

As tensões ferventes finalmente ferveram no ano de 1054. Um legado papal, o cardeal Humberto, viajou para Constantinopla e, depois de uma série de disputas amargas, colocou uma bula de excomunhão no altar da grande catedral de Santa Sofia. O Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerularius, respondeu excomungando o legado papal.22 Embora houvesse interrupções temporárias na comunhão antes, esta provou ser duradoura. A ferida foi aprofundada por tragédias históricas posteriores, mais notavelmente o brutal saque da cidade cristã de Constantinopla pelos cavaleiros ocidentais durante a Quarta Cruzada em 1204. Este ato de violência contra os irmãos cristãos criou uma amargura e uma desconfiança que fizeram com que a reconciliação parecesse impossível.24 Esta triste história não é recordada com triunfalismo, mas com tristeza, como um lembrete da necessidade de humildade, amor e oração para a cura da Igreja dividida de Cristo.

IV. Como a Igreja Ortodoxa é estruturada e conduzida sem um Papa?

Para muitos cristãos acostumados a uma forma mais centralizada de governo da igreja, a estrutura da Igreja Ortodoxa pode parecer intrigante. Como pode uma comunhão mundial de centenas de milhões de pessoas manter a sua unidade e identidade sem um único líder universal como o Papa? A resposta está num modelo de governo profundamente enraizado na teologia da Igreja primitiva - um modelo baseado na comunhão, na conciliaridade e na fé partilhada.

Uma família de Igrejas irmãs: Autocefalia

A Igreja Ortodoxa não é uma única organização monolítica com uma sede central. Pelo contrário, é melhor entendida como uma comunhão, ou uma família, de cerca de 15 a 17 igrejas autónomas, ou igrejas "autocéfalas".

Autocéfala Cada uma destas igrejas — como a ortodoxa grega, a ortodoxa russa, a ortodoxa antioquiana e outras — é administrativamente independente. Cada um elege os seus próprios líderes e gere os seus próprios assuntos internos sem reportar-se a qualquer autoridade terrena superior.

O que une esta família de igrejas não é uma estrutura administrativa partilhada, mas uma alma partilhada. Todas as Igrejas Ortodoxas autocéfalas estão unidas por uma fé comum, uma teologia comum e uma vida sacramental comum.21 Todos aceitam as mesmas Escrituras, o mesmo Credo e os mesmos sete Concílios Ecuménicos. Esta poderosa unidade de fé significa que todos estão em plena comunhão uns com os outros. Um membro da Igreja Ortodoxa Sérvia pode receber a Eucaristia em uma paróquia ortodoxa romena, e um sacerdote da Igreja Ortodoxa na América pode servir a Divina Liturgia no Patriarcado de Jerusalém, porque todos são membros do mesmo Corpo de Cristo.

Liderança na Igreja: Uma Sinfonia de Serviço

A estrutura do ministério ordenado na Igreja Ortodoxa segue o padrão estabelecido no Novo Testamento e na Igreja primitiva. É uma estrutura hierárquica de serviço, composta por três ordens: bispos, sacerdotes e diáconos.28

Os bispos são os sucessores dos Santos Apóstolos e os pastores das suas comunidades locais, chamadas dioceses ou eparquias. São os guardiões da fé, os principais celebrantes dos sacramentos e os que têm autoridade para ordenar novos clérigos.29 No entendimento ortodoxo, todos os bispos são sacramentalmente iguais. Embora alguns possam ter títulos administrativos mais altos, todos partilham a mesma graça do episcopado.27

Os sacerdotes são nomeados pelo bispo local para serem os pais espirituais de cada paróquia. São eles que conduzem a comunidade local no culto, pregam a Palavra de Deus, ouvem confissões e administram os sacramentos aos fiéis.29 Agem como representantes do bispo na congregação local.

Os diáconos são ordenados para um ministério de serviço. O seu principal papel é ajudar o bispo e os sacerdotes na celebração da Divina Liturgia e noutros serviços. Eles também têm um chamado especial para ministrar às necessidades caritativas da comunidade, cuidar dos pobres, dos doentes e dos necessitados.29

O primeiro entre os iguais: O papel do patriarca

O bispo presidente de uma igreja autocéfala geralmente detém um título honorário, como Patriarca, Arcebispo ou Metropolita.21 Estes líderes não estão "acima" dos outros bispos em sua autoridade sacramental, mas servem como chefe administrativo e ponto focal espiritual para sua igreja autogovernada particular.

Entre todos os bispos ortodoxos do mundo, um detém uma posição única de honra: Patriarca Ecumênico de Constantinopla. É conhecido pelo título antigo primus inter pares, uma frase latina que significa «primeiro entre iguais».1 Este título significa uma primazia da honra, não do poder. O Patriarca Ecumênico é um símbolo de unidade para todo o mundo ortodoxo e tem o direito de convocar concílios pan-ortodoxos. Mas ele não tem jurisdição ou autoridade direta sobre as outras igrejas autocéfalas.1 Ele não pode nomear seus bispos, ditar suas políticas, ou interferir em seus assuntos internos.

Este modelo de governo é um reflexo directo da teologia ortodoxa. A Igreja acredita que o Espírito Santo guia os inteiros todo o corpo de crentes, e que a verdade é preservada e expressa através do consenso de todos os bispos reunidos em concílio, ou "sínodo". Este sistema conciliar ou sinodal não é visto como uma falta de liderança, mas como o caminho adequado e dado por Deus para que a Igreja seja governada — como uma família de iguais, unida no amor e na fé, sob a única liderança de Jesus Cristo.

V. Qual é hoje a posição da Igreja Católica sobre a Igreja Ortodoxa?

Para qualquer cristão que anseie pela unidade pela qual Cristo orou — «para que todos sejam um» (João 17:21) — a relação entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica é uma questão de grande importância e muitas vezes de profundo pesar. Depois de quase mil anos de separação formal, onde é que estes dois grandes corpos da cristandade, estes "dois pulmões" da antiga posição em relação uns aos outros hoje? A postura católica oficial é de profundo respeito, reconhecimento e um desejo sincero para a cura desta antiga ferida.

Um «Diálogo da Caridade»: Cura de uma Ferida de 1000 Anos

O século XX testemunhou um notável aquecimento das relações entre as Igrejas Católica e Ortodoxa. Um momento crucial foi o Concílio Vaticano II (1962-1965), durante o qual a Igreja Católica deu passos importantes para reavaliar a sua relação com outros cristãos. Os documentos conciliares expressam um profundo e sincero apreço pelos ortodoxos, pelas suas antigas tradições e pela sua riqueza espiritual.31

Este novo espírito de abertura conduziu a um acontecimento histórico e profundamente comovente. Em 7 de dezembro de 1965, o Papa Paulo VI em Roma e o Patriarca Ecumênico Atenágoras em Constantinopla simultaneamente e mutuamente levantaram os anátemas, ou excomunhões, que haviam sido declarados em 1054. Numa declaração comum, declararam que estas censuras deviam ser «removidas da memória e do meio da Igreja».31 Este poderoso gesto de reconciliação não resolveu as questões teológicas que dividiam as Igrejas, mas pôs fim ao estado de hostilidade ativa e abriu a porta ao chamado «diálogo da caridade». Isto, por sua vez, levou ao estabelecimento de um diálogo teológico oficial, a Comissão Internacional Conjunta, que iniciou os seus trabalhos em 1979 com o objetivo declarado de restabelecer a plena comunhão31.

O que os católicos e ortodoxos compartilham

Do ponto de vista oficial da Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa não é apenas mais uma «denominação». É uma verdadeira Igreja Apostólica com sacramentos autênticos e um sacerdócio válido. A Igreja Católica reconhece formalmente que a Eucaristia ortodoxa é o verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo, que os seus bispos são verdadeiros sucessores dos Apóstolos e que os seus sacramentos são canais da graça de Deus26.

Este reconhecimento baseia-se num vasto património partilhado. Ambas as Igrejas são construídas sobre o fundamento das Sagradas Escrituras e a fé da Igreja primitiva, indivisa. Ambos aceitam os ensinamentos dos primeiros sete Concílios Ecuménicos, confessam o Credo Niceno como a declaração fundamental de fé (embora a Igreja Católica inclua o Filioque e partilhar um poderoso amor e veneração pela Santíssima Theotokos, a Virgem Maria, como a Mãe de Deus.

Os principais obstáculos à plena comunhão

Apesar desta notável proximidade, subsistem grandes e graves obstáculos à plena comunhão. Não se trata de pequenas divergências, mas de diferenças fundamentais na forma como cada Igreja compreende a sua própria identidade e autoridade.

A questão mais importante e difícil é o papel do Papa, o Bispo de Roma. A Igreja Católica ensina a doutrina da primazia e supremacia papal, que sustenta que o Papa possui «poder pleno, supremo e universal sobre toda a Igreja» e é infalível quando fala ex cathedra sobre questões de fé e moral.26 A Igreja Ortodoxa nunca aceitou esta doutrina. Embora os ortodoxos reconheçam que o Bispo de Roma teve um "primado de honra" no início, sustentam firmemente que todos os bispos são iguais e que a Igreja como um todo é governada por concílios, não por um único Sumo Pontífice.27 O diálogo oficial fez alguns progressos, com ambas as partes concordando no Documento de Ravena de 2007 que existia um primado universal no primeiro milénio. Mas eles continuam a discordar profundamente sobre como esta primazia foi exercida e o que a sua autoridade implicava, que continua a ser a questão central divisória.

Uma segunda grande fonte de dor e dificuldade, particularmente a nível local, é a existência das Igrejas Orientais Católicas. Estas são comunidades que eram originalmente ortodoxas, mas, em vários pontos da história, entraram em comunhão com Roma. Eles mantêm seus ritos litúrgicos orientais, espiritualidade e tradições, mas reconhecem a autoridade do Papa.31 Os ortodoxos muitas vezes se referem a este processo como "uniatismo" e o veem como uma forma de proselitismo que criou estruturas eclesiásticas paralelas e minou o caminho para a verdadeira unidade orgânica.31 Um documento conjunto de Balamand, no Líbano, em 1993, rejeitou o uniatismo como um método para alcançar a união hoje e afirmou o direito das Igrejas Católicas Orientais de existir. Mas a questão continua a ser uma ferida profunda e dolorosa, e as reações à declaração de Balamand foram mistas, destacando a complexidade da situação no terreno.31

A relação entre as Igrejas Católica e Ortodoxa hoje é, portanto, um belo e trágico paradoxo. São Igrejas irmãs, incrivelmente próximas na fé e na prática, mas continuam separadas por um profundo abismo acerca da própria natureza da Igreja. O caminho para a plena comunhão não é fácil, mas o diálogo permanente e o espírito de amor e respeito recíprocos oferecem uma forte esperança de que um dia, pela graça de Deus, esta antiga ferida possa finalmente ser curada.

VI. Como a Ortodoxia se compara ao Catolicismo e ao Protestantismo?

Para um cristão de origem católica ou protestante, explorar a ortodoxia pode sentir-se familiar e estrangeiro. Há muitas pedras de toque partilhadas — um amor por Jesus Cristo, reverência pela Bíblia, o sinal da cruz — mas também existem diferenças poderosas na teologia, no culto e na vida espiritual. Para construir pontes de compreensão, é útil comparar estes três grandes ramos do cristianismo, não num espírito de argumentação, mas com um desejo de clareza e respeito mútuo.

O objetivo da vida cristã: Theosis

Talvez a diferença mais importante e esclarecedora esteja no objectivo último da vida cristã. Enquanto todos os cristãos acreditam que a salvação vem através da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo, a maneira como esta salvação é compreendida e experimentada difere. O conceito central na espiritualidade ortodoxa é Theosis, uma palavra grega que significa «deificação» ou «divinização».9

Theosis é o processo ao longo da vida através do qual um ser humano, através da sinergia (cooperação) com a graça de Deus, se torna cada vez mais semelhante a Deus. É uma união real e transformadora com Deus, não na sua essência incognoscível, mas nas suas energias divinas ou graça.9 O grande Padre da Igreja Santo Atanásio resumiu este mistério lindamente: «Deus fez-se homem para que o homem se tornasse Deus.» Isto não significa que nos tornamos divinos por natureza, mas que somos chamados a participar na vida divina através da graça. Esta viagem de "fé que trabalha através do amor" é o próprio coração da salvação ortodoxa.9

Esta ênfase contrasta com o foco principal do cristianismo ocidental em justificação. Na maioria das tradições protestantes, a justificação é compreendida como uma declaração legal de Deus. Só pela fé (sola fide), um pecador é declarado justo aos olhos de Deus porque a perfeita justiça de Cristo lhes é creditada ou imputada. No catolicismo romano, a justificação é também um processo que começa com o batismo e é mantido através da fé, da participação nos sacramentos e das boas obras, mas é frequentemente descrita em termos mais jurídicos de graça, mérito e a remoção do castigo pelo pecado.

Para os ortodoxos, a justificação (tornar-se justo) e a santificação (tornar-se santo) são partes inseparáveis do processo único de santificação. Theosis. Uma é "justa" não por um decreto legal, mas por uma união literal e curativa com Deus através da habitação do Espírito Santo34. Esta diferença fundamental na compreensão da salvação ajuda a explicar muitas das outras diferenças entre as tradições.

Uma visão comparativa das doutrinas e práticas-chave

Para ajudar a esclarecer estas distinções, a tabela a seguir oferece uma breve comparação não-polêmica de algumas áreas-chave de crença e prática. Ele fornece uma comparação clara, estruturada e não-polêmica dos três principais ramos do cristianismo sobre os tópicos que são mais propensos a ser curioso sobre. Permite uma compreensão rápida e serve como uma referência valiosa.

Tema Ortodoxia oriental Catolicismo romano protestantismo
Autoridade A Escritura é o pináculo da Santa Tradição, que inclui os concílios e escritos dos Padres. A Igreja como um todo, guiada pelo Espírito, é a intérprete. A Escritura e a Tradição são consideradas duas fontes distintas de revelação divina, interpretadas com autoridade pelo Magistério (o Papa e os bispos em comunhão com ele). Sozinho nas Escrituras (Sola Scriptura) é a última e única fonte infalível de autoridade para a fé e a prática. A tradição da Igreja é respeitada, mas subordinada às Escrituras.
Chefe da Igreja Jesus Cristo é a única cabeça da Igreja. Não há uma única cabeça terrena. Os bispos governam em conjunto nos concílios («sinodalidade»). O Patriarca de Constantinopla é homenageado como "o primeiro entre iguais". Jesus Cristo é o chefe da Igreja, com o Papa atuando como seu Vigário (representante) na Terra, possuindo autoridade suprema, universal e imediata sobre toda a Igreja. Jesus Cristo é a cabeça da Igreja. As estruturas de governança variam muito por denominação, incluindo regra congregacional, concílios de anciãos (presbíteros) ou sistemas de bispos.
Salvação Um processo ao longo da vida de Theosis (deificação ou união com Deus), obtida através de uma sinergia entre a graça divina e o esforço humano, expressa na fé, no amor e na participação na vida sacramental da Igreja. Um processo que começa com a justificação no batismo e continua através de uma vida de fé, boas obras e participação nos sacramentos. A salvação pode ser perdida através do pecado mortal. Justificação pela graça através da fé em Cristo (Sola Fide). Este é geralmente visto como um acontecimento único em que a justiça de Cristo é imputada (creditada) ao crente.
Eucaristia O verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo. A mudança ocorre através da invocação do Espírito Santo (o epiclese) sobre os dons do pão e do vinho. É um sacrifício místico de acção de graças. O verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo. A mudança, conhecida como Transubstanciação, ocorre quando o sacerdote fala as palavras da instituição. Trata-se de uma representação do sacrifício de Cristo na cruz. As opiniões variam muito. Na maioria das vezes, é visto como um memorial simbólico do sacrifício de Cristo. Alguns (Luteranos, alguns Anglicanos) acreditam numa presença real e espiritual de Cristo nos elementos.
Sacramentos Chamados «Mistérios». Há pelo menos sete sacramentos principais que são entendidos como meios tangíveis através dos quais Deus concede a sua graça. Há sete sacramentos, que são considerados canais eficazes da graça de Deus e são geralmente necessários para a salvação. Normalmente, há duas ordenanças ou sacramentos (Baptismo e Comunhão). Eles são geralmente vistos como símbolos ou sinais exteriores de uma graça interior, não como meios de transmitir a graça em si.
A Virgem Maria Profundamente venerado como o Theotokos (“Portadora de Deus” ou “Mãe de Deus”), a primeira e maior de todas as santas, e honrada como “sempre virgem”. É uma poderosa intercessora. Profundamente venerada como a Mãe de Deus. As crenças são definidas por quatro dogmas: a maternidade divina, a virgindade perpétua, a Imaculada Conceição (concebida sem pecado original) e a Assunção ao Céu. Honrada como a mãe de Jesus e modelo de fé. A veneração, a intercessão e títulos como «Mãe de Deus» são geralmente rejeitados. A Imaculada Conceição e a Assunção não são aceitas.
Santos Os santos são venerados (honrados, não adorados) como nossa família glorificada no céu. Pedimos a sua intercessão (orações), uma vez que estão perto de Deus. Os santos são venerados, e sua intercessão é uma parte fundamental da piedade católica. O processo de canonização é uma declaração formal de santidade. A veneração e a intercessão dos santos são rejeitadas, uma vez que Cristo é visto como o único mediador entre Deus e a humanidade. O termo «santo» refere-se frequentemente a todos os crentes.

Fontes: Informações sintetizadas a partir de.9

VII. Como é adorar em uma Igreja Ortodoxa?

Entrar numa igreja ortodoxa pela primeira vez é entrar num outro mundo. É uma experiência que envolve não apenas a mente, mas toda a pessoa - todos os cinco sentidos são atraídos para um ato de adoração que é ao mesmo tempo antigo e sempre novo. Para muitos que estão acostumados a outras formas de adoração cristã, pode ser esmagadora, bonita e profundamente comovente. Para compreender o que está a acontecer, é útil ver o «porquê» por detrás do «o quê».

A Divina Liturgia: Céu na Terra

O coração da adoração ortodoxa é a Divina Liturgia. Não se trata simplesmente de um «serviço», de uma reunião de oração ou de um sermão com algumas canções. A Igreja Ortodoxa compreende a Liturgia como a obra comum.leitourgia) de toda a Igreja - tanto na terra como no céu - reunida para adorar a Santíssima Trindade.38 É o momento em que o tempo e a eternidade se tocam, e nos é dado um verdadeiro antegozo do Reino de Deus.

Muitos visitantes pela primeira vez são surpreendidos por este foco diferente. Uma pessoa, oriunda de um contexto evangélico não litúrgico, partilhou que o seu primeiro pensamento era: «Quando é que vão chegar aos hinos da congregação e ao sermão?».39 Isto destaca uma distinção fundamental: Na adoração ortodoxa, o sermão é importante, mas não é o evento central. O acontecimento central é a Eucaristia - o mistério de receber o verdadeiro Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo.38

Todo o serviço é um caminho rumo a esta santa comunhão. É participativo, não um espetáculo para um público. O sacerdote e o povo voltam-se juntos para o Oriente, em direção ao sol nascente, símbolo de Cristo ressuscitado. Eles estão numa viagem comum, oferecendo sua adoração a Deus como um só corpo.40 A adoração não se trata de gerar um certo sentimento ou emoção, embora sentimentos profundos de paz e alegria sejam frequentemente experimentados. Trata-se de oferecer «verdadeiro culto divino» a Deus simplesmente porque Ele é Deus e é digno de toda a glória e honra.40

Ícones e a Iconostasis: Janelas para o Céu

Uma igreja ortodoxa está cheia de imagens sagradas, ou ícones. Estas são pinturas estilizadas e bidimensionais de Cristo, a Theotokos (a Mãe de Deus), as cenas da Bíblia. Para um estranho, isto pode parecer uma violação do segundo mandamento. Mas para os ortodoxos, os ícones não são ídolos. A honra mostrada ao ícone não é direcionada à madeira e à pintura, mas passa diretamente para a pessoa santa que ele retrata.41 Beijamos um ícone de Cristo por amor ao próprio Cristo, assim como podemos beijar uma fotografia de um membro amado da família.

Os ícones são frequentemente designados por «teologia a cores» ou «janelas para o céu».41 Não são apenas arte religiosa; São objetos sagrados que nos apresentam a realidade do mundo espiritual. Recordam-nos que estamos rodeados por uma «grande nuvem de testemunhas» (Hebreus 12:1).

A característica mais proeminente em uma igreja ortodoxa é a Iconostasis, a tela de ícones que fica entre o corpo principal da igreja (a Nave) e a área do altar (o Santuário).44 Esta não é uma barreira destinada a separar o povo de Deus. Pelo contrário, é entendida como uma ponte que liga o reino terreno com o celestial.45 Os ícones na tela - de Cristo, Sua Mãe e os santos - mostram-nos os que nos levam para o reino celestial. As portas centrais, chamadas Portas Reais, abrem-se em momentos-chave da Liturgia, dando-nos um vislumbre do mistério do altar, que representa o trono de Deus.47

Os santos: A nossa família e a Nuvem de Testemunhas

Na adoração e na vida ortodoxa, os santos estão sempre presentes. Não são vistos como figuras históricas mortas, mas como membros vivos e activos da Igreja no céu. São a nossa família espiritual, os nossos modelos e os nossos poderosos intercessores que rezam por nós perante o trono de Deus.48

Pedir a um santo que reze por nós é uma expressão natural da «comunhão dos santos», o vínculo inquebrável de amor que une todos os membros do Corpo de Cristo, tanto na terra como no céu.48 Assim como pedimos aos nossos amigos na terra que rezem por nós, pedimos aos nossos amigos no céu, que são glorificados e estão na presença de Deus, que façam o mesmo. Isto não é adoração - a adoração é devida apenas a Deus - mas veneração, uma expressão de honra e amor para aqueles que lutaram o bom combate e terminaram a corrida.

Um ritmo de festas e jejuns: Viver a vida de Cristo

A vida espiritual ortodoxa está estruturada em torno de um ciclo anual de festas e jejuns. Este ritmo permite aos fiéis percorrer toda a vida de Cristo, desde a sua Natividade até à sua Ressurreição gloriosa, e celebrar a memória dos seus santos.

A maior e mais alegre festa de todas é Pascha, a celebração ortodoxa da Páscoa. É a «Festa das Festas». A celebração começa normalmente no final da noite de sábado. A igreja é escura, representando o túmulo e as trevas do mundo sem Cristo. À meia-noite, o sacerdote emerge do altar com uma única vela acesa, proclamando: «Venha, receba a luz da luz indesejada e glorifique a Cristo, que ressuscitou dos mortos!».51 Esta única chama é passada de pessoa para pessoa, até que toda, uma vez escura, seja preenchida com o brilho quente de centenas de velas. Os fiéis então percorrem o exterior da igreja e voltam às portas para ouvir o Evangelho da Ressurreição proclamado. O resto do serviço está cheio de hinos triunfantes e o refrão alegre, repetido uma e outra vez: «Cristo ressuscitou!» ao qual o povo responde, «Ele ressuscitou!».51 Os relatos pessoais descrevem a experiência como «mágica», um momento de alegria poderosa, de comunhão e de um sentido tangível da vitória de Cristo sobre a morte51.

Este culto rico, sensorial e profundamente teológico é uma característica da Ortodoxia. Resulta da crença da Igreja na Encarnação: porque Deus assumiu um corpo físico, nós O adoramos com os nossos corpos físicos - ao ver, ouvir, cheirar, provar e tocar. É um culto holístico para toda a pessoa, destinado a atrair-nos, corpo e alma, em comunhão com o Deus vivo.

VIII. Como é a vida espiritual diária de um cristão ortodoxo?

A adoração vibrante da Divina Liturgia no domingo é a fonte e o ápice da vida cristã ortodoxa, mas não é a totalidade dela. A fé destina-se a permear todos os aspetos da existência de uma pessoa, transformando os momentos comuns em oportunidades de comunhão com Deus. A espiritualidade ortodoxa proporciona um «modo de vida» rico e comprovado pelo tempo, um conjunto de ferramentas e disciplinas práticas concebidas para ajudar a alma no seu caminho em direção à Theosis. Esta não é uma fé durante apenas uma hora por semana. é um percurso de 24 horas por dia, sete dias por semana.

A Regra de Oração: Uma conversa diária com Deus

Uma prática fundamental na vida quotidiana ortodoxa é a «regra de oração». Trata-se de um compromisso com uma rotina diária coerente de oração, normalmente observada de manhã ao acordar e à noite antes de dormir53. Esta não é uma obrigação legalista de ser excluído de uma lista, mas uma disciplina de amor, tal como um casal tem tempo para falar um com o outro todos os dias para manter a sua relação viva.

O conteúdo de uma regra de oração pode ser flexível e muitas vezes é desenvolvido com a orientação de um pai espiritual, mas geralmente inclui um conjunto central de orações antigas. Estas começam frequentemente com as Orações Trisagion («Deus Santo, Santo Poderoso, Santo Imortal, tem misericórdia de nós»), seguidas da Oração do Senhor, do Salmo 50 (uma poderosa oração de arrependimento) e do Credo Niceno53. Estas orações são ditas num espaço dedicado em casa, muitas vezes chamado de «canto de oração» ou «canto ícone», onde os ícones da família são colocados e uma vela ou lâmpada de óleo pode ser acesa53. O objetivo não é apressar as palavras, mas rezar com atenção, estar conscientemente na presença de Deus e oferecer-lhe o dia54.

Oração de Jesus: Uma Espada para o Coração

Um dos tesouros mais preciosos da espiritualidade ortodoxa é a Oração de Jesus. Na sua forma mais comum, a oração é simplesmente: «Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, pecador».56

O poder desta oração reside na sua simplicidade poderosa e no seu enfoque no santo nome de Jesus. É uma oração que pode ser feita por qualquer pessoa, a qualquer momento, em qualquer lugar. É uma forma de cumprir a ordem do apóstolo Paulo de «orar sem cessar» (1 Tessalonicenses 5:17).58 Enquanto trabalha, conduz, caminha, ou em momentos de ansiedade ou tentação, a invocação silenciosa e repetitiva do Nome de Jesus ajuda a concentrar a mente, a acalmar o coração e a voltar a alma para Deus.57 Os antigos monges do deserto chamavam tais orações curtas e concentradas de «orações de seta», porque podiam ser disparadas para o céu a partir do meio da vida quotidiana.58 Para muitos, a Oração de Jesus torna-se um companheiro constante, um batimento espiritual do coração que está subjacente a todas as suas atividades.

Jejum: Uma ferramenta para a liberdade

O jejum é um elemento indispensável da vida espiritual ortodoxa. Não é realizada por razões de saúde ou como uma forma de castigo, mas como uma disciplina espiritual vital que é sempre destinada a ser combinada com a oração intensificada e atos de caridade (almizade).

A Igreja Ortodoxa observa um ritmo de jejum durante todo o ano. A maioria das quartas-feiras (em memória da traição de Cristo por Judas) e sextas-feiras (em memória da sua crucificação vivificante) são dias de jejum.60 Nestes dias, os fiéis abstêm-se de carne, produtos lácteos, ovos, peixe, vinho e azeite. Há também quatro estações de jejum mais longas que precedem as grandes festas: Grande Quaresma antes da Páscoa, o jejum da Natividade antes do Natal, o jejum dos Apóstolos no início do verão e o jejum da Dormição em agosto.59

O propósito do jejum não é fazer com que Deus nos ame mais, mas libertar-nos da escravidão de nossas paixões e desejos. É uma ferramenta para desenvolver o autocontrole, a humildade e a dependência de Deus. Ao negar voluntariamente o corpo, fortalecemos a alma e purificamos a mente, tornando mais fácil concentrar-se na oração e nas coisas de Deus.59 É uma tristeza alegre, uma disciplina que leva à leveza espiritual e à liberdade.

O Pai Espiritual: Um guia para a viagem

A tradição ortodoxa dá grande ênfase à sabedoria de procurar orientação no caminho espiritual. É fortemente encorajado para todo cristão sério ter um "pai espiritual" (ou "mãe espiritual").62 Para a maioria dos leigos, esta pessoa é o seu pároco, a quem vão para o sacramento da Confissão64.

A relação com um pai espiritual não é uma relação de obediência cega e inquestionável, mas uma relação de amor poderoso, confiança e compromisso mútuo para realizar a salvação.65 É uma relação sagrada em que se pode abrir o coração, confessar os seus pecados e lutas e receber conselhos, encorajamento e orientação adaptados à sua situação de vida específica. O pai espiritual atua como um guia na montanha da fé, alguém que já percorreu o caminho antes e pode ajudar a apontar o caminho, os perigos e as rotas seguras.63 Esta relação proporciona responsabilidade e sabedoria cruciais, impedindo-o de cair no orgulho ou na ilusão espiritual na jornada desafiadora, mas bela, em direção à união com Deus.

Estas práticas — a regra de oração, a Oração de Jesus, o jejum e a orientação espiritual — são as terapias oferecidas pelo «hospital espiritual» da Igreja.66 São os meios testados pelo tempo pelos quais a alma é curada, purificada e fortalecida para a sua viagem de regresso ao Reino dos Céus.

IX. É possível partilhar algumas histórias pessoais de pessoas que encontram uma casa na Ortodoxia?

Factos e doutrinas podem descrever uma fé, mas é nas histórias pessoais dos corações humanos que muitas vezes vemos a fé ganhar vida. A viagem à Igreja Ortodoxa é profundamente pessoal e, no entanto, nas histórias daqueles que fizeram esta viagem, podemos ouvir ecos comuns de um anseio partilhado e de uma descoberta partilhada. Estas não são apenas anedotas; são testemunhos poderosos da graça de Deus na vida das pessoas comuns que procuram uma fé autêntica e imutável.

Uma viagem de muitos caminhos

As pessoas encontram o seu caminho para a Igreja Ortodoxa de todas as origens concebíveis. Muitos vêm de casas protestantes devotas - batistas, pentecostais, evangélicos - enquanto outros vêm do catolicismo romano, e ainda outros do agnosticismo, ateísmo ou mesmo de outras religiões mundiais.67

Um fio comum que atravessa muitas destas histórias é um sentimento de inquietação espiritual ou um sentimento de que algo estava faltando em sua experiência anterior do cristianismo. Alguns descrevem uma fé que se sentiu fragmentada em milhares de denominações concorrentes, deixando-as a pensar: «Onde está a única e verdadeira Igreja que Cristo fundou?».69 Outros falam de uma vida espiritual que se sentiu emocionalmente motivada, mas teologicamente superficial, ou cheia de «ocupação e vazio».70 Um convertido de origem pentecostal, após um período de ateísmo, começou a estudar a ortodoxia e foi atraído por «quanto a Igreja Ortodoxa preservou desde o tempo de Cristo».67

Descobrir a Verdade e a História

Para muitos buscadores, as reivindicações intelectuais e históricas da Igreja Ortodoxa são uma atração poderosa. Num mundo em constante mudança, a descoberta de uma Igreja que manteve a mesma fé, o mesmo culto e a mesma estrutura durante dois mil anos pode ser uma revelação poderosa. Uma pessoa que tinha crescido numa tradição «uma vez salvo, sempre salvo» começou a questionar a desunião do cristianismo moderno. Refletindo sobre o apelo bíblico a «um só Senhor, uma só fé, um só batismo», perguntou: «Então, onde estava a verdade?» Sentiu que Deus respondia à sua oração, conduzindo-a aos ortodoxos, que passou a ver como a plenitude da fé, «solidamente fundamentada na correta compreensão das Escrituras».69

O Encontro com o Culto Reverente

Embora a história e a teologia possam abrir a porta, muitas vezes é a experiência do culto ortodoxo que capta o coração. Para inúmeros convertidos, a primeira vez que assistem a uma Divina Liturgia é um momento fundamental, que altera a vida. Eles encontram uma beleza, uma reverência e um sentimento de santidade que é diferente de qualquer coisa que já experimentaram antes.

Uma mulher, ao entrar pela primeira vez numa igreja ortodoxa, descreveu estar «literalmente paralisada de espanto». Escreveu: «Os meus pés pareciam chumbo. Não conseguia mexer-me. Sabia imediatamente que este era um lugar santo... um lugar de reverência que era estranho para mim, mas que me parecia muito familiar».69 Outro convertido, oriundo de um contexto de culto moderno, ficou impressionado com o que estava no centro do serviço. Observou: «Achei que a Eucaristia era celebrada como o verdadeiro corpo e sangue de Cristo... E esse era o centro das atenções – a presença (invisível) de Cristo no meio de nós».70 Os cantos antigos, o cheiro do incenso, a visão dos ícones – este «coro de belos elementos» pode abrir um coração que tem procurado um culto verdadeiramente dirigido a Deus68.

Encontrar um hospital espiritual

A viagem à Ortodoxia nem sempre é fácil ou imediata. Trata-se de uma verdadeira conversão, a metanoia ou mudança de espírito e de coração, que implica ser desafiado e «reconstruído a partir do zero».68 Para alguns, o caminho para a Igreja começa num tempo de grande crise pessoal ou tragédia. Uma pessoa, depois de ter sido deixada completamente destruída pela vida, descreveu encontrar na Igreja «o hospital espiritual mais poderoso que existe neste mundo».67

Esta imagem da Igreja como um hospital para a alma é central para a compreensão ortodoxa. Não é um museu para a perfeição, mas um local de cura para os pecadores que lutam. O caminho é uma viagem ao longo da vida de «ser salvo», um processo contínuo de arrependimento, cura e crescimento na graça de Deus69. Estas histórias, cheias de luta e graça, revelam que a Igreja Ortodoxa não é apenas um conjunto de crenças a serem aceitas, mas uma casa a ser encontrada, uma família a ser unida e um lugar de cura poderosa para a alma humana.

X. Onde posso ir para saber mais?

Esta viagem de descoberta no coração do cristianismo ortodoxo não tem que terminar aqui. Se o que leu despertou um desejo no seu coração de aprender mais, há uma riqueza de recursos maravilhosos disponíveis para guiá-lo nos próximos passos. A Igreja sempre prezou tanto a aprendizagem como uma experiência viva e pessoal da fé.

Recursos online confiáveis

Em nossa era digital, há muitas excelentes fontes online para obter informações confiáveis sobre a fé ortodoxa, criada para compartilhar a beleza da Igreja com o mundo.

  • Ministérios da Fé Antiga: Este é talvez o recurso ortodoxo de língua inglesa mais abrangente disponível. Inclui a Ancient Faith Radio, uma estação online com música e conversação; Publicação de Fé Antiga, que oferece uma vasta gama de livros; e uma coleção de blogues e podcasts de um leque diversificado de sacerdotes, académicos e leigos. Trata-se de um tesouro de «conhecimentos contemporâneos sobre cultura e teologia» numa perspetiva ortodoxa71.
  • Fraternidade Cristã Ortodoxa (OCF): Para estudantes universitários, jovens adultos ou qualquer pessoa jovem em sua viagem, o site da OCF é um recurso inestimável. Disponibiliza artigos acessíveis, vídeos e tópicos de discussão concebidos para ajudar os jovens a navegar a sua fé no mundo moderno.73
  • Sítios oficiais da Igreja: Os sites oficiais das várias jurisdições ortodoxas são excelentes fontes de informações fundamentais. A Igreja Ortodoxa na América (oca.org) e a Arquidiocese Ortodoxa Grega da América (goarch.org) têm extensas seções com artigos que explicam a fé ortodoxa, o culto, a história e a espiritualidade de uma forma clara e autorizada.

Livros para a viagem

Para aqueles que desejam mergulhar mais fundo, alguns livros-chave serviram como guias fiéis para gerações de buscadores.

  • Um excelente ponto de partida para muitos é A Igreja Ortodoxa* ou O Caminho Ortodoxopelo Metropolita Kallistos Ware. Estes livros são amplamente considerados clássicos modernos, escritos com bela prosa, profundo discernimento teológico e um caloroso coração pastoral. Fornecem uma introdução abrangente e acessível à história, às crenças e à vida espiritual da Igreja Ortodoxa.
  • Para aqueles que estão prontos para um mergulho mais profundo na espiritualidade ortodoxa, a Philokalia é o texto espiritual mais importante do mundo ortodoxo após a Bíblia Sagrada.74 É uma vasta coleção de escritos sobre a oração, a vigilância e a vida interior, compilados entre os séculos IV e XV.74 É um guia para o que os Padres da Igreja chamaram de «arte das artes e ciência das ciências» — o caminho para purificar o coração e alcançar a união com Deus.74
  • É muito importante oferecer-lhe uma palavra de cuidado amoroso aqui. Textos espirituais avançados, como o Philokalia Foram escritos principalmente para monges e devem sempre ser lidos com a orientação de um pai ou sacerdote espiritual experiente. Lê-los sem a devida orientação pode levar à incompreensão, ao orgulho ou à ilusão espiritual.75 O caminho para Deus é o da humildade, e nós o percorremos melhor com um guia confiável.

O passo mais importante: «Vem e vê»

Embora os livros, podcasts e sites sejam excelentes presentes e ferramentas maravilhosas para a aprendizagem, eles só podem levá-lo até agora. A fé ortodoxa não é encontrada em um livro ou em uma tela. É uma realidade viva e respiratória que deve ser vivida. O coração da Ortodoxia encontra-se na comunhão do no meio da comunidade orante, diante do altar de Deus.

Portanto, o próximo passo mais importante para quem é genuinamente curioso é seguir os conselhos simples e corajosos oferecidos por inúmeros sacerdotes e convertidos: «Queira visitar uma igreja ortodoxa para um culto e falar com o sacerdote».77

Encontre uma paróquia perto de si. Não tenha medo ou intimidação. Não será pressionado ou colocado no local. Será recebido como um convidado respeitado. Vá com o coração aberto. Ouçam as orações. Olhar para os ícones. Cheira o incenso. Experimente a beleza da Liturgia. Depois do culto, apresenta-te ao sacerdote e partilha a tua viagem com ele. Diga-lhe que está explorando a fé. Este é o convite mais antigo e abençoado da fé cristã, o mesmo que o apóstolo Filipe ofereceu a Natanael: «Vinde ver» (João 1:46). Que Deus vos abençoe no vosso caminho.

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