Onde Jesus foi baptizado?
Pensemos no local sagrado onde nosso Senhor Jesus Cristo foi batizado. Os Evangelhos dizem-nos que Jesus veio de Nazaré, na Galileia, para ser batizado por João no rio Jordão. Mas onde exatamente ao longo deste rio ocorreu este acontecimento importante?
As provas arqueológicas e a tradição cristã apontam para um sítio chamado «Bethany beyond the Jordan» (Betânia para além do Jordão) como o local do batismo de Jesus. Este lugar sagrado está situado na margem oriental do rio Jordão, ao norte do Mar Morto. É um local de imenso significado religioso, aceito pela maioria das denominações cristãs em todo o mundo como o local autêntico onde João batizou Jesus (Waheeb, 2019).
Em 2015, a UNESCO reconheceu o local do batismo «Bethany beyond the Jordan» (Al-Maghtas) como Património Mundial. Este reconhecimento afirma a sua importância histórica e espiritual. O sítio inclui várias áreas distintas: Tell al-Kharrar (também conhecido como Elijah’s Hill), a área do Mosteiro com a sua Grande Piscina e as Igrejas de São João Batista (Waheeb, 2019).
Escavações recentes revelaram vestígios arquitetónicos como igrejas, pisos de mosaico, cavernas e sistemas de água. Estas estruturas representam um grande complexo construído durante o período bizantino para comemorar eventos sagrados para os primeiros crentes (Waheeb, 2019). A presença destas estruturas antigas testemunha a reverência de longa data por este lugar.
Maravilhemo-nos com a providência de Deus, meus queridos amigos. O local onde nosso Senhor se humilhou para ser batizado tem sido preservado através dos tempos. É um testemunho da realidade da Encarnação – o Verbo feito carne que habitou entre nós. Quando contemplamos este local sagrado, somos lembrados de que o nosso Deus não está distante, mas Aquele que entrou no próprio tecido da história e da geografia humanas.
Quão longe Jesus viajou de Nazaré para ser batizado?
Pensemos no caminho que o nosso Senhor Jesus empreendeu desde a sua cidade natal de Nazaré até ao local do seu baptismo. Esta viagem física reflete o caminho espiritual que cada um de nós deve fazer para encontrar a graça de Deus.
Embora a distância exata não esteja especificada nos Evangelhos, podemos fazer uma estimativa razoável com base na geografia da Terra Santa. Nazaré, onde Jesus cresceu, situa-se na região da Galileia, no norte de Israel. O local do batismo, «Bethany além do Jordão», situa-se perto do Mar Morto, muito mais a sul.
A distância direta entre Nazaré e o local tradicional do batismo é de aproximadamente 100 quilómetros (cerca de 62 milhas). Mas a distância real de viagem teria sido maior, provavelmente cerca de 120-150 quilómetros (75-93 milhas), uma vez que Jesus teria seguido estradas e caminhos estabelecidos (A. Abueladas & Akawwi, 2020; A.-R. A. Abueladas & Akawwi, 2020, pp. 1-21.
Esta viagem teria levado Jesus através de diversas paisagens – desde as colinas da Galileia, passando pelo vale do Jordão, até às regiões áridas perto do Mar Morto. Cada passo desta viagem foi um passo em direção ao seu ministério público, um ministério que mudaria o curso da história humana.
Devemos lembrar que, naqueles dias, tal viagem não foi realizada de ânimo leve. Teria envolvido vários dias de caminhada, possivelmente uma semana ou mais, dependendo do percurso exato e do ritmo. Jesus teria enfrentado os desafios do terreno, o calor do dia e o frio da noite. Pode ter viajado sozinho ou na companhia de outros que faziam peregrinações semelhantes.
Esta longa viagem recorda-nos a intencionalidade das ações de Jesus. Ele não se limitou a suceder a João Batista. Ele procurou-o deliberadamente. Jesus percorreu esta distância considerável com propósito, sabendo que seu batismo marcaria o início de seu ministério público.
Ao contemplarmos este caminho, perguntemo-nos: Que distâncias estamos dispostos a percorrer pela nossa fé? Estamos dispostos a sair das nossas zonas de conforto, como Jesus deixou Nazaré, para cumprir a vontade de Deus para as nossas vidas? A distância física que Jesus percorreu reflete a distância espiritual que Ele fez entre a humanidade e Deus.
Que este caminho de Jesus nos inspire nas nossas viagens espirituais. Que possamos, como Cristo, estar dispostos a percorrer caminhos difíceis, percorrer grandes distâncias – tanto físicas como espirituais – para encontrar a graça de Deus e cumprir o nosso chamado.
Por que Jesus escolheu ser batizado por João Batista?
A questão de por que Jesus escolheu ser batizado por João é uma questão que toca o próprio coração da nossa fé. Revela-nos a humildade de nosso Senhor e a profundidade de sua solidariedade com a humanidade.
Devemos compreender que o batismo de João foi um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados. No entanto, Jesus, por estar sem pecado, não tinha necessidade de arrependimento. Então, por que Ele se submeteu a este batismo? A resposta está na missão de Jesus e na sua identificação connosco, o seu povo.
Ao escolher ser batizado por João, Jesus alinhou-se com a humanidade pecadora que veio salvar. Como São Paulo escreveria mais tarde, «Deus fez aquele que não tinha pecado para ser pecado por nós, para que nele pudéssemos tornar-nos a justiça de Deus» (2 Coríntios 5:21). No seu batismo, Jesus já começava a tomar sobre Si os pecados do mundo (Pricop, 2023, pp. 592-619).
O batismo de Jesus foi uma forma de afirmar e apoiar o ministério de João. João tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e, ao vir para ser batizado, Jesus apoiava publicamente o papel de João. Foi um momento de transição, onde o ministério do precursor reuniu-se e deu lugar ao ministério do Messias (Moldávia, 2023).
Vemos também neste evento a perfeita obediência de Jesus à vontade do Pai. Quando João inicialmente resistiu a batizar Jesus, nosso Senhor respondeu: "Que assim seja agora; é próprio de nós fazermos isto para cumprir toda a justiça" (Mateus 3:15). Jesus estava a mostrar-nos que a verdadeira justiça envolve a obediência humilde ao plano de Deus, mesmo quando pode parecer desnecessária ou abaixo da dignidade de alguém (Betânia além do Jordão (Jordânia) n.o 1446, 2016).
O batismo de Jesus serviu de inauguração do seu ministério público. Foi neste momento que os céus se abriram, o Espírito desceu como uma pomba, e a voz do Pai declarou: «Este é o meu Filho, a quem amo; Estou muito satisfeito com ele» (Mateus 3:17). Esta afirmação divina marcou o início da missão de Jesus de proclamar o Reino de Deus (Paczkowski, 2016, pp. 39-73).
Ao escolher ser batizado por João, Jesus também prefigurava o sacramento do Batismo que instituiria para a sua Igreja. O seu batismo santificou as águas, tornando-as um canal da graça divina para todos os que O seguissem.
Qual foi o significado do batismo de Jesus?
O batismo de nosso Senhor Jesus é um acontecimento de grande significado, rico em significado e implicações para a nossa fé. Reflictamos sobre a sua importância com o coração e a mente abertos.
O batismo de Jesus marca o início do seu ministério público. É um momento crucial de transição, onde Jesus sai dos anos escondidos em Nazaré e entra no seu papel de Messias, o Ungido de Deus. Este acontecimento, registrado em todos os quatro Evangelhos, ressalta a sua importância central na vida de Cristo e da Igreja primitiva (Antonius, 2019). Além disso, o significado do batismo de Jesus vai além da sua identificação como Messias; também estabelece um precedente para o sacramento do batismo como um componente vital da fé cristã. Este momento convida os crentes a empenharem-se numa reflexão mais profunda sobre os seus próprios percursos espirituais,Exploração da cronologia do batismo de Jesus«um estudo essencial para a compreensão dos fundamentos da fé cristã. Como seguidores de Cristo, compreender este evento transformador ajuda a reforçar a importância do arrependimento e da iniciação na comunidade dos crentes.
No momento do seu batismo, testemunhamos uma bela revelação trinitária. O Filho é batizado, o Espírito Santo desce como uma pomba e a voz do Pai é ouvida do céu. Esta teofania, ou manifestação de Deus, revela a profunda unidade e as distintas pessoas da Santíssima Trindade. É um momento em que o céu toca a terra e o divino penetra de forma tangível na história humana (ZadorozhnyÑ–, 2023).
O batismo de Jesus serve também de modelo para o nosso próprio batismo. Embora não tivesse necessidade de arrependimento, Jesus humilhou-se para ser batizado, santificando as águas e estabelecendo o sacramento do Batismo para a sua Igreja. Neste ato, Ele identifica-se com a humanidade pecadora, prenunciando a Sua identificação definitiva connosco na cruz (Somov, 2018, pp. 240-251).
O batismo de Jesus é um momento de unção e capacitação pelo Espírito Santo. A descida do Espírito sobre Jesus não é apenas um gesto simbólico, mas um verdadeiro equipamento para a Sua missão messiânica. Recorda-nos que o nosso próprio batismo não é apenas um ritual, mas um verdadeiro derramamento do Espírito Santo, capacitando-nos para a vida e o serviço cristãos (Waheeb et al., 2018, pp. 1399-1411).
A declaração do Pai, «Este é o meu Filho amado, com quem estou muito satisfeito», afirma a filiação divina de Jesus e a aprovação da missão do Pai. Faz eco das palavras de Isaías sobre o Servo Sofredor, ligando o batismo de Jesus à sua futura morte sacrificial na cruz (Steinmann, 2022).
O batismo de Jesus também prefigura a sua morte e ressurreição. À medida que Ele desce às águas e ressuscita, vemos um prenúncio de sua descida à morte e sua ressurreição gloriosa. O nosso próprio batismo une-nos a Cristo neste mistério pascal, morrendo para o pecado e ressuscitando para uma vida nova n'Ele (Ilnicka, 2022).
Por último, o batismo de Jesus inaugura a era messiânica, o tempo do cumprimento das promessas de Deus. Assinala o início da restauração de toda a criação, um processo que continua através da Igreja até ao regresso de Cristo (Waheeb & Mahmoud, 2017, p. 19).
Quanto tempo durou a viagem de Jesus até ao batismo?
Como discutimos anteriormente, a distância entre Nazaré e o local do batismo em «Bethany além do Jordão» era considerável, provavelmente cerca de 120-150 quilómetros (75-93 milhas). No tempo de Jesus, a maioria das pessoas viajava a pé e o terreno entre a Galileia e o vale do rio Jordão era variado e, por vezes, desafiante (Zoubi & Ibrahim, 2020, pp. 72-78).
Um viajante típico naqueles dias pode cobrir cerca de 20-30 quilómetros (12-18 milhas) por dia em condições normais. Tendo em conta o que precede, podemos estimar que a viagem poderia ter durado entre 4 e 7 dias, dependendo do percurso exato efetuado e do ritmo da viagem (Waheeb et al., 2013, pp. 123-131).
Mas devemos lembrar-nos de que esta viagem não foi apenas física. Para Jesus, foi uma peregrinação espiritual, um tempo de preparação para o acontecimento importante que marcaria o início do seu ministério público. Podemos imaginar que Ele tenha tirado o seu tempo, talvez parando para rezar, para contemplar a missão que estava à sua frente e para comunicar-se com o Pai (Dube, 2019).
Sabemos que Jesus muitas vezes retirou-se para lugares solitários para orar (Lucas 5:16). É possível que Ele tenha prolongado a sua viagem para este fim, procurando momentos de solidão e preparação à medida que se aproximava deste momento crucial da sua missão (Simatupang, 2023).
Devemos também considerar a possibilidade de que Jesus possa ter viajado com os outros. Naqueles tempos, era comum as pessoas viajarem em grupos por segurança e companheirismo. Se fosse esse o caso, o ritmo da viagem poderia ter sido determinado pelas necessidades e capacidades do grupo (Kartzow, 2024).
Embora não possamos ter a certeza, é possível que a viagem de Jesus para o batismo tenha durado de uma a várias semanas. Este tempo teria sido preenchido com antecipação, oração e preparação para o ministério que estava à frente.
Ao refletirmos sobre o caminho de Jesus para o batismo, consideremos as nossas próprias viagens espirituais. Como Cristo, também nós estamos a caminho de uma comunhão mais plena com Deus e de um maior serviço ao seu povo. Às vezes esta viagem pode parecer longa e desafiadora, mas podemos ter conforto em saber que Jesus percorreu este caminho à nossa frente.
Aproximemo-nos das nossas viagens espirituais com a mesma intencionalidade e devoção que Jesus demonstrou no seu caminho para o Baptismo. Dediquemos tempo à oração, à reflexão e à preparação, enquanto procuramos cumprir a vontade de Deus nas nossas vidas. E lembremo-nos sempre de que, por mais longa ou difícil que pareça a jornada, Cristo está conosco a cada passo do caminho.
Jesus viajou sozinho ou com os companheiros?
Desde o início de sua vida pública, vemos Jesus chamar os discípulos a segui-lo. No Evangelho de Marcos, lemos como Jesus chamou Simão e André, depois Tiago e João, para deixarem as suas redes de pesca e se tornarem «pescadores de homens» (Marcos 1:16-20). Isto sugere que, mesmo no início de seu ministério, Jesus valorizava a companhia e a comunidade.
Embora não possamos dizer com certeza que estes primeiros discípulos acompanharam Jesus ao seu baptismo, seria conforme ao seu carácter e à sua missão caminhar com os outros. O nosso Senhor modelou consistentemente uma vida de relação – com o seu Pai celestial, com os seus discípulos e com todos aqueles que encontrou. Não se isolou, mas convidou outros a entrarem na sua vida e no seu trabalho.
Devemos também recordar que, na cultura do tempo de Jesus, as viagens eram muitas vezes realizadas em grupos para garantir a segurança e o apoio prático. Os peregrinos que viajavam para Jerusalém para festivais formavam caravanas. É bem possível que Jesus se tenha juntado a esse grupo de viajantes durante, pelo menos, parte da sua viagem até ao Jordão.
Mesmo que Jesus tenha andado sozinho por trechos desta viagem crucial, podemos ter certeza de que nunca esteve verdadeiramente sozinho. O Evangelho de João diz-nos que «o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus» (João 1:1). Na sua própria natureza de Filho encarnado, Jesus viveu em constante comunhão com o Pai e o Espírito Santo.
Que caminho Jesus provavelmente tomou para chegar ao local do batismo?
Sabemos que Jesus veio «da Galileia ao Jordão para ser batizado por João» (Mateus 3:13). Isto diz-nos que o seu ponto de partida foi na região norte da Galileia, provavelmente perto de Nazaré, onde ele tinha crescido. O local do batismo, como descrito nos Evangelhos, estava ao longo do rio Jordão.
Recentes descobertas arqueológicas esclareceram a localização provável do batismo de Jesus. O sítio conhecido como «Bethany beyond the Jordan», na margem oriental do rio, foi identificado como o local mais provável (Waheeb, 2012, p. 200; Waheeb et al., 2013, pp. 123-131). Esta área, atualmente situada na atual Jordânia, foi reconhecida como Património Mundial da UNESCO devido ao seu forte significado religioso («Betânia para além da Jordânia» (Jordânia) n.o 1446, 2016).
A rota mais direta da Galileia para este local de batismo teria levado Jesus através do Vale do Jordão. Esta viagem teria sido de cerca de 60-70 milhas, uma distância considerável naqueles tempos. Nosso Senhor pode ter viajado ao longo do lado ocidental do rio Jordão, passando por Samaria e Judeia antes de atravessar para a margem oriental perto de Jericó.
Mas devemos também considerar que a viagem de Jesus não foi apenas uma peregrinação física, mas uma peregrinação espiritual. Ele pode ter escolhido um caminho que tinha um significado mais profundo. Alguns estudiosos sugerem que ele poderia ter seguido um caminho através do deserto da Judeia, ecoando a jornada do Êxodo dos israelitas e o próprio tempo de João Batista no deserto.
Enquanto Jesus andava, ele teria encontrado uma paisagem diversificada. A região exuberante e fértil da Galileia teria dado lugar aos terrenos mais áridos da Samaria e da Judeia. Ao aproximar-se do Jordão, teria descido ao seu vale, um forte contraste entre o deserto e as águas vivificantes do rio.
Cada passo desta viagem foi um passo para o cumprimento de sua missão. Enquanto caminhava, talvez refletisse sobre as palavras dos profetas que predisseram a sua vinda. Talvez rezasse por aqueles que em breve encontraria no seu ministério. Certamente, comungou profundamente com o Pai, preparando-lhe o coração para o acontecimento importante que viria.
Como era a paisagem e o terreno ao longo da viagem de Jesus?
A partir da Galileia, Jesus teria deixado para trás as suaves colinas e os férteis vales da sua região natal. Esta era uma terra de abundância, onde aldeias piscatórias pontilhavam as margens do Mar da Galileia e campos de grãos balançavam na brisa. Talvez, ao partir, tenha feito uma pausa para olhar para trás, para esta paisagem familiar, sabendo que a sua missão em breve o levaria muito para além destas praias pacíficas.
À medida que viajava para o sul, o terreno tornar-se-ia mais acidentado. Se ele seguisse o caminho através de Samaria, teria encontrado colinas ondulantes e afloramentos rochosos. Esta era uma terra de contrastes, onde as tensões entre judeus e samaritanos eram profundas. No entanto, Jesus, no seu ministério posterior, demonstraria que o amor de Deus não conhece tais limites.
Continuando, nosso Senhor teria entrado na Judeia, onde a paisagem gradualmente transita para um ambiente mais árido. As colinas verdes dão lugar a um terreno cada vez mais estéril e rochoso. Esta mudança na paisagem espelha a viagem espiritual dos confortos do lar para o caminho desafiador do chamado de Deus.
Quando Jesus se aproximasse do seu destino, teria descido ao vale do Jordão. Esta mudança dramática na elevação – das alturas das colinas da Judeia para um dos pontos mais baixos da Terra – é uma metáfora poderosa para a humildade de Cristo, que se esvaziou para assumir a nossa natureza humana.
O próprio Vale do Jordão apresenta um forte contraste. De um lado, estende-se o áspero deserto da Judeia – um local de teste e preparação, onde João Batista tinha gritado no deserto. Por outro lado, as águas vivificantes do rio Jordão fluem, um símbolo da provisão de Deus e da nova vida que Jesus ofereceria através do batismo.
Por último, Jesus teria chegado ao local do batismo, provavelmente perto de «Bethany beyond the Jordan» (Waheeb et al., 2013, pp. 123-131). Aqui, a paisagem abre-se, com o largo rio a proporcionar um anfiteatro natural para o acontecimento importante que está por vir. As palhetas ao longo da margem do rio e o céu aberto acima preparam o terreno para a descida do Espírito Santo e a voz de afirmação do Pai.
Ao contemplarmos este caminho, lembremo-nos de que Jesus santificou precisamente esta paisagem com a sua presença. Cada colina que ele subia, cada caminho poeirento que ele trilhava, tornava-se terreno sagrado. Do mesmo modo, as nossas próprias viagens diárias – seja pelas ruas das cidades ou pelas ruas rurais – podem tornar-se peregrinações sagradas se as percorrermos com consciência da presença de Deus.
Que o terreno variado do caminho de Jesus nos recorde que o nosso caminho de discipulado terá os seus altos e baixos, os seus vales férteis e os seus troços desérticos. Mas, tal como o nosso Senhor, avançamos em direção à nossa vocação, sabendo que, no final do nosso caminho, também nós ouviremos a voz do Pai a reivindicar-nos como seus filhos amados.
Como se relaciona a viagem batismal de Jesus com o seu ministério geral?
A viagem de Jesus para ser batizado por João no rio Jordão não foi apenas uma caminhada física, mas uma poderosa peregrinação espiritual que preparou o terreno para todo o seu ministério terreno. Esta viagem, que culmina no seu batismo, constitui um poderoso prólogo da narrativa evangélica, revelando aspetos fundamentais da identidade e da missão de Jesus.
Esta viagem demonstra a profunda humildade e obediência de Jesus à vontade do Pai. Embora estivesse sem pecado, Jesus escolheu ser batizado, identificando-se com a humanidade pecaminosa. Como explicou a João: «Que assim seja agora; é próprio de nós fazermos isto para cumprir toda a justiça" (Mateus 3:15). Este acto de submissão prenuncia o último acto de obediência na cruz, onde Jesus tomaria sobre si os pecados do mundo.
A viagem batismal marca também o início do ministério público de Jesus. Serve como uma transição dos seus anos escondidos em Nazaré para a sua missão activa de pregação, ensino e cura. Assim como esta viagem levava Jesus do ambiente familiar da Galileia para as margens do Jordão, o seu ministério levava-o de aldeia em aldeia, proclamando as boas novas do reino de Deus.
No Jordão, vemos a primeira revelação pública da identidade divina de Jesus. Ao sair das águas, os céus se abrem, o Espírito desce como uma pomba, e a voz do Pai declara: «Este é o meu Filho, a quem amo; Estou muito satisfeito com ele» (Mateus 3:17). Esta manifestação trinitária revela o mistério da pessoa de Jesus e constitui a base do seu ministério. Durante toda a sua obra, Jesus continuamente apontava para a sua relação íntima com o Pai e o seu empoderamento pelo Espírito.
O acontecimento baptismal liga também Jesus à tradição profética, particularmente a João Baptista, que lhe preparou o caminho. Ao aceitar o batismo de João, Jesus afirma o ministério de João, ao mesmo tempo que o ultrapassa. Como o próprio João declarou: «Deve tornar-se maior; Devo tornar-me menos» (João 3:30). Este encontro prepara o terreno para Jesus cumprir e transcender as esperanças e expectativas de Israel.
O caminho de Jesus para o batismo prefigura a natureza missionária do seu ministério. Assim como viajou da Galileia para a Judeia, a sua obra iria além das fronteiras de Israel, acabando por encarregar os seus discípulos de «ir e fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mateus 28:19).
A viagem batismal também inicia um padrão de retirada e regresso que caracteriza o ministério de Jesus. Ao longo dos Evangelhos, vemos Jesus se retirar para orar e comungar com o Pai, depois voltar a se envolver no ministério público. Este ritmo, iniciado com o seu caminho para o Jordão, ensina-nos a importância de equilibrar a contemplação e a ação na vida cristã.
Por último, o batismo de Jesus antecipa o mistério pascal – a sua morte e ressurreição – que está no cerne da sua obra salvífica. Como São Paulo escreveria mais tarde, «Fomos, portanto, sepultados com ele pelo batismo na morte, a fim de que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós possamos viver uma nova vida» (Romanos 6:4).
De todas estas formas, a viagem batismal de Jesus serve como um microcosmo de todo o seu ministério. Revela a sua identidade, inaugura a sua missão e aponta para a sua realização definitiva. Ao refletirmos sobre este momento crucial, que sejamos inspirados a seguir Cristo mais de perto, permitindo que o nosso próprio batismo forme a nossa vida e a nossa missão no mundo.
Que lições espirituais podem os cristãos retirar da viagem batismal de Jesus?
O caminho de Jesus ensina-nos a importância de responder ao chamado de Deus com coragem e obediência. Nosso Senhor deixou a familiaridade da Galileia para embarcar numa missão que mudaria o curso da história. Do mesmo modo, somos chamados a sair das nossas zonas de conforto, a deixar para trás tudo o que nos impede e a seguir Cristo aonde quer que Ele nos conduza. Como o Papa Francisco muitas vezes nos recorda, devemos ser uma «Igreja que sai», sem medo de caminhar para as periferias da sociedade e do nosso próprio coração.
O caminho batismal recorda-nos o valor da preparação e da antecipação na nossa vida espiritual. Jesus não se apressou em seu ministério público, mas tomou tempo para preparar-se através da oração, do jejum e desta grande jornada. Também nós devemos cultivar a paciência e a atenção, permitindo a Deus trabalhar em nós e preparar-nos para as tarefas que nos confiou. Em um mundo que muitas vezes exige resultados instantâneos, somos chamados a abraçar a lenta e transformadora obra do Espírito.
A humildade de Cristo ao submeter-se ao batismo de João oferece-nos outra lição poderosa. Embora sem pecado, Jesus alinhou-se com a humanidade pecadora, mostrando-nos que a verdadeira grandeza está na humildade e no serviço. À medida que caminhamos pela vida, temos de nos esvaziar continuamente do orgulho e da autoimportância, permitindo que a graça de Deus nos encha e trabalhe através de nós.
O caminho batismal de Jesus ensina-nos também a importância da comunidade e da companhia no nosso caminho espiritual. Embora os Evangelhos não especifiquem se Jesus viajou com os outros, sabemos que durante todo o seu ministério, ele reuniu discípulos e amigos ao seu redor. O nosso caminho de fé não se destina a ser solitário. Somos chamados a caminhar juntos, apoiando-nos uns aos outros, como membros do Corpo de Cristo.
Este acontecimento põe em destaque o poder transformador dos momentos sacramentais na nossa vida. Assim como o batismo de Jesus marcou um novo começo na sua missão, o nosso próprio batismo inicia-nos numa nova vida em Cristo. Somos convidados a renovar continuamente o nosso compromisso batismal, permitindo que a graça deste sacramento se desenvolva na nossa vida quotidiana.
A voz do Pai e a descida do Espírito no batismo de Jesus recordam-nos a nossa filiação divina. Também nós somos chamados a viver em íntima comunhão com a Trindade. Esta identidade deve ser a base da nossa autocompreensão e a fonte da nossa dignidade e propósito.
Por último, o caminho de Jesus para o batismo ensina-nos a abraçar o ritmo do afastamento e do empenho na nossa vida espiritual. Assim como Jesus se retirou para o Jordão antes de iniciar seu ministério público, precisamos de momentos de silêncio, oração e reflexão para preparar-nos para o serviço ativo no mundo. Este equilíbrio de contemplação e acção é essencial para uma vida espiritual saudável.
Ao refletirmos sobre estas lições, peçamos a graça de imitar Cristo mais de perto em nossos próprios caminhos de fé. Que possamos, como Jesus, estar abertos à vontade do Pai, humildes no nosso serviço, comprometidos com a comunidade, transformados pela graça sacramental, seguros na nossa identidade de filhos de Deus e equilibrados nos nossos ritmos espirituais.
