Que acontecimento bíblico celebra a Páscoa?
A Páscoa, a festa mais sagrada do nosso calendário cristão, celebra a gloriosa ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo dentre os mortos - o evento fundamental sobre o qual toda a nossa fé é construída. Como São Paulo corajosamente proclama na sua primeira carta aos Coríntios, «Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é vã e a vossa fé é vã» (1 Coríntios 15:14). Sem a ressurreição, o cristianismo seria apenas uma coleção de ensinamentos sábios, em vez da fé viva que transformou incontáveis vidas ao longo de dois milénios.
Os relatos bíblicos deste acontecimento que mudou o mundo são encontrados em todos os quatro Evangelhos, cada um oferecendo detalhes únicos que, juntos, pintam um quadro completo. Depois que Jesus sofreu e morreu na cruz na Sexta-feira Santa, seu corpo foi rapidamente colocado num túmulo quando o sábado se aproximava. No terceiro dia - domingo de manhã - as mulheres discípulas, incluindo Maria Madalena, vieram ungir-Lhe o corpo, apenas para descobrir a pedra rolada e o túmulo vazio. Encontraram mensageiros angélicos que proclamavam: «Ele não está aqui, porque ressuscitou, como disse» (Mateus 28:6).
O que se seguiu foram múltiplas aparições de Cristo ressuscitado aos Seus discípulos - a Maria Madalena no jardim, aos discípulos no caminho para Emaús, aos apóstolos no cenáculo e a mais de quinhentos crentes de uma só vez, como Paulo conta. Estes encontros transformaram os temíveis e dispersos seguidores de Jesus em testemunhas corajosas dispostas a enfrentar a perseguição e a morte, em vez de negar o que tinham visto e experimentado.
A ressurreição cumpre numerosas profecias, incluindo as previsões de Jesus sobre a sua morte e a sua ressurreição. Valida a sua identidade de Filho de Deus e confirma a eficácia da sua morte sacrificial pelos nossos pecados. Como Romanos 4:25 nos diz, Jesus «foi entregue pelas nossas ofensas e ressuscitado para a nossa justificação».
Psicologicamente, a ressurreição aborda os medos mais profundos da humanidade — morte, falta de sentido e separação. Assegura-nos que a morte não tem a palavra final, que as nossas vidas têm um significado eterno e que nada nos pode separar do amor de Deus. Isto explica porque a Páscoa sempre foi celebrada com tanta alegria e esperança.
O túmulo vazio é o grande ponto de viragem da história — o momento em que o poder aparentemente invencível da morte foi quebrado para sempre. Quando celebramos a Páscoa, não estamos apenas a comemorar um acontecimento passado, mas a proclamar uma realidade presente: Cristo está vivo! E porque Ele vive, também nós viveremos. Este é o coração da nossa fé, a fonte da nossa esperança e a razão da nossa alegria. Aleluia!
O que os Padres da Igreja ensinaram sobre a importância da Páscoa?
Os Padres da Igreja — os primeiros teólogos e bispos cristãos que moldaram a nossa compreensão da fé — consideraram a Páscoa não apenas como uma festa entre muitos, mas como a «festa das festas» e a «Solenidade das solenidades». Os seus escritos transbordam de reflexões poderosas sobre a centralidade da ressurreição de Cristo na fé e na vida cristãs.
Santo Atanásio, o grande defensor da cristologia ortodoxa, escreveu eloquentemente: «A ressurreição do Senhor é a regeneração da natureza humana. É a reanimação e a recriação do primeiro Adão, a quem o pecado tinha matado.» Para Atanásio, a Páscoa não era apenas uma comemoração histórica, mas uma realidade presente que transforma a existência humana. Ele compreendeu que, através da ressurreição, nossa própria natureza foi renovada e elevada.
Santo Agostinho, cujos conhecimentos teológicos continuam a iluminar a Igreja, chamou a Páscoa de «a maior festa» e ensinou que contém o mistério da nova era. Em seus sermões pascais, Agostinho enfatizou como a ressurreição dá sentido ao nosso sofrimento: «A paixão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é a esperança da glória e uma lição de paciência... Ele ressuscitou dos mortos para nos dar a esperança de que também nós ressuscitaríamos.» Agostinho reconheceu que, sem a Páscoa, a cruz continuaria a ser um símbolo de derrota e não de vitória.
A famosa homilia pascal de São João Crisóstomo, ainda lida nas igrejas ortodoxas na noite de Páscoa, capta o espírito triunfante da festa: «Ó Morte, onde está a tua picada? Ó inferno, onde está a tua vitória? Cristo ressuscitou e vós sois derrubados!» Crisóstomo compreendeu que a Páscoa proclama a impotência final da morte face à vitória de Cristo.
Os Padres Capadócios - Basílio, o Grande, Gregório de Nazianzo e Gregório de Nissa - enfatizaram a Páscoa como o cumprimento da nossa identidade batismal. Gregório de Nissa escreveu: «A ressurreição nada mais é do que a reconstituição da nossa natureza na sua forma original.» Ensinaram que, no batismo, morremos e ressuscitamos com Cristo, fazendo da Páscoa não apenas uma celebração anual, mas a realidade diária da existência cristã.
São Cirilo de Jerusalém instruiu os catecúmenos de que «a raiz de todas as boas obras é a esperança da Ressurreição», mostrando como a Páscoa proporciona a motivação para a ética e o discipulado cristãos. Sem a ressurreição, nosso esforço moral acabaria por ser fútil.
Psicologicamente, os Padres compreenderam que a Páscoa aborda as nossas preocupações existenciais mais profundas. Seus ensinamentos reconhecem a ansiedade humana acerca da mortalidade, ao mesmo tempo em que oferecem a poderosa garantia de que, em Cristo, a morte foi vencida. Eles reconheceram que a ressurreição fornece o quadro de significado último dentro do qual o sofrimento humano torna-se compreensível.
A voz unânime dos Padres proclama a Páscoa como a realidade definidora da fé cristã - não uma doutrina periférica, mas o próprio centro em torno do qual tudo o mais gira. Os seus ensinamentos lembram-nos que somos um povo da Páscoa, e Aleluia é a nossa canção!
Como os primeiros cristãos celebravam a Páscoa?
A celebração da Páscoa na Igreja primitiva caracterizou-se por uma forte intensidade espiritual, alegria comunitária e um rico simbolismo que exprimia o mistério da ressurreição de Cristo. Embora difiram em alguns detalhes de nossas observâncias modernas, estas práticas antigas revelam a mesma fé essencial que continua a animar nossas celebrações da Páscoa hoje.
Os primeiros cristãos, principalmente judeus convertidos, comemoraram inicialmente a ressurreição semanal no Dia do Senhor (domingo). No segundo século, uma celebração anual especial tinha surgido, embora uma controvérsia surgiu em relação à data. Os cristãos orientais, seguindo uma tradição atribuída ao apóstolo João, celebravam no 14o dia do mês judaico de Nisan, independentemente do dia da semana. Os cristãos ocidentais, reivindicando a tradição de Pedro e Paulo, observavam a Páscoa no domingo seguinte à primeira lua cheia depois do equinócio da primavera. Esta «controvérsia quartodecimana» acabou por ser resolvida no Concílio de Niceia (325 d.C.), que estabeleceu a nossa prática atual.
A celebração da Páscoa foi precedida por um período de jejum - a origem da nossa Quaresma - embora a sua duração variasse em diferentes regiões. Este jejum terminou com a Vigília Pascal, um serviço durante toda a noite que começou no sábado à noite e continuou até o amanhecer no domingo. Tertuliano, escrevendo por volta de 200 d.C., menciona esta vigília como uma tradição já estabelecida.
A vigília atingiu seu clímax ao amanhecer com a celebração do batismo para os novos convertidos que tinham passado por uma extensa preparação. Santo Ambrósio descreve como os recém-batizados estavam vestidos de vestes brancas, simbolizando a sua purificação do pecado e a nova vida em Cristo. Estes neófitos juntaram-se então à comunidade para a sua primeira Eucaristia, experimentando a plenitude da iniciação cristã no exato momento em que a Igreja celebrou a vitória de Cristo sobre a morte.
A própria liturgia pascal foi marcada por uma alegria extraordinária. A Didascalia Apostolorum (c. 230 dC) instrui os crentes a quebrar o seu jejum com a festa, enquanto São Gregório de Nazianzo fala da Páscoa como um tempo em que até mesmo estranhos abraçados como irmãos e irmãs. Os fiéis saudaram-se mutuamente com a proclamação «Cristo ressuscitou!» e a resposta «Ele ressuscitou!» — um costume que continua em muitas tradições hoje.
O tempo da Páscoa estendeu-se por cinquenta dias até Pentecostes, formando uma única grande festa de regozijo. Durante este tempo, como observa Tertuliano, os cristãos permaneceram em pé em vez de se ajoelharem para a oração, simbolizando a sua participação na ressurreição de Cristo.
Psicologicamente, estas práticas integraram brilhantemente a compreensão cognitiva com a experiência incorporada. Através do jejum seguido de banquete, da escuridão dando lugar à luz e da transformação visível do batismo, os primeiros cristãos não se limitaram a pensar na ressurreição — participaram na sua realidade com todos os seus sentidos.
As celebrações da Páscoa da Igreja primitiva recordam-nos que a nossa fé não é apenas um assentimento intelectual às doutrinas, mas uma experiência vivida da presença de Cristo ressuscitado entre nós. As suas práticas, embora antigas, continuam a inspirar as nossas próprias observâncias pascais, enquanto proclamamos com elas a alegre verdade que transformou a história humana: Cristo ressuscitou! Aleluia!
Por que a Páscoa cai em datas diferentes a cada ano?
A data da Páscoa é um tema complexo e fascinante que intriga os cristãos há séculos. A razão pela qual a Páscoa cai em datas diferentes a cada ano está enraizada na história e tradições da Igreja, bem como nos ciclos astronómicos da lua e do sol.
De acordo com a Bíblia, a ressurreição de Jesus ocorreu no domingo seguinte ao festival da Páscoa judaica. A Igreja cristã primitiva procurou comemorar este evento, mas enfrentou o desafio de determinar a data apropriada. O Concílio de Niceia em 325 dC estabeleceu que a Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a lua cheia que ocorre no ou logo após o equinócio da primavera (por volta de 21 de março). (O’Rourke & Branch, 1987)
Esta decisão baseou-se no calendário lunar usado pelo povo judeu, bem como no calendário solar usado pelo Império Romano. O calendário lunar segue as fases da lua, embora o calendário solar se baseie na posição do sol. Ao ligar a Páscoa ao ciclo lunar, a Igreja assegurou que cairia sempre após a Páscoa, como fez no tempo de Jesus.
Mas os calendários lunar e solar não se alinham perfeitamente, o que leva a uma data variável para a Páscoa a cada ano. Em alguns anos, a lua cheia pode ocorrer antes do equinócio da primavera, empurrando a Páscoa para o mês seguinte. Em outros anos, a lua cheia pode ocorrer mais tarde, fazendo com que a Páscoa seja celebrada mais tarde na primavera. («Our Astronomical Column», n.d., p. 691)
Esta flexibilidade na data da Páscoa tem sido uma fonte de unidade e divisão dentro do cristianismo. Enquanto a maioria das denominações cristãs ocidentais seguem a fórmula de Niceia, a Igreja Ortodoxa Oriental calcula a data da Páscoa de forma diferente, muitas vezes resultando em uma semana ou mais de diferença entre as duas celebrações. (Hardiman, 2007) Esta discrepância tem sido um ponto de discórdia ao longo da história, com várias tentativas feitas para unificar a data da Páscoa em todas as tradições cristãs.
Apesar destas diferenças, a data variável da Páscoa serve como um lembrete da rica história e significado teológico desta santa celebração. Ao ligar a data ao ciclo lunar e ao equinócio da primavera, a Igreja assegurou que a Páscoa continuasse a ser um acontecimento dinâmico e em constante mudança, refletindo a natureza eterna e sempre presente de Cristo Ressuscitado. (Jannah, 2023)
Como as diferentes denominações cristãs celebram a Páscoa?
A celebração da Páscoa é um acontecimento central no calendário cristão, mas as tradições e práticas específicas podem variar significativamente entre as diferentes denominações. Enquanto «arquétipo do Papa» e psicólogo e historiador, apresentarei uma panorâmica da forma como algumas das principais tradições cristãs observam este dia santo.
Na Igreja Católica Romana, a celebração da Páscoa começa com a Semana Santa, que inclui o Domingo de Ramos, Quinta-Feira Santa, Sexta-Feira Santa e Sábado Santo. No Domingo de Páscoa, os fiéis reúnem-se para uma missa solene, muitas vezes com procissões litúrgicas elaboradas, a bênção dos cestos de Páscoa e a partilha de uma refeição especial da Páscoa. (Villemereuil et al., 2020, pp. 31969–31978) A Igreja Católica coloca uma forte ênfase no Mistério Pascal, no sofrimento, na morte e na ressurreição de Jesus, enquanto foco central da celebração da Páscoa.
Na Igreja Ortodoxa Oriental, a celebração da Páscoa é conhecida como Pascha e é marcada por um conjunto distinto de tradições. O jejum quaresmal é quebrado na véspera da Páscoa com um serviço à meia-noite, seguido de uma refeição festiva e da troca da saudação «Cristo ressuscitou!» Os dias seguintes estão cheios de liturgias alegres, da bênção dos cestos de Páscoa e da partilha de alimentos tradicionais, como ovos tintos e pães doces. (Goldluecke et al., 2019) A celebração da Pascha pela Igreja Ortodoxa está profundamente enraizada na sua compreensão teológica da Ressurreição como o triunfo da vida sobre a morte.
As denominações protestantes, como luteranos, anglicanos e metodistas, também observam a Páscoa com uma série de tradições. Muitos incorporam elementos de ambas as práticas católicas e ortodoxas, como a observância da Semana Santa, a celebração da Ressurreição no Domingo de Páscoa e a partilha de refeições especiais da Páscoa e símbolos como o ovo de Páscoa. Mas os rituais específicos e as expressões litúrgicas podem variar significativamente entre as diferentes tradições protestantes. (Ferrara et al., 2024)
Independentemente das diferenças denominacionais, o fio condutor entre todas as celebrações cristãs da Páscoa é o poderoso significado da Ressurreição de Jesus Cristo. Este acontecimento é visto como a pedra angular da fé cristã, que representa o triunfo da vida sobre a morte, o perdão dos pecados e a promessa da vida eterna. As diversas formas como os cristãos comemoram este evento sagrado refletem a riqueza e a diversidade da comunidade cristã global.
O que é a Semana Santa e como leva à Páscoa?
A Semana Santa é a última semana da Quaresma, o período de 40 dias de jejum, oração e arrependimento que conduz à Páscoa. É um momento de profunda reflexão espiritual e de comemoração dos últimos dias da vida de Jesus, da sua crucificação e da sua ressurreição.
A celebração da Semana Santa começa no Domingo de Ramos, que comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, onde foi recebido por multidões que agitavam ramos de palmeira. Este evento marca o início da narrativa da Paixão, a história do sofrimento, da morte e da ressurreição de Jesus.
Os seguintes dias da Semana Santa estão cheios de solenes e significativas observâncias:
Quinta-feira Santa: Este dia comemora a Última Ceia, quando Jesus compartilhou uma última refeição com os discípulos e instituiu o sacramento da Sagrada Comunhão. Também marca o início do Tríduo, o período de três dias que antecede a Páscoa.
Sexta-feira Santa: Este dia recorda a crucificação de Jesus, o seu sofrimento e a sua morte na cruz. Muitas igrejas realizam serviços que refletem sobre as Sete Últimas Palavras de Cristo e as Estações da Cruz, uma série de imagens que retratam Jesus no dia de sua crucificação e orações que o acompanham.
Sábado Santo: Este dia é um tempo de calma reflexão e antecipação, enquanto a Igreja espera em silêncio pela Ressurreição. Algumas tradições realizam um serviço de vigília, conhecido como a Vigília Pascal, que celebra a Ressurreição com a iluminação da vela pascal e a renovação dos votos batismais.
Domingo de Páscoa: Este é o culminar da Semana Santa, o dia da Ressurreição de Jesus. Os cristãos de todo o mundo reúnem-se para celebrar o triunfo da vida sobre a morte, o perdão dos pecados e a promessa da vida eterna. (Xiu-Yin, 2018, pp. 1442-1454)
A celebração da Semana Santa é um caminho poderoso e significativo que leva os fiéis desde a entrada triunfal do Domingo de Ramos até à alegre celebração da Ressurreição no Domingo de Páscoa. Cada dia é marcado por rituais específicos, orações e reflexões que aprofundam a compreensão e a experiência do Mistério Pascal – o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. (Byrne et al., 2017) Esta viagem é um poderoso lembrete do papel central que a Ressurreição desempenha na fé cristã e na esperança que oferece a todos os que acreditam.
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