Factos & Estatísticas sobre Jerusalém na Bíblia




  • Jerusalém é um elemento central do plano de Deus e é mencionada cerca de 806 vezes na Bíblia, o que demonstra a sua importância na narrativa divina.
  • A cidade tem muitos nomes que refletem a sua identidade multifacetada e a relação de Deus com ela, como Sião e a Cidade de Davi.
  • A história de Jerusalém inclui acontecimentos significativos de fé, destruição e restauração, simbolizando o caminho dos crentes com Deus.
  • A Nova Jerusalém representa a esperança última para os cristãos, um lugar onde Deus habita com o seu povo para sempre, caracterizado pela paz e pela perfeição.

A cidade de Deus: 10 perguntas essenciais sobre Jerusalém na Bíblia respondidas

Jerusalém. Nenhuma outra cidade na terra agita a alma como ela. É mais do que um local de pedra e história. é um personagem central na grande história de amor de Deus com a humanidade. É a cidade escolhida por Deus, a cidade onde a nossa salvação foi conquistada, e a cidade que aponta para a nossa casa eterna. Para os crentes, o seu nome evoca um sentimento de pertença, de história e de esperança poderosa.

Esta viagem é uma exploração do coração de por que esta cidade, acima de todas as outras, capta o próprio coração de Deus e tem um significado tão profundo para cada cristão. Aqui, descobriremos os factos, percorreremos a sua história sagrada e abraçaremos as verdades espirituais que fazem de Jerusalém uma «visão de paz» para as nossas almas. Trata-se de uma história de escolha divina, de fracasso humano e do amor redentor e inabalável de Deus, que ecoa desde as suas antigas colinas até às profundezas do nosso próprio coração.

Quantas vezes a Bíblia menciona Jerusalém e por que é importante?

Um número que revela o coração de Deus

A frequência com que Jerusalém aparece nas páginas das Escrituras é um poderoso testemunho do seu papel central no plano de Deus. O próprio nome «Jerusalém» ocorre cerca de 806 vezes em toda a Bíblia, com 660 menções no Antigo Testamento e 146 no Novo Testamento.1 Embora diferentes traduções bíblicas e métodos de contagem possam produzir totais ligeiramente variados, como 767 vezes 3, o consenso esmagador aponta para uma cidade mencionada com uma consistência notável.

Esta não é uma estatística trivial. Na literatura, a repetição é um sinal de importância. Na biblioteca divina das Escrituras, esta repetição é um eco literário do foco constante e inabalável de Deus no seu plano redentor para a humanidade. A Bíblia é a história da relação de Deus com o seu povo, e este número demonstra que Jerusalém é o palco principal sobre o qual se desenrola esse drama sagrado. O volume das menções é uma medida da atenção divina, revelando uma cidade que está perpetuamente na mente e no coração de Deus.

Mais do que um nome

A contagem de 806 referências, por mais importante que seja, nem sequer conta a história completa. A Bíblia usa uma vasta teia de sinónimos e títulos poéticos para se referir a Jerusalém. Nomes como «Sião», «Cidade de Davi» e «cidade santa» são tecidos ao longo do texto, cada um revelando uma faceta diferente da relação de Deus com a cidade que Ele escolheu.4 Quando estas referências adicionais são incluídas, o número de versos que apontam para Jerusalém sobe para quase 1 000.6

A variação nas contagens encontradas em diferentes estudos não é um sinal de contradição, mas um reflexo deste vocabulário bíblico profundo e variado. Deus não se limita a nomear Jerusalém. Ele descreve-o com a linguagem amorosa e em camadas que se usaria para um amado. Esta densidade temática prova que Jerusalém não é um mero pano de fundo para a narrativa bíblica; é um tema central da revelação divina de Deus, um lugar tão integral aos Seus propósitos que exigiu uma multiplicidade de nomes para captar todo o seu significado.

Quais são os muitos nomes de Jerusalém e o que revelam sobre o coração de Deus?

Uma Cidade com uma Identidade Celestial

A riqueza da identidade de Jerusalém nas Escrituras é belamente captada numa tradição judaica que sustenta que a cidade tem 70 nomes diferentes.7 Na Bíblia, o número 70 simboliza frequentemente a exaustividade e a ordem divina. Esta tradição sugere que a plena identidade de Jerusalém é tão poderosa que exige um conjunto «completo» de nomes para sequer começar a descrevê-la. Cada nome é como uma pincelada diferente num retrato divino, revelando outro aspeto do caráter de Deus e das suas promessas ao seu povo. Explorar estes nomes não é apenas um exercício histórico; É uma viagem ao coração de Deus.

Desembrulhar os Nomes do Amado de Deus

Embora uma lista completa de 70 nomes seja extensa, o exame de alguns dos mais importantes nomes das Escrituras oferece um vislumbre poderoso do propósito divino da cidade. Estes nomes não são rótulos aleatórios; são declarações da intenção de Deus e da sua relação com a cidade.

A história dos nomes de Jerusalém mostra uma bela progressão. Começa como Jebus, um nome de fortaleza cananeia que significa «atropelado», refletindo as suas origens humildes e terrenas antes da intervenção de Deus.8 É então elevado pelo Rei Davi a tornar-se o

Cidade de David, um nome de relação íntima e de aliança, que liga a cidade para sempre à linhagem real escolhida por Deus5.

Mesmo antes de Davi, mas a sua identidade espiritual estava a ser estabelecida. Era conhecido como Salem, a cidade de Melquisedeque, o misterioso «rei da paz» a quem Abraão deu o dízimo4. O próprio nome Salém significa «paz», prenunciando o destino final da cidade e a sua ligação ao Messias, o verdadeiro Príncipe da Paz.

Os profetas acrescentaram camadas de significado com nomes poéticos e poderosos. Isaías chama-lhe Ariel, o «Leão de Deus», um nome que significa a força feroz e o poder protetor de Deus sobre a sua cidade10. É também chamado

A Cidade Santa (Ir Ha-Kodesh), uma declaração direta de seu propósito sagrado, um lugar designado por Deus para a sua própria glória.9 Talvez mais ternamente, Isaías dá-lhe os nomes

Hephzibah («O meu prazer está nela») e Beulah («Casados»), revelando o amor apaixonado e esponsal de Deus pelo seu povo, que a cidade representa.9

Cada nome abre uma janela para o coração de Deus, mostrando um amor que é ao mesmo tempo protetor, íntimo, pactual e eterno.

Nome nas Escrituras Significado Versículo-chave da Bíblia O que revela sobre o coração de Deus
Salem A Paz, a Integridade Génesis 14:18 O desejo último de Deus para o seu povo é shalom—uma paz completa que começa com o misterioso rei-sacerdote Melquisedeque e se cumpre em Cristo.4
Jebus Trodden para baixo Juízes 19:10 Deus escolhe as coisas humildes e humildes do mundo para exaltar para a sua glória. Tomou uma fortaleza "atropelada" e fez dela o centro do seu plano terreno.8
Sião Altura, Fortaleza 2 Samuel 5:7 Deus estabeleceu o seu povo numa base sólida e segura. O que começou como uma fortaleza militar tornou-se a "altura" espiritual da qual a Sua verdade sairia.10
Cidade de David 2 Samuel 5:9 O plano de Deus é concretizado através de relações de aliança. Este nome liga para sempre a cidade à sua promessa a Davi e à vinda do Messias da sua linhagem.5
Ariel Leão de Deus Isaías 29:1 Deus é o protetor feroz e poderoso do seu povo. Defende a cidade escolhida com a força de um leão.
A Cidade Santa Neemias 11:1 A presença de Deus santifica. A cidade é sagrada não por causa da sua localização, mas porque Deus escolheu separá-la para os seus propósitos sagrados.
Hephzibah O meu prazer está nela Isaías 62:4 O amor de Deus pelo seu povo não é um mero dever, mas um prazer apaixonado. Olha para o seu povo remido com alegria e afecto.9
Beulah Casado Isaías 62:4 A relação entre Deus e o seu povo é a mais íntima possível, como a de um marido e uma mulher. Ele liga-se a eles numa aliança inquebrável de amor.9

Por que Jerusalém era o centro do plano de Deus no Antigo Testamento?

Do cume de uma montanha de fé à capital de um reino

Muito antes de Jerusalém ser uma capital política, era um marco espiritual. O seu significado não está enraizado em decretos reais, mas em actos fundamentais de fé que ocorreram nas suas colinas. A Bíblia identifica a região como Moriah, o mesmo lugar onde Abraão demonstrou sua fé final, disposto a sacrificar seu amado filho Isaque.14 Naquele monte, Deus providenciou um substituto e revelou-se como

Jeová-Jireh, «O Senhor proverá». Este ato consagrou o terreno como um lugar de fé suprema e provisão divina.9 Gerações antes, na mesma vizinhança, Abraão encontrou-se com Melquisedeque, o rei da

Salem e «sacerdote do Deus Altíssimo».6 Ao dar-lhe o dízimo, Abraão reconheceu este lugar como um centro de verdadeiro culto, mesmo antes de a nação de Israel existir.13

A Cidade do Rei e o Templo

Durante séculos, a cidade permaneceu sob o controlo dos jebuseus.15 Mas, por volta de 1000 a.C., o plano de Deus para Jerusalém deu um passo monumental em frente. O rei Davi, que liderava os exércitos de Israel, capturou a cidade e estabeleceu-a como sua capital.5 Este foi um movimento estratégico brilhante, mas foi muito mais do que isso. Ao trazer a Arca da Aliança para lá, Davi fez de Jerusalém o coração político e espiritual unificado da nação. Tornou-se a «Cidade de Davi», o ponto central do pacto de Deus com o seu rei escolhido.15

O filho de Davi, Salomão, realizou o sonho do seu pai ao construir um magnífico Templo nesse mesmo terreno sagrado — o Monte Moriá.14 Este ato centralizou fisicamente o culto a Israel e criou um endereço específico e terreno para a presença de Deus. Já não era apenas um local de memória histórica. foi o lugar que o próprio Deus declarou ter «escolhido» como o seu «lugar de habitação» na terra, o seu «lugar de repouso para sempre».6

Uma História de Destruição e Restauração Fiel

A história de Jerusalém no Antigo Testamento é também uma história de fracasso de partir o coração e graça surpreendente. Os profetas advertiram que, devido à idolatria e injustiça persistentes da nação, o julgamento de Deus cairia. Jeremias profetizou que Deus faria de Jerusalém «um montão de ruínas».16 Esta trágica profecia cumpriu-se em 586 a.C., quando os exércitos da Babilónia destruíram a cidade e o glorioso Templo de Salomão, levando o povo ao exílio17.

No entanto, mesmo em juízo, a fidelidade de Deus perdurou. Os mesmos profetas que previram a destruição também prometeram uma restauração milagrosa. Jeremias declarou que, após 70 anos, Deus «cumpriria a minha boa promessa de vos trazer de volta a este lugar».16 Fiel à sua palavra, em 538 a.C., o rei persa Ciro emitiu um decreto que permitia o regresso dos exilados judeus.18 Um remanescente fiel viajou para casa e, contra todas as probabilidades, reconstruiu o Segundo Templo, um poderoso testamento da aliança inquebrável de Deus e do seu poder soberano de trazer a vida das ruínas.16

Esta história dramática de Jerusalém — a sua escolha divina, a sua glória sob um rei justo, a sua queda no pecado, a sua destruição como consequência e a sua restauração milagrosa pela graça — serve como uma imagem poderosa do próprio caminho do crente com Deus. Os nossos corações, outrora uma fortaleza de outro rei, são conquistados pelo amor do Rei Jesus. Ele estabelece a sua presença dentro de nós, tornando-nos um templo do seu Espírito Santo. No entanto, caímos, vagueamos e enfrentamos as dolorosas consequências do nosso pecado. Mas a história não acaba aí. Pela graça sem limites da cruz, Deus não nos abandona. Ele restaura os nossos muros partidos, reconstrói a nossa vida para a sua glória, e promete uma fidelidade que nunca nos deixará ir. A história de Jerusalém do Antigo Testamento é a nossa história, escrita em grande escala.

Como Jesus faz de Jerusalém o coração da história do Evangelho?

O Rei Vem à sua Cidade

Embora o Antigo Testamento estabeleça a importância de Jerusalém, o Novo Testamento eleva-a ao cerne do Evangelho. A cidade é o palco sagrado para a vida e ministério de Jesus Cristo. A sua ligação a Jerusalém prolongou-se por toda a vida, começando pela sua apresentação no Templo como uma criança, um ato de obediência dos seus pais ao abrigo da Lei.14 Voltou para as festas e, como adulto, ensinou nos átrios do Templo, limpando-os da corrupção e declarando-os uma «casa de oração».14 Jerusalém foi também a cidade que lhe partiu o coração, ao chorar pela sua incredulidade e ao profetizar o seu juízo vindouro.20 Cada passo dado por Jesus em Jerusalém era um passo em direção à cruz, um cumprimento da sua missão divina. A sua última viagem à cidade não foi um acidente, mas um acto deliberado de um Rei vindo à sua capital para realizar a salvação do mundo.

A última semana: Uma Viagem Diária à Cruz

A Semana da Paixão, o período mais sagrado da fé cristã, desenrola-se inteiramente em Jerusalém e nas suas imediações. Os Evangelhos fornecem um relato detalhado, quase hora a hora, destes dias finais e momentosos. Embora os quatro Evangelhos às vezes organizem os acontecimentos de forma diferente para enfatizar pontos teológicos únicos - como o momento preciso da unção em Betânia 22 - eles apresentam um testemunho unificado e poderoso da viagem de nosso Salvador à cruz. Esta progressão dia-a-dia permite-nos caminhar com Jesus, sentir a tensão crescente, e ficar em temor de Seu amor intencional.

Dia Principais eventos Passagens bíblicas primárias Um momento para o teu coração
Domingo de Ramos A entrada triunfal em Jerusalém. Jesus é aclamado como Rei pelas multidões. Chora pelo futuro da cidade. Mateus 21:1-11; Marca 11:1-11; Lucas 19:28-44 Jesus entra não como um general conquistador, mas como um Rei humilde num burro. Convida-nos a acolhê-lo nos nossos corações com a mesma humildade e louvor, colocando aos seus pés as nossas próprias agendas.23
segunda Jesus limpa o Templo, expulsando os cambistas e declarando-o uma casa de oração para todas as nações. Mateus 21:12-17; Marcos 11:15-18; Lucas 19:45-48 A ira justa de Jesus é dirigida contra a hipocrisia que impede o culto. Deseja ardentemente que a casa do Pai - e os nossos corações - seja um lugar de comunhão pura e aberta com Deus.23
terça Um dia de ensino e controvérsia no Templo. Jesus ensina em parábolas, responde aos desafios dos líderes religiosos e faz o Discurso das Oliveiras, profetizando sobre o fim dos tempos. Mateus 21:23-24:51; Marcos 11:27-13:37; Lucas 20:1-21:36 Diante da oposição, Jesus ensina com autoridade divina. Chama-nos a estar atentos e prontos para o Seu regresso, vivendo vidas de fé e não de medo.24
quarta Os Evangelhos são maioritariamente silenciosos sobre este dia, mas a tradição mantém-no como um dia de descanso. É provável que quando Judas finalizou seu plano de trair Jesus com os chefes dos sacerdotes. Mateus 26:14-16; Marcos 14:10-11 No silêncio antes da tempestade, o maior acto de amor e o mais sombrio acto de traição são postos em movimento. É um lembrete de que as nossas escolhas, feitas em segredo, têm consequências eternas.24
Quinta-feira Santa A Última Ceia, onde Jesus institui a Ceia do Senhor; Lava os pés dos discípulos; Ele faz o seu discurso de despedida. Reza em agonia no Jardim do Getsêmani. Foi traído e detido. Mateus 26:17-56; Marcos 14:12-52; Lucas 22:7-53; João 13-18 Nesta noite de amor e tristeza, Jesus dá-nos os sacramentos do seu corpo e sangue e o exemplo do coração de um servo. A sua oração no Getsêmani mostra-nos o caminho para submeter a nossa vontade à vontade do Pai.23
Sexta-feira Santa Jesus é julgado perante o Sinédrio, Pôncio Pilatos e Herodes. É açoitado, escarnecido e crucificado no Gólgota. Ele está enterrado numa tumba próxima. Mateus 27; Marco 15; Lucas 23; João 18-19 Na cruz, o peso total do nosso pecado foi colocado no Cordeiro perfeito de Deus. Nos seus últimos suspiros, declara: «Está consumado.» A nossa salvação foi comprada e paga em Jerusalém neste dia.23
sábado O corpo de Jesus encontra-se no túmulo, enquanto os discípulos se escondem com medo e tristeza. A cidade observa o Sábado. Mateus 27:62-66 Este é o dia do silêncio, a pausa entre a cruz e o túmulo vazio. É um lembrete de que, mesmo quando Deus parece silencioso, Ele ainda está em ação, preparando-se para a maior vitória da história.
Domingo da Ressurreição O túmulo encontra-se vazio; Jesus aparece a Maria Madalena, às outras mulheres, a Pedro e aos discípulos. Conquistou a morte. Mateus 28; Marco 16; Lucas 24; João 20 Num jardim do lado de fora dos muros de Jerusalém, a esperança renasceu para toda a humanidade. A ressurreição é o centro não negociável da nossa fé, provando que Jesus é quem disse ser e que a sua vitória sobre o pecado e a morte está completa.23

Por que Jerusalém é chamada de "Cidade Santa"?

O título «Cidade Santa», utilizado tanto no Antigo como no Novo Testamento, não é apenas um floreio poético; trata-se de uma declaração teológica sobre o estatuto único de Jerusalém aos olhos de Deus. A sua santidade não se baseia na sua geografia ou no seu povo, mas nas acções do próprio Deus em relação a ele.

Uma cidade separada pela escolha de Deus

Jerusalém é santa porque Deus a escolheu. Santidade na Bíblia significa ser "separado" para um propósito sagrado. De todas as cidades da terra, Deus escolheu soberanamente Jerusalém para ser o lugar onde colocaria o seu nome e estabeleceria a sua habitação.25 O salmista declara: «Porque o Senhor escolheu a Sião. desejou-o para a sua habitação».6 Esta eleição divina é a principal fonte da santidade da cidade. Assim como Deus escolheu Abraão de todos os povos e Israel de todas as nações, Ele escolheu Jerusalém de todas as cidades. A sua santidade é o resultado directo da sua graça soberana e do seu favor divino.

Uma cidade santificada pela presença de Deus

Jerusalém era santa porque era a localização única da presença manifesta de Deus na terra. Com a construção do Templo, a cidade tornou-se a casa da Arca da Aliança e o lugar onde o Shekinah A glória de Deus habitava no Santo dos Santos.26 Isto fez de Jerusalém o ponto de encontro sagrado entre o céu e a terra. A tradição judaica considerava-o

umbilicus mundi, o umbigo do mundo, do qual a presença de Deus irradiava para fora.13 Estar em Jerusalém era estar perto de Deus de uma forma que não era possível em nenhum outro lugar do planeta. Este sentido tangível da presença de Deus consagrou o próprio terreno da cidade.

Uma cidade consagrada pelo sangue de Cristo

Para os cristãos, a santidade de Jerusalém é selada e ampliada para toda a eternidade, porque é o lugar onde o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo, realizou a nossa salvação.19 É a cidade que testemunhou a sua morte expiatória, o seu enterro e a sua ressurreição gloriosa. A terra do Gólgota, o túmulo no jardim e o Monte das Oliveiras de onde Ele subiu são santificados para sempre por estes acontecimentos redentores.14 Se a presença de Deus no Templo tornou a cidade santa, quanto mais santa é ter sido consagrada pelo precioso sangue do Cordeiro de Deus, derramado para o perdão dos pecados?

Esta compreensão bíblica da santidade de Jerusalém revela uma verdade poderosa sobre a própria natureza da santidade: É fundamentalmente relacional. A cidade é santa por causa da sua relação com Deus - Ele a escolheu, habitou nela e redimiu o mundo nela. Isto serve como um belo modelo para as nossas próprias vidas. Não somos santificados pelos nossos próprios méritos, pela nossa localização ou pelas nossas ações. Somos santificados por causa da nossa relação com Deus através de Cristo. Somos santos porque Deus tem escolhidos Nele, antes da fundação do mundo (Efésios 1:4), porque habita em nós, pelo seu Espírito Santo (1 Coríntios 6:19), e porque consagrados pelo sangue de Jesus (Hebreus 10:10). Ao compreender por que Jerusalém é santa, chegamos a compreender a própria fonte de nossa própria identidade como o povo santo de Deus.

O que os profetas previram sobre o futuro de Jerusalém?

Os profetas do Antigo Testamento, inspirados pelo Espírito Santo, olharam além de seu próprio tempo para ver o futuro que Deus havia ordenado para Jerusalém. Suas profecias pintam um quadro dramático de julgamento, restauração e glória final que continua a desdobrar-se até hoje.

Uma Cidade de Julgamento e Restauração

Os profetas falaram com honestidade inabalável sobre o futuro de Jerusalém. Devido ao pecado do povo, advertiram que a cidade enfrentaria um julgamento e uma destruição devastadores. Miqueias declarou que «Sião deve ser lavrada como campo; Jerusalém tornar-se-á um montão de ruínas».16 Isto aconteceu com a conquista babilónica. No entanto, no mesmo fôlego, os profetas falaram de uma restauração gloriosa. Prometeram que Deus não abandonaria a sua cidade para sempre. Ele iria reunir o seu povo do exílio e trazê-los de volta para reconstruir os seus muros e restaurar as suas fortunas, um poderoso sinal da sua fidelidade à aliança.16

Um "golpe de tremores" para as Nações

O profeta Zacarias entregou uma profecia espantosamente relevante para os nossos tempos. Ele predisse que, nos últimos dias, Jerusalém tornar-se-ia um ponto focal de intenso conflito internacional. Deus declara: «Farei de Jerusalém um cálice de tremor para todo o povo que rodeia... E naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos: todos os que se sobrecarregam com ela serão despedaçados, ainda que todas as nações da terra se ajuntem contra ela" (Zacarias 12:2-3, KJV).6 Esta profecia descreve um mundo fixado nesta única cidade, com nações a assombrarem-se e a ferirem-se sobre o seu destino. Para qualquer estudante da geopolítica moderna, estas palavras antigas ressoam com uma precisão estranha, fornecendo uma lente bíblica através da qual ver os acontecimentos atuais.

O Centro da Vinda do Reino de Deus

O destino profético final de Jerusalém é de glória sem paralelo. Os profetas Isaías e Miquéias viram um dia futuro em que «o monte da casa do Senhor será estabelecido como o mais alto dos montes».31 Nesta era do reino vindouro, Jerusalém será a capital espiritual do mundo. Todas as nações correrão para ele, dizendo: «Vinde, subamos ao monte do Senhor... para que nos ensine os seus caminhos».33 De Jerusalém sairá a palavra do Senhor, dando início a uma era de paz e justiça globais sob o reinado do Messias.34 A Bíblia ensina que, quando Jesus voltar, os seus pés estarão sobre o Monte das Oliveiras, a leste da cidade.5 Ele entrará em Jerusalém não como servo sofredor, mas como Rei reinante dos Reis, e ali estabelecerá o seu trono, governando as nações com justiça.

Este padrão claro de profecia e cumprimento dá aos crentes uma base firme para a sua fé. As profecias da destruição e restauração de Jerusalém já se cumpriram com precisão histórica. A profecia de que se tornará uma «pedra pesada» para as nações parece estar a desenrolar-se perante os nossos olhos. Este historial de exatidão divina dá-nos uma forte confiança de que as restantes profecias — as relativas ao regresso de Cristo e ao estabelecimento do seu glorioso reino centrado em Jerusalém — também se cumprirão no tempo perfeito de Deus. A história profética de Jerusalém é o resumo de Deus, escrito ao longo dos séculos, que prova a sua soberania sobre a história e nos dá uma esperança certa e certa para o futuro.

O que é a «Nova Jerusalém» e qual é a sua promessa para nós hoje?

Uma Visão do Céu na Terra

Os capítulos finais da Bíblia retiram a cortina da eternidade, oferecendo-nos uma visão de tirar o fôlego do nosso lar final: a Nova Jerusalém. O apóstolo João vê esta «Cidade Santa... Descendo do céu da parte de Deus, preparada como uma noiva lindamente vestida para o seu marido».35 Esta não é uma cidade terrena reconstruída, mas uma criação divina, o culminar de todas as promessas de Deus.

A descrição da cidade destina-se a transmitir uma beleza e perfeição além da compreensão humana. É um cubo maciço, cerca de 1.400 milhas em cada direção, uma forma que ecoa o cubo perfeito do Santo dos Santos no Templo.37 Suas paredes são feitas de jaspe, seus doze portões são esculpidos a partir de uma única pérola gigante, e seus doze alicerces são adornados com toda espécie de pedra preciosa.35 A própria rua da cidade é feita de ouro puro e transparente, como vidro transparente.39 É uma cidade radiante com a glória não filtrada de Deus.

Uma Cidade sem Lágrimas, Dor ou Noite

Por mais gloriosa que seja a aparência da cidade, a sua verdadeira beleza reside no que está ausente. João ouve uma voz do trono declarar que Deus «enxugará todas as lágrimas dos seus olhos, e não haverá mais morte, tristeza, choro ou dor, porque todos os velhos caminhos desapareceram».35 A maldição do pecado que assolou a criação deixará de existir.

Nesta cidade, não há necessidade de sol nem de lua, «pois a glória de Deus ilumina a cidade, e o Cordeiro é a sua luz».39 A presença constante e vivificante de Deus será o seu dia eterno. Mais significativamente, João observa: «Não vi nenhum templo na cidade, porque o Senhor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro são o seu templo».39 A necessidade de um edifício especial, um lugar sagrado para se encontrar com Deus, desaparecerá para sempre. Na Nova Jerusalém, os redimidos viverão em perfeita, não mediada, comunhão face-a-face com seu Criador e Salvador por toda a eternidade.

Uma leitura mais profunda da visão de John revela uma verdade que é simultaneamente impressionante e profundamente pessoal: A Nova Jerusalém não é apenas um local, mas um povo. Quando o anjo diz a João que lhe mostrará «a noiva, a mulher do Cordeiro», é-lhe imediatamente mostrada a Cidade Santa.38 A cidade

está A noiva. O povo remido de Deus, em seu estado glorificado e aperfeiçoado, são a Nova Jerusalém.

Isto reformula toda a visão. Os detalhes arquitectónicos tornam-se belas metáforas para a Igreja triunfante. As doze fundações com os nomes dos apóstolos significam que a Igreja é construída com base no seu testemunho de Cristo.41 As doze portas com os nomes das tribos de Israel significam a unidade de todo o povo de Deus, tanto da Antiga como da Nova Aliança.42 A forma da cidade como um cubo perfeito, como o Santo dos Santos, significa que o próprio povo de Deus se tornou o local de habitação da glória de Deus.43 Não nos limitamos a

viver em a Nova Jerusalém; Em Cristo, nós são a Nova Jerusalém. A nossa esperança eterna não é apenas ir a um lugar bonito, mas fazer parte da comunidade bela e perfeita que vive em união perfeita com Deus e uns com os outros para sempre.

Qual é a posição da Igreja Católica em Jerusalém?

A posição da Igreja Católica sobre Jerusalém é estratificada, abrangendo uma profunda reverência teológica pelo seu papel na história da salvação, bem como a preocupação pastoral com a sua realidade moderna. É útil compreender estas duas camadas distintas, mas relacionadas: o doutrinário e o diplomático.

Enraizado nas Escrituras e na Sagrada Tradição

Teologicamente, a posição da Igreja está firmemente enraizada na Bíblia. O Catecismo da Igreja Católica enfatiza o papel fundamental que Jerusalém desempenhou na vida de Cristo. Destaca especificamente a entrada messiânica de Jesus na cidade, um evento que «manifesta a vinda do reino».21 Esta entrada, celebrada no Domingo de Ramos, é vista como a abertura solene da Semana Santa, durante a qual o Messias realiza a sua obra de salvação através da Páscoa da sua morte e ressurreição em Jerusalém.21 Por conseguinte, a Jerusalém terrestre é venerada como o palco sagrado onde ocorreram os acontecimentos centrais da nossa redenção.

Um apelo moderno à paz e um estatuto especial

Diplomaticamente, a Santa Sé (o órgão dirigente do Vaticano) aplica estes valores teológicos à complexa situação política da cidade moderna. Durante mais de um século, os papas expressaram sistematicamente um forte amor por Jerusalém e o desejo de vê-la viver à altura do seu nome como uma «cidade da paz».44 O Papa João Paulo II descreveu-a como um «símbolo da união, da união e da paz universal», enquanto o Papa Francisco rezou para que «a sabedoria e a prudência prevaleçam, a fim de evitar acrescentar novos elementos de tensão» à região44.

Esta preocupação pastoral traduziu-se historicamente num apelo a um «estatuto especial, garantido internacionalmente» para Jerusalém44. Esta posição não procura tomar um lado político no conflito israelo-palestiniano, mas antes salvaguardar o caráter religioso e universal único da cidade. O objetivo de tal estatuto seria garantir a liberdade de religião, proteger os locais sagrados de judeus, cristãos e muçulmanos e garantir o acesso de peregrinos de todo o mundo, preservando a cidade como um tesouro espiritual para toda a humanidade e não a posse exclusiva de um grupo.44 Esta posição diplomática é uma aplicação prudencial da crença teológica central da Igreja de que Jerusalém tem uma vocação sagrada para ser um local de encontro com Deus e um farol de paz para o mundo.

Como devemos hoje «rezar pela paz de Jerusalém»?

O mandamento no Salmo 122:6 — «Rezem pela paz de Jerusalém! Que estejam seguros os que vos amam!» – é um apelo intemporal para os crentes. Mas o que significa rezar pela paz da cidade no nosso mundo moderno? Trata-se de uma oração muito mais profunda do que a política, que toca as dimensões espiritual, profética e pessoal do bem-estar da cidade.

Rezar pela paz de Jerusalém é orar pela sua verdadeira shalom—uma palavra hebraica que significa muito mais do que a ausência de conflito. Significa totalidade, completude, segurança e salvação. Uma oração bíblica plena pela paz de Jerusalém inclui vários aspetos fundamentais:

  1. Rezem pela salvação do seu povo. A paz final para qualquer pessoa ou cidade é reconciliar-se com Deus através de Jesus Cristo, o "Príncipe da Paz". Devemos orar para que todos os habitantes de Jerusalém - judeus, muçulmanos e cristãos - tenham o coração aberto à verdade salvadora do evangelho e encontrem a verdadeira paz que ultrapassa todo o entendimento.46
  2. Orai por seu propósito profético. Devemos orar pelo cumprimento dos planos proféticos de Deus para a cidade. Isto significa orar pelo dia em que Jesus voltará a reinar a partir de Jerusalém, estabelecendo seu reino de perfeita justiça e justiça, e para que a cidade se torne o centro da adoração global e da paz, como os profetas predisseram.32
  3. Rezem pela Igreja na Terra. Devemos lembrar-nos de rezar pelos nossos irmãos e irmãs cristãos, as «pedras vivas» dos que hoje vivem e ministram em Jerusalém e na Terra Santa. Devemos orar pela sua força, pela sua protecção no meio do conflito, pela sua unidade e pelo poder do seu testemunho para ser uma luz num lugar de tensão espiritual.
  4. Rezemos pela paz cívica. Por fim, devemos orar pelo fim da violência, do ódio e das lutas políticas que tantas vezes marcam a cidade terrena. Oramos por sabedoria para seus líderes e por um espírito de reconciliação para prevalecer, pedindo que a Jerusalém terrena possa refletir, mesmo que imperfeitamente, uma sombra da paz perfeita que define a Jerusalém celestial.

Conclusão

Jerusalém é muito mais do que uma cidade de manchetes e história. É uma cidade do coração, um fio de ouro entrelaçado por Deus através de toda a história das Escrituras. A sua história estende-se desde a fé de Abraão numa montanha solitária até à glória indescritível da Nova Jerusalém que desce do céu.

A narrativa desta cidade é, de muitas maneiras, a narrativa da nossa própria fé. É uma história de sermos escolhidos por Deus quando não éramos notáveis. É a história de ser santificado pela sua presença. É uma história que reconhece a nossa queda no pecado e as dolorosas consequências que se seguem. Mas, acima de tudo, é uma história da graça deslumbrante e implacável de Deus — uma graça que nos persegue, restaura os nossos muros partidos e promete uma restauração definitiva e gloriosa para além dos nossos sonhos mais loucos.

Ao olharmos para a Jerusalém terrena, somos recordados da fidelidade de Deus ao longo da história e obedecemos ao seu mandamento de orar pela sua paz. E ao olharmos para a Nova Jerusalém, encontramos a nossa esperança final e a nossa verdadeira identidade. Somos cidadãos de uma cidade celestial, a amada noiva de Cristo, a própria morada de Deus. Pertencemos à cidade cujo arquiteto e construtor é Deus, e esperamos o dia em que O veremos face a face naquele local de paz perfeita e eterna.

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