O que as Testemunhas de Jeová acreditam que acontece após a morte?




  • As Testemunhas de Jeová acreditam que, quando alguém morre, deixa de existir conscientemente, sem consciência nem sentimentos.
  • Eles rejeitam a ideia de julgamento imediato ou tormento eterno, vendo a morte como um retorno a um estado de inconsciência.
  • A sua principal esperança de vida depois da morte baseia-se na ressurreição, onde Deus restaura a vida através da sua memória e poder.
  • Distinguem dois grupos: 144.000 ungidos vão para o céu, e a maioria vive eternamente na terra paradísica.
Esta entrada é parte 1 de 6 da série Compreender as Testemunhas de Jeová

O que acontece quando morremos? Compreender as Crenças das Testemunhas de Jeová com um Coração Esperançoso

Já alguma vez te viste a olhar para as estrelas, talvez num momento calmo, e só te perguntaste sobre as maiores questões da vida? Uma daquelas perguntas profundas, uma que toca todos os corações, é esta: O que acontece quando o nosso tempo nesta bela terra terminar? É uma viagem que cada um de nós levará, e é tão natural, tão certo, procurar compreensão e um coração cheio de esperança. Esta exploração tem tudo a ver com olhar — com um coração aberto e verdadeiramente respeitoso — para o que as nossas Testemunhas de Jeová acreditam sobre a morte e o que vem depois. Sei que muitos de vocês, bons leitores cristãos, estão curiosos sobre estas crenças, e minha oração é que este artigo lhes traga clareza e uma grande dose de compreensão.

O que as Testemunhas de Jeová acreditam que acontece quando alguém morre? (O momento da passagem)

As Testemunhas de Jeová, abençoam os seus corações, têm uma visão muito distinta sobre o momento exato em que a vida de uma pessoa aqui na terra termina. E a sua compreensão desse momento molda toda a sua perspetiva sobre o que vem a seguir, ou talvez, o que não Vem a seguir.

Crença fundamental: A consciência apenas pára

Uma crença central e central no ensino das Testemunhas de Jeová é que, quando uma pessoa morre, simplesmente deixa de existir conscientemente. Não há consciência, não há sentimento, não há pensamento. Eles frequentemente nos apontam para a Palavra de Deus, a Bíblia, que diz tão claramente em Eclesiastes 9:5: "Os vivos estão conscientes de que morrerão; mas, quanto aos mortos, não têm consciência de nada.» E, em apoio disso, o Salmo 146:4 diz-nos que, quando alguém morre, «os seus pensamentos perecem». Assim, na sua opinião, os mortos não estão a pensar, nem a agir, nem a sentir uma única coisa.

Imaginem uma chama de vela. Quando a apagamos, a chama não vai noutro lugar, não é? Simplesmente desapareceu. É uma ilustração que, por vezes, utilizam. Esta crença é tão fundamental para eles, e é a própria base para a forma como compreendem a alma e a vida após a morte. Esta ideia da morte como uma paragem completa do nosso ser é um ponto de partida realmente crítico. Porque, se não houver consciência, ideias como uma viagem imediata a um local espiritual ou a um local de sofrimento consciente simplesmente não se encaixam na sua imagem. E é por isso que a promessa futura de uma ressurreição se torna incrivelmente importante — é vista como a apenas como uma pessoa pode voltar a viver.

Nenhuma viagem rápida para o céu ou o inferno

este entendimento é bastante diferente de uma crença cristã comum de que o espírito de um crente vai para lá com o Senhor imediatamente após a morte, ou que um incrédulo pode enfrentar um julgamento rápido ou mesmo um momento de dificuldade. Para as Testemunhas de Jeová, não veem qualquer viagem espiritual imediata para outro local quando ocorre a morte.

Voltar a «Poeira»

Colocaram muita ênfase nas palavras de Deus a Adão: «Tu és pó e ao pó voltarás» (Génesis 3:19). Assim como Adão não era um ser consciente antes de Deus o ter feito do pó, eles acreditam que ele voltou a esse estado de não existir quando morreu. E este princípio, eles sentem, aplica-se a cada um de nós.

Este ensino pode trazer um tipo especial de conforto a algumas pessoas, porque significa que os seus entes queridos falecidos não sofrem de forma alguma. Mas também significa que existe um fim poderoso para o direito à vida de um indivíduo, uma vez que também não se encontra num estado de bem-aventurança. Portanto, toda a sua esperança de uma vida futura repousa completamente num ato futuro de Deus: A ressurreição. Isto é um pouco diferente das crenças em que se pode encontrar conforto ao pensar que um ente querido está imediatamente «com Jesus». Para as Testemunhas de Jeová, o conforto encontra-se na memória perfeita de Deus e na Sua maravilhosa promessa de trazer de volta a vida nos dias vindouros.

As Testemunhas de Jeová acreditam que temos uma alma imortal? (A Natureza da Humanidade)

Como compreendemos o que é um ser humano verdadeiramente é tem um enorme impacto nas nossas crenças sobre o que acontece depois da morte. As Testemunhas de Jeová têm uma visão muito específica da alma que é bastante diferente de muitas das nossas perspetivas cristãs tradicionais.

A alma é a pessoa ou a força vital

As Testemunhas de Jeová ensinam que, quando a Bíblia fala sobre a «alma» (utilizando as palavras originais, hebraico: neốphesh; Grego: psiquiatria), refere-se a todo o ser vivo — a própria pessoa ou a própria vida que uma pessoa tem. Não a vêem como uma parte invisível e espiritual de um ser humano que vive depois da morte do corpo. Apontarão frequentemente para Génesis 2:7 na versão King James, que diz que quando Deus criou Adão, «o homem tornou-se uma alma viva»; Não lhe foi dada uma alma separada e imortal. Portanto, para eles, a alma é toda a criatura, em sua totalidade.

Esta compreensão é fundamental, amigo. Se a alma é a pessoa, e a pessoa morre, então eles acreditam que a alma também morre. Este é um desafio direto à crença cristã amplamente difundida numa alma inerentemente imortal que Deus cria, e que continua a existir após a morte física.1 Esta diferença sobre a natureza da alma é talvez o ponto mais crítico em que os caminhos divergem e conduz às suas outras visões distintas sobre a vida após a morte. Se a alma não é imortal, então não pode haver qualquer existência consciente logo após a morte, o que faz com que um inferno tradicional de tormento eterno pareça ilógico do seu ponto de vista. Como resultado, a ressurreição torna-se o único caminho para qualquer vida futura, em vez de uma alma apenas voltar a um corpo.

A alma pode morrer

Uma escritura fundamental para as Testemunhas de Jeová aqui é Ezequiel 18:4 (e também 18:20): «A alma que pecar, morrerá» (versão King James). Interpretam isto literalmente no sentido de que a pessoa - a alma - deixa de existir quando morre em consequência do pecado.

Liderança Clara da Filosofia Grega

As Testemunhas de Jeová argumentam que esta ideia de uma alma imortal não é um ensinamento da própria Bíblia, algo que foi adotado no cristianismo a partir de antigas formas gregas de pensar, especialmente a partir das ideias de Platão. Podem citar fontes como a Encyclopædia Britannica, que afirma que «os conceitos cristãos de uma dicotomia corpo-alma originaram-se com os gregos antigos». Acreditam que misturar os ensinamentos puros de Deus com filosofias humanas, como a alma imortal, não é algo que Deus aprove. A sua interpretação de nephesh como «uma criatura que respira» e psy⋅khe como «um ser vivo» é a sua forma de tentar fundamentar a sua compreensão estritamente naquilo que veem como termos bíblicos, mantendo-se a distância de ideias teológicas ou filosóficas posteriores. Tudo isto faz parte da sua sincera pretensão de restaurar o cristianismo original.

E quanto ao «Espírito»?

E o que dizer do «espírito» (a palavra hebraica «rüshach»; ou grego pneu・ma)? As Testemunhas de Jeová entendem-no como a força vital, a «faísca da vida» que anima todas as criaturas vivas, tanto as pessoas como os animais. Referem-se frequentemente a Eclesiastes 12:7, que diz que «o próprio espírito regressa ao verdadeiro Deus que o deu». As Testemunhas de Jeová não veem isto como uma parte consciente de nós ou da nossa personalidade que viaja para o céu. Em vez disso, acreditam que significa que qualquer esperança para uma vida futura repousa inteiramente em Deus. Ele é Aquele que tem o poder de restaurar esta força vital.

O que é a Visão do Inferno das Testemunhas de Jeová? É um local de tormento eterno? (O destino dos ímpios)

a ideia do inferno é uma das grandes áreas em que as crenças das Testemunhas de Jeová realmente se distinguem de muitos ensinamentos cristãos tradicionais.

Um forte "não" ao tormento eterno

As Testemunhas de Jeová rejeitam firmemente, e de todo o coração, a ideia de um inferno ardente onde os ímpios são conscientemente atormentados para todo o sempre. Acreditam que tal ideia não se encontra na Bíblia. Além disso, sentem que desonra o nosso Deus amoroso, fazendo-o parecer cruel e injusto, o que veem como o oposto da sua natureza de amor. É frequente ouvi-los dizer algo do género: «não é razoável presumir que um Deus amoroso destinaria os seres humanos a sofrer horrivelmente na miséria eterna». Este argumento, centrado no incrível amor de Deus e na justiça perfeita, é poderoso, tanto emocional como teologicamente, especialmente para aqueles que acham difícil conciliar a ideia tradicional de sofrimento consciente eterno com um Deus misericordioso. Oferece uma forma de compreender a justiça de Deus sem o que consideram uma crueldade desnecessária.

«Inferno» (Sheol/Hades) é simplesmente a sepultura comum

A palavra hebraica Sheol e o seu homólogo grego Hades, que são frequentemente traduzidos como «inferno» em algumas versões bíblicas mais antigas, são entendidos pelas Testemunhas de Jeová como simplesmente significando a sepultura comum da humanidade — um lugar ou um estado de não existir, de estar inconsciente. Eles apontam que a Bíblia fala de pessoas justas como Jacó e Jó que esperam ir ao Sheol. Até mesmo Jesus Cristo, observam eles, esteve no Hades (o túmulo) por um tempo antes de sua maravilhosa ressurreição. Para as Testemunhas de Jeová, estes exemplos mostram que o Sheol/Hades não pode ser um local de tormento ardente, porque era o destino de pessoas boas e, por um curto período, até do próprio Jesus.

Geena: Símbolo de ser para sempre

As Testemunhas de Jeová fazem uma distinção entre Sheol/Hades e o termo Gehenna. Vêem a Geena, de que Jesus falou (por exemplo, em Mateus 5:29, 30), não como um lugar onde as pessoas estão a sofrer conscientemente para sempre como um símbolo de destruição completa e eterna ou de serem exterminadas. Acreditam que este é o fim para aqueles que ficam tão presos na maldade que estão para além de voltar atrás. Esta redefinição cuidadosa das palavras bíblicas para «inferno» é tão importante para o seu argumento que a Bíblia não ensina o tormento consciente eterno. A teologia dominante muitas vezes traça uma linha mais nítida entre o Sheol/Hades como um lugar geral dos mortos (às vezes com condições diferentes para o bem e o mal) e a Geena como o local da punição final e ardente. Ao verem principalmente o Sheol/Hades como «o túmulo» (um estado que não existe) e a Geena como «destruição eterna» (a ser eliminada), as Testemunhas de Jeová criam um quadro que apoia a sua visão global do que está por vir.

A morte é a pena para o pecado, não o tormento

Ensinam que Deus decidiu que a morte, não o tormento eterno, seria a penalidade para o pecado, e apontam para Gênesis 2:17 e Romanos 6:23. Destacam também Romanos 6:7, «Porque aquele que morreu foi absolvido do seu pecado», para argumentar que a própria morte estabelece a pontuação para o pecado.

Se não for o céu ou o inferno imediatamente, que esperança oferecem as Testemunhas de Jeová após a morte? (A Promessa de um Futuro)

Então, se a morte significa uma parada completa para a nossa existência, que esperança pode haver para aqueles que já passaram? Para as Testemunhas de Jeová, a resposta, em todos os seus aspetos, reside num ato futuro do nosso incrível Deus.

A Ressurreição: Esta é a esperança central!

A esperança principal e central que as Testemunhas de Jeová mantêm para aqueles que morreram é a ressurreição — essa maravilhosa perspetiva de serem trazidos de volta à vida pelo incrível poder divino de Deus. Isto não é apenas um desejo, amigo; é uma crença firme baseada nas promessas de Deus ali mesmo na Bíblia, como Atos 24:15, que nos diz: «Haverá uma ressurreição».

Muitas vezes fazem uma bela comparação entre a morte e o sono, um quadro usado corretamente nas Escrituras. Passagens como João 11:11-14, em que Jesus falou do seu querido amigo Lázaro, que tinha morrido, como «dormindo» antes de o ressuscitar, são especialmente significativas. Este quadro de "sono" é tão poderoso na sua teologia porque se encaixa perfeitamente com a sua ideia de estar inconsciente na morte. «Dormir» sugere um tempo temporário de inatividade e não estar consciente, não sofrer ou existir conscientemente noutro lugar. A ideia de ser "despertado" por Deus, como sugerido em Jó 14:13-15, torna-se então o próximo passo natural deste quadro, enquadrando a ressurreição como um ato suave e divino de trazer as coisas de volta. Isto faz com que o seu ensino sobre a morte e a ressurreição se sinta acessível e muito menos assustador do que as ideias que envolvem julgamento imediato ou sofrimento potencial.

Dois caminhos para os ressuscitados

Esta ressurreição futura, acreditam eles, levará a um dos dois destinos finais para os que forem trazidos de volta: vida no céu para um número muito pequeno, limitado, ou a vida numa terra paradísica maravilhosamente restaurada para a maioria da humanidade fiel. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco!

A Memória de Deus e o seu Poder

A esperança da ressurreição está tão profundamente ligada à omnipotência de Deus e à sua perfeita memória. Acreditam que, embora uma pessoa deixe de existir, o seu padrão de vida, tudo o que a torna única, é mantido seguro na memória de Deus. Como diz uma fonte, para alguém que morre, «a sua vida está nas mãos de Deus, por assim dizer. Só pelo poder de Deus é que o espírito, ou a força vital, pode ser restituído para que uma pessoa possa voltar a viver.»

Para as Testemunhas de Jeová, portanto, a ressurreição é basicamente um ato de Deus recriar alguém. Uma vez que acreditam que a pessoa deixa completamente de existir no momento da morte e que não há alma que viva, a ressurreição não tem a ver com trazer de volta à vida um ser espiritual existente ou reuni-lo com um corpo. Em vez disso, Deus, utilizando a sua memória desse indivíduo, «formará um novo corpo para uma pessoa que dorme na morte e trazê-lo-á à vida, pondo nele espírito, ou força vital». Isto sugere um ato de fazer alguém novo, com base no padrão único da pessoa de que Deus se lembra. Este ponto de vista coloca uma ênfase ainda maior no poder ilimitado de Deus e no seu conhecimento pessoal e próximo de cada um de nós.

Quem são os 144 000 e a «grande multidão» e qual é o seu destino? (Dois Caminhos para a Vida Eterna)

A compreensão das Testemunhas de Jeová sobre o fim dos tempos inclui uma ideia muito distinta de dois grupos de pessoas salvas, cada um com diferentes esperanças e diferentes destinos. Isto cria uma espécie de sistema escalonado de salvação.

O «pequeno rebanho» – Os 144 000

Com base na forma como leem escrituras como Apocalipse 7:4 e Apocalipse 14:1-4, as Testemunhas de Jeová acreditam que um número literal, exatamente 144 000 indivíduos fiéis, é escolhido para uma vida no céu. Este grupo é muitas vezes chamado de "ungido" ou "pequeno rebanho", um nome retirado das próprias palavras de Jesus em Lucas 12:32. Crenças das Testemunhas de Jeová sobre o céu Também incluem a ideia de que este grupo limitado de indivíduos ungidos reinará com Cristo e servirá como governantes sobre a terra. Acredita-se que os fiéis restantes, que não pertencem aos 144 mil, tenham a esperança de viver para sempre em uma terra paradísica. Esta distinção constitui uma parte central dos seus ensinamentos escatológicos e reflecte a sua interpretação da profecia bíblica.

Acreditam que o seu destino é serem ressuscitados para o céu para governarem com Cristo como reis e sacerdotes no Reino celestial de Deus durante mil anos. As Testemunhas de Jeová também acreditam que as Escrituras Gregas Cristãs (o que chamamos de Novo Testamento) são escritas principalmente para este grupo específico de ungidos. Tomam esse número 144 000 literalmente, argumentando que, se fosse apenas um símbolo, o contraste em Apocalipse com a «grande multidão, que ninguém conseguiu numerar» (Apocalipse 7:9) não faria sentido. Isto é diferente de muitas interpretações cristãs tradicionais que vêem os 144 000 como um símbolo para todo o povo redimido de Deus.

As «Outras Ovelhas»/«Grande Multidão» – Paradise Earth

a grande maioria das outras Testemunhas de Jeová fiéis, que vêem como as «outras ovelhas» de Jesus mencionadas em João 10:16, ou a «grande multidão» descrita em Apocalipse 7:9, têm uma esperança terrena. Estas queridas pessoas esperam ser ressuscitadas para viver para sempre em perfeita saúde e maravilhosa harmonia em uma terra paradísica restaurada, desfrutando das mesmas condições que Deus originalmente queria para todos nós.

Acredita-se também que alguns membros desta "grande multidão" que estão vivos quando o Armagedom (que profetizou a guerra final) acontece pode sobreviver e continuar a viver diretamente na terra paradisíaca sem nunca ter que experimentar a morte. Identificar esta «grande multidão» com uma esperança terrena foi um grande desenvolvimento, abrindo a possibilidade de salvação a um número muito maior do que o limitado 144 000. Este entendimento molda realmente os seus esforços modernos para partilhar a sua fé, uma vez que o convite que fazem à maioria das pessoas é para se tornarem parte desta «grande multidão» destinada à vida eterna numa bela terra paradisíaca.

Esta estrutura de salvação a dois níveis — um destino celestial para uns poucos selecionados e um paraíso terrestre para as multidões — é uma característica única da teologia das Testemunhas de Jeová, diferente da visão cristã dominante mais comum de um corpo unificado de crentes que partilham um destino celestial ou um novo céu e uma nova terra. Esta teologia não só molda as crenças das Testemunhas de Jeová, como também as distingue de outros grupos protestantes, como os batistas e as Assembleias de Deus. As práticas batismais e os pontos de vista sobre a salvação dentro destas denominações ilustram a batista e assembleias de diferenças de deus que enfatizam um único caminho para o céu para todos os crentes. Em contrapartida, a ênfase das Testemunhas de Jeová numa dupla esperança reflete a sua interpretação distinta das Escrituras e da escatologia. Esta perspetiva única também pode ser explorada no contexto de uma Visão geral da Bíblia King James, que destaca as diferentes interpretações dos temas da salvação. A divergência nas interpretações bíblicas não só afeta as visões sobre a salvação, mas também influencia a forma como cada grupo compreende as escrituras-chave relativas ao fim dos tempos. Consequentemente, as Testemunhas de Jeová mantêm crenças distintas que reforçam continuamente a sua identidade separada no contexto cristão mais vasto. Esta posição teológica distinta é ainda apoiada pela Origem da Tradução do Novo Mundo, uma versão da Bíblia especificamente produzida pelas Testemunhas de Jeová para se alinhar com a sua interpretação das Escrituras. Esta tradução enfatiza suas crenças únicas e fornece uma base para seus ensinamentos, distinguindo-os ainda mais das doutrinas cristãs tradicionais. Além disso, a utilização desta tradução nos seus ministérios fomenta um forte sentido de unidade e identidade entre os adeptos, reforçando o seu compromisso com a sua fé distinta.

Como as Testemunhas de Jeová interpretam os versículos-chave da Bíblia sobre a morte, como Eclesiastes 9:5 ("os mortos não sabem nada")? (Fundação Bíblica)

As Testemunhas de Jeová baseiam toda a sua compreensão da morte na forma como interpretam versículos bíblicos fundamentais específicos. Vêem estes versículos como declarações claras e diretas sobre o que nos acontece quando morremos.

Por exemplo, aquele versículo de que falámos, Eclesiastes 9:5, «Os vivos estão conscientes de que morrerão; mas, quanto aos mortos, não têm consciência de nada», é uma verdadeira pedra angular do seu ensino sobre a morte. Compreendem que isto significa uma paragem completa de todo o pensamento, sentimento e consciência. Esta ideia é reforçada pela Salmo 146:4, que diz: «O seu espírito força vital sai, volta ao seu terreno, Nesse dia, os seus pensamentos perecem.»

Depois, há o que Jesus disse sobre o seu amigo Lázaro em João 11:11-14. Quando Jesus disse: «Lázaro, o nosso amigo, adormeceu... Lázaro morreu», eles tomam isso como prova direta de que a morte é um estado de estar inconsciente, tal como estar a dormir. As Testemunhas de Jeová argumentam que, se Lázaro tivesse conhecimento e existisse no céu ou num inferno ardente, Jesus não teria descrito o seu estado como apenas «dormir» e não teria sido uma bondade trazê-lo de volta de tal lugar para a vida na terra novamente.

As palavras de Deus a Adão em Gênesis 3:19, «Porque és pó e ao pó voltarás» significa que Adão, que foi feito de pó e não existia antes disso, voltou a um estado que não existia quando morreu. Vêem isto como um padrão para todos nós.

E, em consonância com a sua definição de «alma» como a pessoa ou o próprio ser vivo, as Testemunhas de Jeová interpretam Ezequiel 18:4 («Eis que todas as almas são minhas... A alma que peca — ela própria morrerá.») significa que a pessoa que peca deixará de existir; A própria alma passa.

Estas escrituras não são apenas a base para as suas próprias crenças, mas também as utilizam frequentemente quando partilham a sua fé, para desafiar as visões cristãs dominantes de uma alma imortal e de uma vida após a morte consciente. A sua maneira de ler a Bíblia muitas vezes dá um significado muito literal a estes versículos específicos. Interpretações cristãs convencionais podem olhar para estes de forma diferente. Por exemplo, podem considerar o tipo de escrita em Eclesiastes (a sua literatura de sabedoria, que reflete sobre a vida aqui «sob o sol»), ou argumentar que «morte» em Ezequiel 18:4 pode significar estar espiritualmente separado de Deus em vez de ser completamente eliminado, ou que a palavra «alma» (nephesh) pode significar coisas diferentes e nem sempre significa que todo o ser deixa de existir. Isto apenas mostra como diferentes formas de compreender as mesmas escrituras podem levar a ideias teológicas muito diferentes.

Qual é o significado da morte e ressurreição de Jesus nas crenças das Testemunhas de Jeová sobre a nossa morte? (O Caminho para a Vida Restaurado)

A morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo são absolutamente centrais para a teologia das Testemunhas de Jeová, amigo. Vêem-no como o próprio fundamento da sua esperança de vencer a morte.

A morte de Jesus como resgate para nos comprar de volta

As Testemunhas de Jeová ensinam que a morte de Jesus foi um «sacrifício de resgate». Acreditam que quando o primeiro homem, Adão, pecou, perdeu a vida humana perfeita para si próprio e para todos nós que o seguimos, e foi assim que o pecado e a morte vieram ao mundo. Jesus, sendo um ser humano perfeito (tal como Adão era perfeito antes de pecar), ofereceu a sua própria vida perfeita para «equilibrar a escala da justiça», basicamente resgatando o que Adão tinha perdido. Este sacrifício, acreditam eles, é a forma como Deus lida legalmente com o pecado que herdámos de Adão. Anula a sentença de morte que o pecado de Adão nos trouxe e torna a ressurreição uma possibilidade real para a humanidade.

Este resgate torna possível que as pessoas que obedecem a Deus sejam libertadas de serem condenadas pelo pecado herdado e pela consequência da morte.

Ressurreição de Jesus: Uma garantia para todos nós

A ressurreição de Jesus dentre os mortos é extremamente importante. Serve como uma garantia divina de Deus que os outros que morreram também serão ressuscitados. Eles muitas vezes se referem ao que o apóstolo Paulo raciocinou: se Cristo não fosse ressuscitado, então a sua fé e a sua pregação seriam em vão.

As Testemunhas de Jeová acreditam que Jesus foi ressuscitado por Deus com um «corpo espiritual», diferente do corpo físico em que morreu, embora pudesse aparecer em forma humana quando se mostrou aos seus discípulos. Esta compreensão da ressurreição espiritual de Jesus é diferente da esperança de ressurreição terrena que têm para essa «grande multidão».

Superar a Morte que Adão Trouxe

Ao terem fé no sacrifício de resgate de Jesus e ao viverem em obediência às leis de Deus, as pessoas podem ganhar a esperança de serem ressuscitadas. Esta ressurreição oferece a maravilhosa perspetiva de, eventualmente, desfrutar a vida eterna, livre daquele ciclo de pecado e morte que começou com Adão. Nesta forma de pensar, o papel de Jesus como redentor é principalmente salvar a humanidade de deixar permanentemente de existir — o que seria o fim último para aqueles que não receberam uma ressurreição devido ao pecado de Adão — e não de um estado de sofrimento consciente eterno, uma ideia que eles não aceitam. O seu sacrifício constitui a forma de escapar a esta «morte» permanente e ganhar a vida eterna.

O que os primeiros pais da Igreja ensinaram sobre a morte, a alma e a vida depois da morte, e como isso se compara? (Ecos do Cristianismo Primitivo)

Compreender o que os primeiros Padres da Igreja - os sábios teólogos e escritores dos primeiros séculos após os apóstolos - acreditavam ser realmente importante para os leitores cristãos que procuram algum contexto. Os seus ensinamentos sobre a morte, a alma e o que vem depois mostram frequentemente um contraste com o que as Testemunhas de Jeová acreditam.

O que os Padres da Igreja Primitiva ensinaram:

Muitos influentes Padres da Igreja Primitiva tinham uma forte visão de que a alma humana é imortal e continua a existir depois que nosso corpo físico morre.

  • Por exemplo: Justino mártir (cerca de 100-165 dC) ensinou que as almas permanecem conscientes depois da morte. Ele acreditava que as almas das pessoas boas vão para um lugar melhor, enquanto as dos injustos estão em um lugar pior, apenas à espera do julgamento final. incriado e naturalmente imortal sem a vontade de Deus, afirmou a sua existência consciente contínua e a realidade do castigo eterno para os ímpios.1 Algumas fontes destacam a sua opinião de que a imortalidade é um dom de Deus para aqueles que são dignos.1
  • Tatiano (cerca de 120-180 dC), que era estudante de Justino Mártir, teve uma abordagem ligeiramente diferente. Disse: «A alma não é, em si mesma, imortal... Mas mortal. No entanto, é possível que não morra.» Acreditava que, se a alma não conhecesse a verdade, «morreria e seria dissolvida com o corpo e ressuscitaria finalmente no fim do mundo com o corpo, recebendo a morte por castigo na imortalidade». Mas, se conhecesse a Deus, não morreria verdadeiramente, mesmo que fosse temporariamente dissolvida.2 Isto sugere uma espécie de imortalidade condicional que levaria a uma vida abençoada ou a um estado imortal de castigo.
  • Ireneu (cerca de 130-202 AD) falou sobre o "fogo eterno" para os ímpios e disse que Deus concede comunhão consigo mesmo, que é a vida, enquanto estar separado de Deus é a morte e uma perda eterna de coisas boas.3 Ele ensinou que as almas mantêm a sua identidade e memória após a morte. Embora alguns estudiosos às vezes tenham pensado que Irineu inclinou-se para a ideia de os ímpios serem aniquilados, um olhar mais profundo sobre seus escritos, especialmente Contra as heresias, mostra uma crença no castigo eterno, em que a perda das coisas boas de Deus é «eterna e sem fim».4
  • Tertuliano (cerca de 155-240 d.C.) definiu claramente a alma como «proveniente do sopro de Deus, imortal». Ele ensinou que todas as almas são mantidas no Hades (o submundo) após a morte, experimentando alguns confortos ou punições iniciais enquanto aguardam o julgamento final e a ressurreição.
  • Orígenes (cerca de 184-253 AD), que foi profundamente influenciado pelas ideias de Platão, ensinou que a alma existia antes e é imortal.1 É conhecido pela sua visão de um fogo purificador após a morte (uma espécie de limpeza) e, de forma controversa, por pensar na eventual restauração de todos os seres criados (uma grande palavra, apokatastasis), incluindo até o diabo, embora esta visão não tenha sido amplamente aceite e tenha sido posteriormente condenada.
  • Agostinho (354-430 d.C.) foi um forte crente na imortalidade da alma. Ele definiu a morte como a alma imortal que se separa do corpo e acreditava que estas almas desencarnadas experimentam imediatamente a alegria do céu ou os sofrimentos do inferno, à espera da ressurreição de seus próprios corpos.

Muitos Padres da Igreja Primitiva também ensinaram acerca de um Estado Intermediário (Hades/Paraíso). Acreditavam que, entre a morte e a ressurreição final, as almas existem num estado consciente intermédio.3 Os justos eram frequentemente descritos como estando no «Paraíso» ou no «Bosom de Abraão», experimentando descanso e paz, embora os ímpios estivessem num estado de desconforto ou sofrimento no Hades.

E quando chegou à A Natureza do Inferno (Punição Eterna), o acordo esmagador entre os Padres da Igreja Primitiva foi a crença numa punição eterna e consciente para aqueles que não se arrependeram. Isto foi muitas vezes descrito com termos como «fogo inextinguível», «fogo eterno» ou «tormento eterno».5 Pessoas como Inácio de Antioquia, autor do Segundo Clemente, Justino Mártir, a história do martírio de Policarpo, Irineu, Tertuliano e Cipriano de Cartago afirmaram que tal fim era para os ímpios.5 A ideia de aniquilação era uma visão minoritária e a ideia de restauração universal de Orígenes estava também fora do que se estava a tornar a crença dominante.

Comparar e compreender o contexto:

As Testemunhas de Jeová acreditam que os Padres da Igreja Primitiva que ensinavam coisas como a alma imortal e o fogo eterno do inferno tinham sido influenciados pela filosofia grega pagã, especialmente o platonismo, e assim se tinham desviado dos ensinamentos originais e puros dos apóstolos.1 Eles vêem as suas próprias crenças como uma restauração destas verdades anteriores e incorruptas. Esta restauração inclui um foco na natureza de Deus, como descrito na Bíblia, alinhando-se com a sua interpretação das Escrituras. Neste contexto, o Opinião das Testemunhas de Jeová sobre Deus salienta a utilização do nome de Deus, Jeová, e a crença de que Ele é um ser singular e todo-poderoso, distinto de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Tais crenças são vistas como cruciais para compreender a verdadeira essência da fé, tal como foi originalmente ensinada por Jesus e seus apóstolos.

O Cristianismo mainstream, por outro lado, geralmente vê suas doutrinas centrais sobre a alma e os destinos eternos como sendo consistentes com, e um desenvolvimento fiel do que os apóstolos ensinaram, encontrando apoio para esses pontos de vista nos escritos dos Padres da Igreja Primitiva. Embora reconhecendo que a filosofia influenciou os Padres da Igreja Primitiva, os estudiosos tradicionais frequentemente argumentam que estes Padres estavam usando as ferramentas intelectuais de seu tempo para explicar e defender as verdades cristãs que encontraram nas Escrituras, em vez de apenas trazer ideias pagãs sem pensar.

O cerne do desacordo muitas vezes se resume à forma como lemos a história: Os primeiros Padres da Igreja transmitiram fielmente a doutrina apostólica, ou representaram uma fase inicial de uma "grande queda"? É igualmente importante recordar que, embora houvesse um acordo geral sobre a imortalidade e o castigo eterno da alma, havia uma série de pensamentos e desenvolvimentos teológicos entre os Padres da Igreja Primitiva, especialmente sobre a natureza exata desse estado intermédio e a forma como os destinos eternos se desenrolariam.

Para nos ajudar a ver estas diferenças lado a lado, aqui está um pequeno quadro que estabelece:

Compreender as crenças sobre a morte: Testemunhas de Jeová, Cristianismo corrente e Padres da Igreja Primitiva

Aspecto da Crença Opinião das Testemunhas de Jeová Common Mainstream Christian View Visão(ões) Predominante(s) do Pai da Igreja Primitiva
Natureza da Alma Mortal; A pessoa ou a força vital; Deixa de existir com a morte. Imortal; uma parte espiritual distinta de um ser humano que sobrevive à morte física. Geralmente ensinada como imortal e sobrevivente da morte; Alguns (como Tatian) matizaram isto como condicional ou concedido por Deus, não inerentemente tão à parte Dele. Observa-se a influência de Platão no conceito de imortalidade inerente.1
Estado imediatamente depois da morte Inconsciente; cessação da existência (“sono da alma”).8 existência consciente; crentes com Cristo no Paraíso/Céu; incrédulos no Hades/tormento à espera de julgamento.6 existência consciente num estado intermediário (Hades/Paraíso); justo num lugar de conforto/bem-aventurança, ímpio num lugar de desconforto/tormento, à espera de ressurreição e julgamento final.3
Natureza do Inferno Aniquilação para os ímpios impenitentes (Gehenna); Sheol/Hades é a sepultura comum (não-existência).16 Eterno tormento consciente para os impenitentemente ímpios num lugar de fogo e separação de Deus.6 Predominantemente eterna punição consciente em "fogo inextinguível" ou "fogo eterno".4 Alguns, como Orígenes, propuseram punição corretiva/restauração universal (uma visão minoritária e posteriormente controversa).22 Algumas interpretações de Irineu são debatidas.4
A principal esperança para os mortos Ressurreição pelo poder de Deus para a vida celestial (144 000) ou para a terra paradísica (grande multidão)24. Presença imediata com Cristo para os crentes. Ressurreição corporal futura para todos, que conduza à vida eterna nos novos céus/terra ou ao castigo eterno. Ressurreição corporal para todos, conduzindo à recompensa eterna na presença de Deus ou ao castigo eterno.
Interpretação de Ecl. 9:5 ("os mortos não sabem nada") Literal: os mortos são completamente inconscientes, deixam de existir.9 Refere-se à falta de conhecimento/atividade terrena; não a inconsciência absoluta na vida após a morte, considerada com a revelação do NT.34 Geralmente compreendido num quadro de existência pós-morte consciente no Hades, à espera de ressurreição; Eclesiastes muitas vezes visto como reflexo de uma perspectiva terrena ou pré-cristã sobre o Sheol.
Interpretação de Ezequiel. 18:4 («alma... morrerá») Literal: a pessoa (alma) deixa de existir.32 Refere-se frequentemente à morte espiritual (separação de Deus) ou à morte física como consequência do pecado, e não à aniquilação da alma.40 Entendido como a morte espiritual ou a responsabilidade para o castigo eterno se a alma é imortal. se condicional, então a cessação efetiva para o não-arrependido após o julgamento. A «morte» da alma significava separação de Deus e responsabilidade perante o seu julgamento.

Por que razão as Testemunhas de Jeová acreditam que os seus ensinamentos sobre a morte são a verdade cristã original? (Reivindicação da Restauração)

Uma parte verdadeiramente fundamental de quem são as Testemunhas de Jeová é a sua profunda convicção de que as suas crenças, especialmente as que dizem respeito à morte e ao que vem depois, são uma restauração da verdade cristã original do primeiro século. Esta convicção molda a sua identidade e práticas, distinguindo-os do cristianismo tradicional. Pontos de vista católicos sobre as Testemunhas de Jeová muitas vezes criticam suas interpretações das escrituras e suas crenças sobre a vida após a morte, uma vez que estas divergem significativamente das doutrinas tradicionais. Apesar destas diferenças, as Testemunhas de Jeová continuam empenhadas em partilhar a sua compreensão da fé e da salvação com os outros.

Trazer de volta o cristianismo do primeiro século

As Testemunhas de Jeová ensinam que as suas doutrinas não são algo novo, uma reposição cuidadosa dos ensinamentos de Jesus Cristo e dos seus apóstolos. Acreditam que, após o falecimento dos apóstolos, ocorreu uma «grande apostasia» ou um afastamento e, durante esse período, o cristianismo dominante afastou-se gradualmente destas verdades originais.

Rejeitar as tradições «não bíblicas» e as ideias filosóficas

Eles acreditam firmemente que muitas doutrinas amplamente aceitas no cristianismo convencional - como a Trindade, a ideia de que a alma é inerentemente imortal e o conceito de inferno como um lugar de tormento eterno - não são realmente baseadas na Bíblia. Em vez disso, vêem-nas como tradições que se desenvolveram mais tarde, muitas vezes influenciadas por filosofias pagãs. Por exemplo, essa ideia de uma alma imortal está frequentemente ligada à influência de pensadores gregos como Platão.1 O movimento das Testemunhas de Jeová, que começou com um grupo de estudo bíblico no final do século XIX, vê-se como tendo despojado todas estas tradições humanas acumuladas para voltar aos puros ensinamentos das Escrituras.50

Esta história de um afastamento e, em seguida, de uma restauração é tão essencial para as Testemunhas de Jeová. Dá-lhes uma maneira de explicar por que suas crenças são tão diferentes do cristianismo histórico e convencional e valida a sua reivindicação de serem as que trazem de volta a verdadeira adoração. Sem esta ideia de um grande afastamento da verdade original, suas crenças únicas podem parecer apenas ideias recentes, em vez de um regresso ao cristianismo puro dos primeiros dias.

A Bíblia como a única autoridade

Uma das principais afirmações que fazem é a sua estrita adesão à Bíblia como a única e última autoridade para todas as suas crenças. Afirmam que se esforçam por construir o seu «sistema de crenças e práticas a partir da matéria-prima da Bíblia sem predeterminar o que aí se encontrava».50 Este apelo à «Só a Escritura» liga-se realmente a muitas pessoas que procuram uma fé alicerçada nos textos bíblicos. Mas também mostra que o facto de diferentes grupos religiosos utilizarem o princípio da sola Scriptura (só a Escritura) não significa que todos cheguem às mesmas conclusões doutrinárias. A forma como as Escrituras são interpretadas, ou a hermenêutica, que é aplicada — e o corpo de interpretação aceite numa comunidade (que se torna o seu próprio tipo de tradição, muitas vezes guiada por publicações da Sociedade Torre de Vigia) — desempenha um papel enorme nas ideias teológicas que surgem.

Como as práticas fúnebres das Testemunhas de Jeová refletem as suas crenças sobre a morte? (Afastar-se de suas crenças)

A forma como as Testemunhas de Jeová realizam os funerais é um reflexo direto das suas crenças fundamentais sobre a morte, a condição daqueles que já faleceram e a maravilhosa esperança que têm para o futuro. Estes serviços não se limitam ao luto; Durante os cultos, muitas vezes são lidas escrituras que enfatizam a promessa da ressurreição e da vida eterna, oferecendo conforto e esperança aos enlutados. Esta perspetiva também influencia as suas interações com as escolhas de cuidados de saúde, como se pode observar na relação entre Testemunhas de Jeová e profissões médicas, em especial no que diz respeito à sua posição sobre as transfusões de sangue. A celebração da vida e da fé nas promessas divinas permeia todos os aspectos destes encontros, reforçando os seus fortes laços comunitários.

Concentrar-se no Conforto e na Esperança da Ressurreição

Um dos principais objetivos de um funeral das Testemunhas de Jeová é proporcionar conforto àqueles que estão de luto55. Este conforto resulta especificamente dos ensinamentos bíblicos sobre a morte ser um estado de inconsciência e, mais importante ainda, a esperança da ressurreição55. A palestra proferida no funeral explicará tipicamente estas crenças, salientando que a pessoa que morreu não está a sofrer, mas está, de certa forma, apenas a dormir, à espera do chamado de Deus para despertar na ressurreição55. Esta compreensão partilhada da morte e da ressurreição cria um tipo especial de apoio da comunidade, todos centrados no reforço da sua esperança única.

Evitar os costumes que não se baseiam nas Escrituras

Em consonância com a sua convicção de que «os mortos não têm consciência de nada» (Eclesiastes 9:5), as Testemunhas de Jeová têm muito cuidado para evitar costumes fúnebres que se baseiam na ideia de que os mortos são conscientes, podem influenciar os vivos ou precisam de ser apaziguados55. Tais costumes podem incluir vigílias tradicionais em que as pessoas falam com o falecido, rituais elaborados destinados a ajudar o espírito do falecido ou sacrifícios feitos pelos mortos55. Vêem a participação em tais práticas como ir contra os mandamentos bíblicos de separar as coisas «impuras»55. Isto torna o seu serviço fúnebre uma declaração clara da sua posição teológica.

Mantê-lo modesto e simples

As Testemunhas de Jeová são informadas de que os funerais devem ser marcados por modéstia.55 Não se destinam a ser tempos para uma «exibição exibitiva» da situação social ou financeira de alguém.55 Por este motivo, geralmente evitam funerais muito elegantes ou vistosos, caixões excessivamente caros ou roupas extremas destinadas a impressionar os outros.55

O que acontece no serviço

O próprio serviço fúnebre geralmente inclui uma palestra dada por um ancião da congregação.55 Esta palestra visa confortar os enlutados, explicando a visão da Bíblia sobre a morte e a ressurreição.55 Pode também destacar as boas qualidades da pessoa que faleceu, talvez partilhando lições encorajadoras do seu exemplo de fé.55 Pode ser cantada uma canção baseada em temas bíblicos, e o serviço geralmente termina com uma oração reconfortante.55

Sem Taxas ou Passar a Placa

Em consonância com a sua prática geral de todos os seus serviços religiosos, as Testemunhas de Jeová não cobram quaisquer taxas pela realização de funerais, nem recolhem fundos durante esses serviços55.

Todas estas práticas em conjunto mostram como as crenças das Testemunhas de Jeová sobre a vida após a morte são transformadas em expressões reais e tangíveis em tempos de perda. Servem tanto para confortar os membros da sua comunidade de fé, de acordo com a sua compreensão específica, como para partilhar as suas crenças com os outros.

Conclusão: Uma mensagem de esperança e compreensão

à medida que percorremos este caminho de compreensão em conjunto, que explorámos o que os nossos amigos das Testemunhas de Jeová acreditam sobre essa poderosa questão do que acontece quando morremos, torna-se tão claro que os seus pontos de vista estão profundamente enraizados na forma como lêem as Escrituras e no seu desejo sincero de trazer de volta o que veem como verdade cristã original.

A sua crença central, o cerne da mesma, é que a morte é como um sono profundo, um estado de total inconsciência e não existente, em que o indivíduo deixa de estar consciente.9 Não acreditam numa alma imortal que viaja para um céu ou inferno imediatos. Em vez disso, a sua esperança está firmemente, maravilhosamente fixada na poderosa memória de Deus e no Seu amor inabalável, que sustenta essa preciosa promessa de um despertar futuro — uma ressurreição para a vida.24 Acreditam que esta ressurreição oferece dois caminhos: uma vida celestial para um seleto grupo de 144 000 26, e para a grande maioria dos fiéis, a incrível perspetiva de vida eterna em perfeitas condições numa terra paradísica.26 A sua rejeição de um inferno ardente de tormento eterno advém da sua profunda convicção de que tal ideia simplesmente não se encaixa num Deus de amor incrível e justiça perfeita.16

Buscar compreender o que os outros acreditam, mesmo quando essas crenças são diferentes das nossas, pode abrir nossos corações a uma maior compaixão, pode levar a conversas significativas e pode aprofundar nosso próprio apreço pelas muitas formas diversas que as pessoas encontram significado e esperança. Sejam quais forem as nossas convicções específicas sobre essa viagem para além desta vida, que possamos todos agarrar-nos à incrível esperança que encontramos no amor sem limites de Deus e nas Suas preciosas promessas para o nosso futuro. Sejam abençoados, sejam verdadeiramente abençoados!

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