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Estudo Bíblico: As Ensinanças de Jesus Sobre o Casamento




  • Jesus ensinou acerca da importância do casamento e da sua natureza sagrada.
  • Ele enfatizou o compromisso e o amor exigidos numa relação conjugal.
  • Jesus condenou o divórcio, afirmando que é contrário ao plano original de Deus para o casamento.
  • Encorajou o perdão e a reconciliação, mesmo em situações matrimoniais difíceis.

O que Jesus ensinou sobre a finalidade e o significado do casamento?

Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua infinita sabedoria, referiu-se ao matrimónio como uma união sagrada instituída por Deus desde o princípio da criação. No Evangelho de Mateus, quando questionado sobre o divórcio, Jesus aponta-nos de volta ao desígnio original do casamento, dizendo:

«Não lestes que aquele que os criou desde o princípio os fez homem e mulher, e disse: Por isso deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne?» Já não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, não separe o homem" (Mateus 19:4-6)

Nestas palavras, vemos que Jesus afirma a poderosa unidade e indissolubilidade do matrimónio. Ensina-nos que o casamento não é apenas uma instituição humana, mas uma instituição divina, enraizada no ato criativo de Deus. O objetivo do casamento, como Jesus o apresenta, é que o homem e a mulher se tornem «uma só carne» – uma unidade tão poderosa que reflete a própria imagem de Deus. No matrimónio, os casais são chamados a nutrir e a proteger esta unidade e a enfrentar todos os desafios que possam surgir. Jesus também nos dá a Dicas bíblicas para a resolução de conflitos, como o perdão, a paciência e a humildade, para ajudar os casais a navegar pelas dificuldades inevitáveis que surgem com a partilha de uma vida juntos. Através dos seus ensinamentos, Jesus convida-nos a honrar a santidade do matrimónio e a lutar pelo amor altruísta e pela unidade que espelha o amor de Deus.

O nosso Senhor eleva o matrimónio a sinal sacramental do seu amor pela Igreja. Como São Paulo exporia mais tarde na sua carta aos Efésios, com base no ensinamento de Cristo, «Este mistério é poderoso, e digo que se refere a Cristo e à Igreja» (Efésios 5:32). Assim, no entendimento cristão, o casamento torna-se um ícone vivo do amor doador de Cristo.

Jesus afirma também a fecundidade do matrimónio, fazendo eco da ordem original de Deus de «ser fecundos e multiplicar-se» (Génesis 1:28). Embora não discuta explicitamente a procriação nos seus ensinamentos sobre o casamento, tal está implícito na sua afirmação do desígnio criativo de Deus.

O primeiro milagre público do Senhor na festa de casamento de Caná (João 2:1-11) demonstra a sua bênção no casamento. Ao transformar a água em vinho, Jesus não só salva a celebração do constrangimento, mas também mostra simbolicamente como transforma o ordinário em extraordinário, assim como o matrimónio se destina a transformar a vida dos esposos.

Em tudo isto, vemos que Jesus nos ensina a ver o casamento como uma vocação santa, um caminho para a santidade e um meio pelo qual podemos crescer no amor – tanto para o nosso cônjuge como para Deus. É uma escola de virtude, onde aprendemos a paciência, o perdão e o amor altruísta. Portanto, cuidemos e apoiemos a instituição do matrimónio, reconhecendo a sua origem divina e o seu poderoso significado espiritual.

O que Jesus disse sobre o divórcio e o novo casamento?

Nosso Senhor Jesus Cristo falou com grande clareza e compaixão sobre os temas difíceis do divórcio e do novo casamento. Os seus ensinamentos, embora desafiadores, estão enraizados no plano original de Deus para o casamento e no seu desejo de felicidade e santidade.

No Evangelho de Mateus, encontramos o ensinamento mais explícito de Jesus sobre o divórcio:

«Também foi dito: «Quem se divorciar da sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio.» Digo-vos, porém, que todo aquele que se divorciar da sua mulher, exceto por motivo de imoralidade sexual, a faz cometer adultério, e todo aquele que se casar com uma mulher divorciada comete adultério.» (Mateus 5:31-32)

Mais tarde, quando questionado pelos fariseus, Jesus reitera e expande este ensino:

«E eu digo-vos: "Quem divorciar-se de sua mulher, exceto por causa da imoralidade sexual, e casar-se com outra, comete adultério" (Mateus 19:9).

Nestas passagens, vemos que Jesus adota uma posição forte contra o divórcio, considerando-o contrário à intenção original de Deus para o casamento. Ele ressalta que o divórcio, exceto em casos de imoralidade sexual (muitas vezes interpretado como adultério), leva a um estado de adultério contínuo se alguém se casar novamente.

Mas devemos ter cuidado para não interpretar estas palavras legalisticamente ou sem compaixão. Jesus não procura condenar, mas chamar-nos de volta à beleza e permanência do plano de Deus para o casamento. Ele está desafiando a atitude casual em relação ao divórcio que se desenvolveu em Seu tempo, lembrando-nos da seriedade do pacto matrimonial.

No Evangelho de Marcos (10:11-12) e em Lucas (16:18), o ensinamento de Jesus sobre o divórcio é apresentado sem a cláusula de exceção encontrada em Mateus. Isto levou a muita discussão e diferentes interpretações dentro da Igreja ao longo da história.

No que diz respeito ao novo casamento, as palavras de Jesus sugerem que considerava problemático que se seguisse a um divórcio inválido. Mas devemos recordar também a sua infinita misericórdia e compaixão, como demonstra o seu encontro com a mulher samaritana no poço (Jo 4,1-42), que se tinha casado cinco vezes.

Queridos irmãos e irmãs, embora estes ensinamentos possam parecer duros em nosso contexto moderno, devemos compreendê-los como um convite à graça, não como um fardo da lei. Jesus está chamando-nos a um padrão mais elevado de amor e compromisso no casamento, que reflete seu próprio amor fiel pela Igreja.

Ao mesmo tempo, nós, na Igreja, devemos abordar estas questões com grande sensibilidade pastoral. Muitos dos nossos irmãos e irmãs experimentaram a dor do divórcio e do novo casamento. Ao mesmo tempo que defendemos o ideal da permanência do casamento, devemos também ser ministros da misericórdia e da cura de Deus, ajudando todos a encontrar o seu caminho para a santidade, independentemente do seu estado civil.

Rezemos por todos os esposos, para que encontrem em Cristo a força para viver fielmente a sua vocação. E rezemos também por aqueles que experimentaram a dor do divórcio, para que possam conhecer o amor de Deus e encontrar a cura no abraço da Igreja.

Como Jesus via o celibato em relação ao casamento?

Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua sabedoria divina, referiu-se ao matrimónio e ao celibato como caminhos válidos de discipulado, cada um com a sua vocação e graça únicas. Ao mesmo tempo que afirmava a bondade do matrimónio, Jesus apresentava também o celibato como uma vocação especial para alguns, empreendida por amor do Reino de Deus.

No Evangelho de Mateus, depois de discutir o casamento e o divórcio, Jesus fala do celibato:

«Pois há eunucos que o foram desde o nascimento, e há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens, e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem puder receber isto, receba-o" (Mateus 19:12).

Aqui, nosso Senhor reconhece que nem todos são chamados ao casamento. Fala daqueles que escolhem o celibato – para se tornarem «eunucos» – por causa do Reino de Deus. Não se trata de um ato físico, mas de um compromisso espiritual de renunciar ao casamento e dedicar-se inteiramente ao serviço de Deus.

O próprio Jesus viveu uma vida celibatária, dando-nos um poderoso exemplo desta vocação. O seu celibato não foi uma rejeição da bondade do matrimónio, mas um sinal da sua total dedicação à sua missão e do seu matrimónio espiritual com a Igreja.

No Evangelho de Lucas, Jesus diz:

"Os filhos desta idade casam-se e são dados em casamento, mas aqueles que são considerados dignos de atingir essa idade e para a ressurreição dos mortos não se casam nem são dados em casamento, pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição." (Lucas 20:34-36)

Aqui, Jesus aponta para a dimensão escatológica do celibato, sugerindo que este antecipa o estado celestial onde o matrimónio deixará de existir.

Mas não devemos interpretar estes ensinamentos como sugerindo que o celibato é superior ao casamento. Pelo contrário, ambos são maneiras diferentes de viver o chamado para amar e servir a Deus. Como São Paulo explicaria mais tarde, cada pessoa tem seu próprio dom de Deus, uma desta maneira e outra naquela (1 Coríntios 7:7).

A visão de Jesus sobre o celibato é a da liberdade e da dedicação. É um carisma, um dom dado por Deus a alguns para a edificação do Reino. Aqueles que abraçam este chamado não o fazem por desdém pelo casamento, mas por um desejo de entregar-se totalmente a Deus e ao Seu povo.

Na nossa Igreja de hoje, vemos esta vocação celibatária vivida na vida dos sacerdotes, dos irmãos e irmãs religiosos e dos leigos consagrados. O seu testemunho recorda-nos a todos a primazia de Deus na nossa vida e a realidade do Reino vindouro.

Ao mesmo tempo, devemos recordar que a grande maioria dos cristãos é chamada à vocação matrimonial. Também este é um caminho de santidade, um modo de viver o amor de doação de Cristo no contexto da vida familiar.

Apreciemos, portanto, ambas as vocações – o matrimónio e o celibato – como belas expressões do amor de Deus. Apoiemos aqueles que são chamados ao celibato, honrando-lhes o sacrifício e a dedicação. E apoiemos igualmente os casais, reconhecendo no seu amor um reflexo do amor de Cristo pela Igreja.

Que todos nós, casados ou celibatários, nos esforcemos por viver fielmente as nossas vocações, procurando sempre crescer no amor a Deus e ao próximo.

Qual foi a posição de Jesus sobre o adultério e a imoralidade sexual?

Nosso Senhor Jesus Cristo falou com grande clareza e compaixão sobre os temas do adultério e da imoralidade sexual. Os seus ensinamentos chamam-nos a um alto padrão de pureza e fidelidade, oferecendo sempre a esperança do perdão e da redenção aos que caíram.

No Sermão da Montanha, Jesus dirige-se diretamente ao adultério:

"Ouvistes que foi dito: 'Não cometerás adultério.' Mas eu vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher com luxúria já cometeu adultério com ela no seu coração." (Mateus 5:27-28)

Aqui, nosso Senhor vai além da letra da lei para abordar a raiz do pecado sexual no coração humano. Ele ensina-nos que a pureza não é apenas sobre ações exteriores, mas sobre as intenções e desejos de nossos corações. Este ensinamento desafiador chama-nos a cultivar uma profunda pureza interior, reconhecendo que os nossos pensamentos e atitudes são tão importantes para Deus quanto as nossas ações.

A posição de Jesus sobre o adultério é ilustrada no seu encontro com a mulher apanhada em adultério (João 8:1-11). Diante dos seus acusadores, que estavam dispostos a apedrejá-la segundo a lei, Jesus responde com justiça e misericórdia:

"Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra." (João 8:7)

E, quando todos se foram, disse à mulher:

«Também não vos condeno; "Vai-te embora, e a partir de agora não peques mais" (João 8:11).

Nesta cena poderosa, vemos a abordagem de Jesus para com aqueles que caíram em pecado sexual. Não perdoa o pecado – , chama-lhe claramente pecado e ordena à mulher que abandone a sua vida pecaminosa. Mas também não condena o pecador. Pelo contrário, oferece a misericórdia e a oportunidade de um novo começo.

Em relação à imoralidade sexual de forma mais ampla, Jesus a lista entre os males que vêm de dentro e contaminam uma pessoa:

«Porque do interior, do coração do homem, vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, o roubo, o homicídio, o adultério, a cobiça, a maldade, o engano, a sensualidade, a inveja, a calúnia, o orgulho, a tolice. Todas estas coisas más vêm de dentro, e contaminam uma pessoa." (Marcos 7:21-23)

Aqui, Jesus coloca a imoralidade sexual ao lado de outros pecados graves, indicando a sua gravidade. Ele ensina-nos que a pureza sexual, como toda a virtude, começa no coração.

Estes ensinamentos de nosso Senhor chamam-nos a uma pureza e fidelidade radicais. Eles desafiam-nos a examinar não só as nossas ações, mas também os nossos pensamentos e desejos. Ao mesmo tempo, recordam-nos a misericórdia ilimitada de Deus, sempre pronta a perdoar e a restaurar os que se arrependem.

No nosso mundo de hoje, onde a imoralidade sexual é muitas vezes normalizada ou mesmo celebrada, somos chamados a ser testemunhas da beleza do plano de Deus para a sexualidade humana. Isto significa viver castamente de acordo com o nosso estado de vida – seja na fidelidade do casamento ou no celibato da vida religiosa.

Para aqueles que lutam contra as tentações sexuais ou que caíram no pecado, lembremo-nos de que a misericórdia de Deus está sempre disponível. O sacramento da Reconciliação oferece-nos um caminho de cura e de renovação. E como Igreja, devemos ser uma comunidade de apoio e encorajamento, ajudando-nos uns aos outros a viver na liberdade e na alegria da pureza.

Que todos nos esforcemos, com a graça de Deus, por cultivar a virtude da castidade, respeitando a dignidade de cada pessoa e honrando o belo dom divino da sexualidade humana.

Como Jesus interagiu com os casais nos Evangelhos?

À medida que refletimos sobre as interações de nosso Senhor Jesus Cristo com os casais nos Evangelhos, encontramos belos exemplos de Seu cuidado, compaixão e afirmação da vocação conjugal. Embora os Evangelhos não nos forneçam muitos encontros explícitos entre Jesus e os casais, os exemplos que temos são ricos de significado e instrução para nós hoje.

Uma das interações mais importantes ocorre logo no início do ministério público de Jesus – a festa de casamento em Caná (João 2:1-11). Aqui, vemos Jesus não só assistir a uma festa de casamento, mas realizar seu primeiro milagre público para salvar a celebração de constrangimento. Ao transformar a água em vinho, Jesus abençoa a instituição do casamento e mostra o seu desejo de trazer alegria e abundância à vida conjugal. Este milagre também prefigura a Eucaristia e simboliza como Cristo pode transformar a nossa vida ordinária em algo extraordinário.

Neste relato, vemos também o importante papel de Maria, que intercede em nome do casal. Isto recorda-nos o poder da oração de intercessão no apoio aos esposos e o papel especial de Nossa Senhora em guiar-nos ao seu Filho.

Outra interação importante envolve a sogra de Pedro (Mateus 8:14-15, Marcos 1:29-31, Lucas 4:38-39). Embora não vejamos diretamente a mulher de Pedro, o facto de Jesus curar a sogra do discípulo demonstra o seu cuidado pela família alargada que o casamento cria. Lembra-nos que o casamento não é apenas sobre o casal, mas sobre as relações familiares mais amplas que estabelece.

No Evangelho de Lucas, encontramos a história de Zacarias e Isabel, os pais de João Batista (Lucas 1:5-25, 57-80). Embora Jesus não interaja diretamente com eles (uma vez que ainda não nasceu), a sua história faz parte da narrativa da infância e mostra a bênção de Deus para o seu casamento. Apesar da sua idade avançada e da esterilidade de Isabel, Deus concede-lhes uma criança, demonstrando o Seu poder para trazer vida e realização mesmo em situações aparentemente impossíveis.

Jesus também usa a imagem do casamento em muitas de suas parábolas e ensinos. Por exemplo, na parábola da festa de casamento (Mateus 22:1-14), Ele compara o Reino dos Céus a uma celebração de casamento. Isto não só afirma a bondade do casamento, mas eleva-o a um símbolo da nossa relação com Deus.

Em seus ensinamentos sobre o divórcio (que discutimos anteriormente), Jesus defende a santidade e a permanência do casamento, chamando os casais a um alto padrão de fidelidade e amor. Ele reforça a ideia de que o casamento não deve ser encarado de ânimo leve, mas sim como um pacto sagrado entre marido e mulher. O seu A definição de amor vai além dos meros sentimentos ou emoções e engloba um compromisso altruísta com o bem-estar e a felicidade do cônjuge. Este ensino desafia as pessoas a cultivarem um amor firme, inabalável e sacrifical.

Embora possamos desejar relatos mais diretos de Jesus interagindo com casais, o que temos nos Evangelhos é profundamente significativo. Vemos Jesus afirmar o casamento, abençoá-lo com a sua presença, cuidar das famílias alargadas que cria e utilizá-lo como imagem do amor de Deus pelo seu povo.

A partir destas interações, podemos extrair várias lições importantes:

Jesus valoriza e abençoa o matrimónio, vendo-o como uma parte vital da sociedade humana e um reflexo do amor divino.

Ele não se preocupa apenas com o casal, mas com toda a unidade familiar que o casamento cria.

Cristo deseja estar presente na vida conjugal, transformando as nossas experiências ordinárias em ocasiões de graça, tal como transformou a água em vinho.

O casamento é um sinal do amor pactual de Deus, apontando-nos para a união final entre Cristo e a Sua Igreja.

Ao refletirmos sobre estes relatos evangélicos, rezemos por todos os esposos, para que convidem Cristo para as suas relações, permitindo-lhe abençoar, curar e transformar o seu amor. E que possamos, enquanto Igreja, continuar a apoiar e a encorajar os casais, reconhecendo na sua vocação um belo caminho para a santidade e um testemunho vital do amor de Deus no nosso mundo.

Farei tudo o que estiver ao meu alcance para abordar estas importantes questões sobre o casamento e os ensinamentos de Jesus com a sabedoria e a compaixão do nosso Senhor. Pensemos juntos nestas questões que são tão centrais para a nossa fé e para a nossa vida familiar.

O que podemos aprender com a participação de Jesus nas bodas de Caná?

A festa de casamento em Caná tem um grande significado para a nossa compreensão do casamento e da relação de Cristo com a Igreja. Neste belo relato evangélico, vemos Jesus não só assistir a uma celebração de casamento, mas realizar seu primeiro milagre público lá. Isto fala muito sobre a importância do casamento no plano de Deus.

Primeiro, aprendemos que Jesus abençoa e santifica a instituição do matrimónio através da sua presença. Ao optar por iniciar seu ministério público em um casamento, nosso Senhor mostra que o casamento não é apenas uma convenção humana, mas um chamado divino. Como nos ensina o Catecismo, «o próprio Deus é o autor do casamento» (CIC 1603). A presença de Jesus recorda-nos que Ele deseja estar presente em todos os casamentos, para abençoar e fortalecer o vínculo entre marido e mulher (Francisco, 2015).

Em segundo lugar, o milagre de transformar a água em vinho revela o desejo de Cristo de trazer alegria, abundância e nova vida aos casais. O casamento nem sempre é fácil, queridos amigos. Há momentos em que, como em Caná, o «vinho se esgota» – quando o amor parece arrefecer ou surgem dificuldades. Mas Jesus está pronto a transformar a água ordinária da nossa vida quotidiana no vinho rico da sua graça e do seu amor. Ele pode renovar e revitalizar mesmo os casamentos em dificuldades, se nos voltarmos para ele na fé.(Aquilina & Bailey, 2012)

Vemos também neste relato o importante papel de intercessão de Maria, que chama a atenção de Jesus para as necessidades do casal. Isso nos recorda o poder da oração no casamento e o apoio que os casais precisam da comunidade mais ampla de fé. O casamento não existe isoladamente. Somos todos chamados a rezar e a encorajar os casais no nosso meio.(Aquilina & Bailey, 2012)

Por último, a instrução de Maria aos servos – «Fazei o que Ele vos disser» – constitui um modelo para o casamento cristão. Os casais que atendem aos ensinamentos de Cristo e procuram seguir a sua vontade, mesmo quando parece difícil, encontrarão a sua relação transformada e fortalecida. A obediência a Cristo é o caminho mais seguro para a alegria e a realização conjugal.(Aquilina & Bailey, 2012)

Aprendamos de Caná que Cristo quer estar no centro de cada matrimónio, abençoando-o com a sua presença, renovando-o com a sua graça e guiando-o com os seus ensinamentos. Que todos os esposos convidem Jesus para as suas casas e para os seus corações, confiantes de que Ele pode produzir juntos o vinho mais rico do amor, a partir da água simples da sua vida quotidiana.

Como Jesus usa o casamento como uma metáfora para a sua relação com a Igreja?

Nosso Senhor Jesus Cristo, na sua sabedoria infinita, usa o poderoso vínculo do matrimónio para iluminar o mistério profundo do seu amor pela Igreja. Esta metáfora, rica de significado, ajuda-nos a compreender a união íntima e inquebrável entre Cristo e o seu povo.

Jesus apresenta-se como Esposo e a Igreja como Esposa. Estas imagens, enraizadas na representação dos profetas do Antigo Testamento da aliança de Deus com Israel, atingem a sua expressão mais plena em Cristo. Como São Paulo belamente expressa na sua carta aos Efésios, «Maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a igreja e se entregou por ela» (Efésios 5:25). Vemos aqui que o amor sacrificial de Cristo na cruz é o modelo para o amor conjugal (Igreja, 2000).

Esta imagem esponsal revela a profundidade do compromisso de Cristo com a sua Igreja. Assim como no matrimónio dois se tornam uma só carne, Cristo une-se à Igreja num vínculo inquebrável. Ele não se limita a fazer um contrato conosco, mas entra numa relação de aliança de amor total de doação. Isto ensina-nos que o matrimónio não é apenas um acordo humano, mas um mistério sagrado que reflecte o próprio amor de Deus (Igreja, 2000).

A metáfora conjugal sublinha a exclusividade e a fidelidade do amor de Cristo. Como um marido fiel é dedicado apenas à sua esposa, assim Cristo dá-se plena e exclusivamente à Igreja. Isto chama-nos, enquanto Igreja, a responder com igual fidelidade e devoção, afastando-nos de todos os «ídolos» que competiriam pelo nosso afeto (Igreja, 2000).

A imagem do matrimónio fala-nos também de fecundidade. Assim como a união de marido e mulher está ordenada para a geração de uma nova vida, assim também a união de Cristo e da Igreja está destinada a dar frutos espirituais. Através da nossa comunhão com Cristo, somos chamados a gerar novos filhos de Deus através da evangelização e a nutrir o crescimento da fé uns nos outros.

Esta metáfora ensina-nos sobre a dependência da Igreja em relação a Cristo. Como uma mulher no mundo antigo confiava em seu marido para proteção e provisão, assim a Igreja confia inteiramente em Cristo para a sua vida e sustento. Ele alimenta-nos e ama-nos, particularmente através do dom da Eucaristia, que é uma antecipação da festa das núpcias celestes (Igreja, 2000).

Por fim, a metáfora do casamento nos aponta para o nosso destino final. O livro do Apocalipse fala da «festa das bodas do Cordeiro» (Apocalipse 19:9), em que a união de Cristo com a sua Igreja será plenamente realizada. Isto recorda-nos que todos os casamentos terrenos devem ser sinais e presságios desta união eterna com Deus (Igreja, 2000).

Maravilhemo-nos com a profundidade do amor de Cristo por nós, pela sua Igreja. Que esta imagem esponsal inspire os casais a verem a sua vocação como um ícone vivo do amor de Cristo, e que nos encoraje a todos a aprofundar a nossa devoção a Cristo, o nosso divino Esposo. Esforcemo-nos por ser uma Noiva fiel, fecunda e bela, aguardando ansiosamente o dia em que estaremos unidos a Ele para sempre no céu.

O que Jesus ensinou sobre a resolução de conflitos no casamento?

Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua infinita sabedoria e compaixão, forneceu-nos uma poderosa orientação para navegar nos desafios que surgem no casamento. Embora não nos tenha deixado um manual detalhado para a resolução de conflitos, os seus ensinamentos oferecem-nos princípios intemporais que, quando aplicados com amor e humildade, podem curar feridas e fortalecer o vínculo conjugal.

Jesus enfatizou a importância do perdão em todas as nossas relações, incluindo o casamento. Na oração do Senhor, ensinou-nos a pedir perdão à medida que perdoamos aos outros (Mateus 6:12). Esta natureza recíproca do perdão é crucial no matrimónio. Quando surgem conflitos, como inevitavelmente acontecerão, os esposos devem estar prontos a perdoar uns aos outros, assim como Cristo nos perdoou. Isto não significa ignorar questões reais, mas sim abordá-las com um espírito de misericórdia e um desejo de reconciliação (Invernos, 2016).

O Senhor também ressaltou a importância de uma comunicação honesta e amorosa. Em Mateus 18:15-17, Jesus descreve um processo para resolver conflitos que começa com uma conversa direta e privada. No matrimónio, isto traduz-se na necessidade de um diálogo aberto e respeitoso entre os cônjuges. Em vez de albergar ressentimento ou tagarelar com os outros sobre os defeitos do nosso cônjuge, somos chamados a falar a verdade com amor, abordando as questões diretamente, mas com gentileza e respeito. (Inverno, 2016)

Jesus nos ensinou a examinar nossos próprios corações e ações antes de julgar os outros. As suas palavras, «Por que vês o argueiro que está no olho do teu irmão, mas não reparas na trave que está no teu próprio olho?» (Mateus 7:3), são particularmente relevantes no casamento. Quando surgem conflitos, devemos primeiro olhar para dentro, examinar as nossas próprias contribuições para o problema e a nossa própria necessidade de crescimento e mudança. Esta autorreflexão pode suavizar os nossos corações e abrir o caminho para a compreensão mútua e a reconciliação. (Invernos, 2016)

Nosso Senhor enfatizou a permanência e a sacralidade do vínculo matrimonial. Ao abordar a questão do divórcio, Jesus recordou o plano original de Deus: "O que Deus uniu, ninguém separe" (Marcos 10:9). Este ensinamento recorda-nos que, em tempos de conflito, o nosso objetivo deve ser sempre a reconciliação e o fortalecimento da nossa união conjugal, não a separação. Chama-nos a perseverar através das dificuldades, confiando na graça de Deus para curar e restaurar. (Keller & Keller, 2011)

Jesus ensinou-nos também o poder transformador do amor sacrificial. A sua ordem de «amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (João 15:12) eleva a fasquia do amor conjugal. Em tempos de conflito, somos chamados a imitar o amor doador de Cristo, colocando as necessidades do nosso cônjuge à frente das nossas. Isto pode significar ser o primeiro a pedir desculpas, a dar o primeiro passo no sentido da reconciliação ou a suportar pacientemente as fraquezas do nosso cônjuge (Hoffman, 2018).

Por fim, o Senhor sublinhou a importância da oração em todos os aspectos da vida, incluindo o matrimónio. Ensinou-nos a orar persistentemente e a confiar na provisão de Deus (Lucas 11:9-13). Quando confrontados com conflitos matrimoniais, os casais devem voltar-se para a oração em conjunto, pedindo a sabedoria, a cura e a graça de Deus. A oração pode amolecer os corações, proporcionar novas perspetivas e convidar o poder transformador de Deus para a situação (Balch & Osiek, 2003).

Resolver conflitos no casamento nem sempre é fácil, mas com Cristo no centro, é sempre possível. Abordemos os desafios conjugais com a humildade, o amor e a fé que Jesus nos ensinou. Lembremo-nos sempre de que os nossos casamentos se destinam a ser testemunhos vivos do amor de Cristo pela sua Igreja e que podemos contar com a sua graça para nos ajudar a perdoar, comunicar e amar como Ele nos amou.

Como é que o ensino de Jesus sobre o amor se aplica ao casamento?

Os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre o amor constituem o próprio fundamento do casamento cristão. As suas palavras e o seu exemplo proporcionam-nos uma compreensão poderosa e transformadora do amor que, quando aplicado ao casamento, pode criar uma união que reflita verdadeiramente o amor de Deus pela humanidade.

Jesus ensina-nos que o amor não é apenas um sentimento, mas uma escolha e um compromisso. Quando nos ordena «amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (João 15:12), chama-nos a um amor abnegado e incondicional. No casamento, isso significa optar por amar o nosso cônjuge todos os dias, especialmente quando é difícil. Significa colocar as suas necessidades à frente das nossas, assim como Cristo colocou as nossas necessidades à frente das suas no seu sacrifício na cruz.

Nosso Senhor ensina-nos também que o amor é paciente e bondoso (1 Coríntios 13:4-7). No contexto do casamento, esta paciência e bondade são essenciais. Os cônjuges devem aprender a suportar as faltas uns dos outros, a perdoar repetidamente e a mostrar bondade, mesmo em momentos de frustração ou desacordo. Este amor paciente cria um espaço seguro dentro do casamento, onde ambos os parceiros podem crescer e florescer. (Hoffman, 2018)

O ensinamento de Jesus sobre o amor salienta a importância do perdão. Ele diz-nos para perdoar "setenta vezes sete" (Mateus 18:22), indicando que não deve haver limite para o nosso perdão. No casamento, este perdão sem fim é crucial. Os cônjuges inevitavelmente vão ferir uns aos outros, às vezes profundamente. Mas, ao abraçarem o ensinamento de Cristo sobre o perdão, podem curar feridas, restaurar a confiança e reforçar os seus laços (Invernos, 2016).

O ensinamento do Senhor de que «não há maior amor do que dar a vida pelos amigos» (João 15:13) tem implicações poderosas para o casamento. Embora isto nem sempre signifique um martírio literal, chama os cônjuges a «dar a vida» diariamente – deixando de lado os desejos pessoais, fazendo sacrifícios para o bem do outro e do casamento. Este amor sacrificial imita o amor de Cristo pela Igreja e tem o poder de transformar um casamento num testamento vivo do amor de Deus (Burke-Sivers, 2015).

Jesus também nos ensina que o amor não é egoísta (1 Coríntios 13:5). No casamento, isto significa ir além do egoísmo e do ego para procurar verdadeiramente o bem do nosso cônjuge. Significa regozijar-se em seus sucessos, apoiar seus sonhos e ajudá-los a se tornarem a pessoa que Deus os criou para ser. Este amor altruísta cria um casamento de apoio mútuo e crescimento. (Hoffman, 2018)

Os ensinamentos do nosso Senhor também sublinham a importância da unidade. Reza pelos seus discípulos «para que sejam um como nós» (João 17:11). No matrimónio, este apelo à unidade realiza-se de modo único. Os cônjuges são chamados a tornar-se «uma só carne» (Génesis 2:24), unidos no corpo, na mente e no espírito. Esta unidade não tem a ver com a perda da identidade individual, mas com a criação de uma nova identidade partilhada como casal.(Burke-Sivers, 2015)

Por fim, Jesus ensina-nos que o amor é o cumprimento da lei (Mateus 22:36-40). No casamento, isto significa que o amor deve ser o princípio orientador de todas as decisões e ações. Quando os esposos verdadeiramente amam uns aos outros como Cristo ama, eles naturalmente cumprem seus votos conjugais e criam uma casa cheia de paz, alegria e respeito mútuo.

Aplicar os ensinamentos de Jesus sobre o amor ao casamento é uma viagem ao longo da vida. Exige empenho diário, perdão frequente e uma constante orientação para a graça de Deus. Mas quando os cônjuges se esforçam por amar como Cristo ama, o seu casamento torna-se um belo reflexo do amor de Deus pela humanidade. Torna-se uma fonte de alegria e de força para o casal, um ambiente propício às crianças e um poderoso testemunho para o mundo do poder transformador do amor de Cristo.

Rezemos por todos os esposos, para que cresçam continuamente neste amor semelhante ao de Cristo. E que todos nós, casados ou solteiros, nos esforcemos por encarnar este amor divino em todas as nossas relações, sabendo que, ao fazê-lo, aproximamo-nos do coração de Deus.

O que Jesus disse sobre os papéis dos maridos e das mulheres?

Quando consideramos o que o nosso Senhor Jesus Cristo ensinou sobre o papel dos maridos e das mulheres, devemos recordar que os seus ensinamentos nos apontam sempre para o amor, o respeito mútuo e a dignidade de cada pessoa criada à imagem de Deus. Embora Jesus não nos tenha deixado um manual detalhado sobre os papéis matrimoniais, as suas palavras e ações fornecem-nos conhecimentos poderosos que podem guiar os casais a viver a sua vocação matrimonial.

Jesus afirmou a igualdade fundamental e a dignidade do marido e da mulher. Numa época em que as mulheres eram frequentemente tratadas como propriedade, Jesus mostrava consistentemente respeito e honra às mulheres, elevando-lhes o status. Envolveu-os em discussões teológicas, aceitou seu ministério e apareceu primeiro às mulheres depois de sua ressurreição. Esta igualdade radical é a base para a compreensão dos papéis conjugais à luz dos ensinamentos de Cristo.(III) & Witherington, 1990)

Nosso Senhor também destacou a permanência e a sacralidade do vínculo matrimonial. Quando questionado sobre o divórcio, Jesus remeteu para o plano original de Deus: "Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe" (Marcos 10:9). Este ensinamento sublinha a responsabilidade partilhada do marido e da mulher para nutrir e proteger o seu casamento, trabalhando em conjunto como parceiros iguais na manutenção da sua união. (Keller & Keller, 2011)

Os ensinamentos de Jesus sobre a liderança serva fornecem orientações cruciais para os maridos. Ele ensinou aos seus discípulos: «Quem quiser tornar-se grande entre vós, seja vosso servo» (Marcos 10:43). No contexto do casamento, isto chama os maridos a liderar através do amor e do serviço a si mesmos, em vez de dominar ou controlar. São Paulo expande lindamente esta questão em Efésios, exortando os maridos a «amarem as vossas mulheres, tal como Cristo amou a igreja e se entregou por ela» (Efésios 5:25).(III) & Witherington, 1990)

Para as esposas, a relação de Jesus com a Igreja proporciona um modelo de capacidade de resposta amorosa. O papel da Igreja não é de subserviência, mas de cooperação ativa com a missão de Cristo. Da mesma forma, as esposas são chamadas a apoiar e colaborar com os maridos, levando os seus próprios dons e forças à parceria matrimonial. Não se trata de subordinação, mas de submissão mútua por reverência a Cristo (Efésios 5:21).(III) & Witherington, 1990)

Os ensinamentos de nosso Senhor também enfatizam a importância do serviço e do cuidado mútuos no casamento. O seu lava-pés dos discípulos (João 13:1-17) proporciona uma imagem poderosa do serviço humilde que tanto os maridos como as mulheres são chamados a prestar uns aos outros. No casamento, isso pode significar colocar as necessidades do cônjuge antes das próprias, apoiar o crescimento e o bem-estar um do outro e servir um ao outro no amor.(III) & Witherington, 1990)

Jesus também ressaltou a importância do perdão e da reconciliação em todas as relações, incluindo o casamento. Sua parábola do servo implacável (Mateus 18:21-35) lembra-nos que ambos os maridos e mulheres devem estar prontos para perdoar uns aos outros, assim como foram perdoados por Deus. Este perdão mútuo é crucial para manter a harmonia e o amor na relação conjugal.(Winters, 2016)

Os ensinamentos do nosso Senhor sobre o Reino de Deus têm implicações para os papéis conjugais. Ensinou que, no Reino de Deus, muitas hierarquias mundanas seriam derrubadas: «Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos» (Mateus 20:16). No casamento, isto sugere uma relação de submissão mútua e responsabilidade partilhada, em vez de papéis hierárquicos rígidos.(III) & Witherington, 1990)

Por último, a própria vida de Jesus fornece um modelo tanto para os maridos como para as mulheres. O seu amor perfeito, a sua vontade de sacrificar pelos outros, a sua paciência, bondade e perdão – estas são as qualidades que ambos os cônjuges devem esforçar-se por encarnar nas suas relações mútuas.

Os papéis dos maridos e das mulheres no casamento cristão não são sobre o poder ou o controlo, mas sobre o amor mútuo, o respeito e o serviço. Ambos os cônjuges são chamados a imitar o amor doador de Cristo, a apoiar-se e a elevar-se mutuamente e a trabalhar em conjunto na construção de uma casa que reflita o amor de Deus pelo mundo. Rezemos por todos os esposos, a fim de que encontrem em Cristo a força e a sabedoria para viver a sua vocação de modo a trazer alegria uns aos outros e glória a Deus.

Como Jesus desafiou as normas culturais acerca do casamento em seu tempo?

Jesus elevou a dignidade e o status das mulheres numa sociedade patriarcal que muitas vezes as tratava como propriedade. Falou abertamente com as mulheres, mesmo as de reputação duvidosa, mostrando-lhes respeito e compaixão. Vemos isso lindamente em seu encontro com a mulher samaritana no poço (João 4:1-42). Ao envolvê-la no discurso teológico, Jesus afirmou a capacidade intelectual e espiritual das mulheres numa cultura que muitas vezes lhes negava tal reconhecimento. (McBrien, 1994)

Nosso Senhor desafiou as atitudes predominantes em relação ao divórcio, que muitas vezes deixavam as mulheres vulneráveis e destituídas. Quando questionado sobre o divórcio, Jesus recorreu ao projeto original de Deus para o casamento como uma união ao longo da vida: "O que Deus uniu, ninguém separe" (Marcos 10:9). Este ensinamento protegia as mulheres da demissão arbitrária e enfatizava a natureza sagrada e pactual do casamento. (McBrien, 1994)

Jesus também ampliou o conceito de família para além dos laços biológicos, declarando que «quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mateus 12:50). Esta redefinição radical desafiou a ênfase cultural na linhagem e nas relações de sangue, apontando para um novo tipo de família espiritual unida na fé. (McBrien, 1994)

Os ensinamentos de Cristo sobre o adultério e a luxúria no Sermão da Montanha (Mateus 5:27-30) chamaram os homens a um padrão mais elevado de fidelidade e respeito pelas mulheres. Ao equiparar os olhares luxuriosos com o adultério do coração, Jesus desafiou os homens a assumirem a responsabilidade por seus pensamentos e ações, em vez de culpar as mulheres pela tentação.

Talvez o mais surpreendente seja o facto de Jesus ter afirmado o valor do celibato «por amor do reino dos céus» (Mateus 19:12). Numa cultura em que o casamento e a procriação eram vistos como deveres essenciais, as palavras de Cristo abriram novas possibilidades para o serviço dedicado a Deus fora das estruturas familiares tradicionais. (Hunter, 2007)

De todas estas formas, Jesus desafiou as normas culturais do seu tempo, chamando os seus seguidores a uma visão mais elevada do amor, da fidelidade e do respeito mútuo no matrimónio e na vida familiar. Os seus ensinamentos continuam a desafiar-nos hoje, convidando-nos a examinar as nossas próprias atitudes e práticas à luz do perfeito desígnio de Deus para as relações humanas.

Rezemos pela graça de abraçar a visão radical de amor de Cristo nas nossas próprias vidas e relações, procurando sempre defender a dignidade de cada pessoa como filho amado de Deus.

O que podem os solteiros aprender com os ensinamentos de Jesus sobre o casamento?

Jesus afirma a dignidade e o valor inerentes a cada pessoa, independentemente do estado civil. Aos olhos de Deus, somos todos filhos amados, chamados a uma vida de santidade e de propósito. O nosso valor não é determinado pelo facto de sermos casados ou solteiros, mas pela nossa identidade em Cristo. Como nos recorda São Paulo, «não há judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gálatas 3:28). (Keller & Keller, 2011)

O próprio Jesus, como sabemos, permaneceu solteiro durante toda a sua vida terrena. Este poderoso exemplo demonstra que uma vida de celibato pode ser totalmente dedicada aos propósitos de Deus e rica em amor, relações e significado. Nosso Senhor mostra-nos que a unicidade não é um estado inferior, mas pode ser um chamado especial que permite o foco indiviso no reino de Deus. (Keller & Keller, 2011)

Os ensinamentos de Cristo sobre o casamento sublinham a importância da preparação e do crescimento espirituais. Quando fala de deixar o pai e a mãe para se unirem ao esposo (Marcos 10, 7-8), podemos compreendê-lo como um apelo à fé madura e à identidade em Deus. Os solteiros podem usar este tempo para aprofundar a sua relação com o Senhor, desenvolvendo o carácter e a maturidade espiritual que os servirão bem em qualquer relação futura.(Balch & Osiek, 2003)

Jesus também nos ensina sobre a natureza do verdadeiro amor – altruísta, sacrificial e enraizado no amor de Deus por nós. Quer sejamos casados ou solteiros, todos somos chamados a crescer neste amor divino. Os solteiros têm uma oportunidade única de praticar este amor em diversas relações – com amigos, familiares e ao serviço dos outros. Como nosso Senhor disse: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (João 15:12). (Thomas, 2013)

As palavras de Cristo recordam-nos que o nosso cumprimento final não provém das relações humanas, mas da nossa relação com Deus. Quando fala de ser «como os anjos no céu» na ressurreição (Marcos 12:25), Jesus aponta-nos para a perspetiva eterna. Os solteiros podem abraçar esta verdade, encontrando a sua mais profunda satisfação e identidade no amor de Deus (Thomas, 2013).

É igualmente importante recordar que Jesus nos ensina a viver no momento presente, confiando na providência de Deus. Para a pessoa solteira que pode estar preocupada com o futuro, as palavras de nosso Senhor trazem conforto: «Não vos preocupeis com o amanhã, porque o amanhã se preocupará consigo mesmo» (Mateus 6:34). Este é um convite a viver plenamente no presente, abraçando os dons e as oportunidades únicas desta estação da vida.(Keller & Keller, 2011)

Por último, a formação de uma nova família de discípulos por parte de Cristo mostra-nos a importância da comunidade. Os solteiros podem aprender com este exemplo a construir relações profundas e significativas dentro do corpo de Cristo. Na igreja, encontramos uma família espiritual onde todos são acolhidos e valorizados, independentemente do estado civil.

Rezemos por todos aqueles que são solteiros, para que encontrem alegria e propósito no seu estado de vida, sempre a crescer no amor a Deus e ao próximo. Que confiem no plano do Senhor para as suas vidas, sabendo que n'Ele nunca estamos verdadeiramente sozinhos.

De que forma o estatuto de solteiro de Jesus informa os pontos de vista cristãos sobre o casamento?

O celibato de Jesus demonstra que uma vida sem casamento pode ser plena, significativa e agradável a Deus. Isto desafia a noção, prevalente em muitas culturas, de que o casamento é o único caminho para uma vida completa. O exemplo de Nosso Senhor afirma a dignidade e o valor do Estado único, mostrando que se pode ser totalmente humano e totalmente devotado aos propósitos de Deus sem casar-se (Keller & Keller, 2011).

Ao mesmo tempo, é crucial notar que Jesus não denegriu nem rejeitou a instituição do matrimónio. , afirmou a sua bondade e origem divina, remetendo para o desígnio de Deus na criação (Mateus 19:4-6). A condição de solteiro de Cristo, portanto, não diminui o valor do casamento, mas eleva o celibato como um apelo igualmente válido para alguns. (Keller & Keller, 2011)

Esta visão equilibrada levou a Igreja a reconhecer o matrimónio e o celibato consagrado como vocações – diferentes caminhos de discipulado, cada um com as suas próprias graças e desafios. Como São Paulo articularia mais tarde, ambos os estados de vida podem ser formas de servir ao Senhor com devoção indivisa (1 Coríntios 7:32-35).

O celibato de Jesus também contribui para a nossa compreensão da finalidade do casamento. Ao permanecermos solteiros, nosso Senhor aponta-nos para o cumprimento final do anseio humano apenas em Deus. Isto lembra-nos que, embora o casamento seja um grande bem, não é um bem absoluto. Portanto, o matrimónio cristão não é entendido como um fim em si mesmo, mas como um sinal sacramental que aponta para a união de Cristo e da sua Igreja (Keller & Keller, 2011).

O estatuto de solteiro de Cristo, combinado com os seus ensinamentos sobre ser "eunucos por causa do reino dos céus" (Mateus 19:12), abriu novas possibilidades para compreender o discipulado e o serviço a Deus. Isto inspirou inúmeros homens e mulheres ao longo da história cristã a abraçar o celibato como uma forma de dedicar-se plenamente à obra do Evangelho. (Keller & Keller, 2011)

É igualmente de salientar que a unicidade de Jesus lhe permitiu estabelecer relações profundas e significativas com um vasto leque de pessoas – homens e mulheres, jovens e idosos, ricos e pobres. Este exemplo desafia-nos a olhar para além da família nuclear como o único lugar de intimidade e pertença. Convida-nos a construir uma compreensão mais ampla da família e da comunidade, centrada na nossa identidade partilhada em Cristo. (Keller & Keller, 2011)

O estatuto de solteiro de Jesus também contribui para a nossa visão do reino de Deus. Quando questionado sobre o casamento na ressurreição, nosso Senhor disse que, na era vindoura, as pessoas "não se casam nem são dadas em casamento" (Marcos 12:25). Isto nos lembra que o casamento, enquanto uma bênção nesta vida, é, em última análise, uma instituição temporal. A nossa mais profunda identidade e realização encontram-se não no nosso estado civil, mas na nossa relação com Deus.(Keller & Keller, 2011)

Por último, o celibato de Cristo, livremente escolhido ao serviço da sua missão, recorda-nos que o verdadeiro amor implica muitas vezes sacrifícios. Quer sejamos casados ou solteiros, somos todos chamados a seguir Jesus no amor de doação. Para alguns, isso pode significar abraçar o celibato por causa do reino. Para outros, significa viver o amor sacrificial de Cristo dentro do casamento e da vida familiar.(III) & Witherington, 1990)

Rezemos por sabedoria para discernir o chamado de Deus nas nossas vidas, seja para o casamento ou para o celibato. Lembremo-nos sempre de que, em Cristo, ambos os estados de vida são caminhos para a santidade, formas de participar no amor de Deus e construir o seu reino na terra.

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